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Estudo sobre os efeitos genotóxicos de águas contaminadas por óleo diesel e danio rerio

Por:   •  14/5/2015  •  Projeto de pesquisa  •  3.980 Palavras (16 Páginas)  •  377 Visualizações

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Estudo sobre os efeitos genotóxicos de águas contaminadas por óleo diesel em Danio rerio (Teleostei, Cyprinidae).

Study on genotoxic effects of water contaminated by diesel in Danio rerio (Teleostei, Ciprinidae).

 *Mauricio Sousa Campos

**Fábio Mesquita do Nascimento

Resumo

Vazamentos de petróleo e de seus derivados são fontes comuns de contaminação do ambiente aquático, o que justifica o desenvolvimento de métodos de biomonitoramento para esse tipo de impacto ambiental. Nesse contexto, o presente trabalho se propõe a avaliar, por meio do teste do micronúcleo, o impacto genotoxicológico do óleo diesel sobre o peixe paulistinha (Danio rerio). Para a realização dos ensaios, foi obtida a fração hidrossolúvel do óleo diesel comercial, posteriormente diluída em água desclorificada na proporção de 1:1. Os peixes foram expostos a essa solução em testes de toxicidade estáticos agudos de 24, 48 e 96 horas. Para cada grupo de exposição, foi montado um grupo controle equivalente em água sem contaminante. Após eutanásia e punção branquial de cada peixe, coletou-se sangue para confecção de lâminas de esfregaço fixadas em metanol 100% e coradas com Giemsa 10%. Sob microscópio óptico, em aumento de 1.000x, analisou-se 1.000 eritrócitos por lâmina. Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste exato de Fisher com o auxílio do programa Minitab®. Os peixes expostos à solução de óleo diesel por 24, 48 e 96 horas apresentaram uma quantidade significativa de micronúcleos em seus eritrócitos (p < 0,05). A exposição de 24 horas gerou um porcentual de 0,45% de micronúcleos, a de 48 horas gerou 0,31% e a de 96 horas resultou em um porcentual de 0,39% de micronúcleos. Esses resultados atestam o poder genotóxico do óleo diesel e sugerem que o Danio rerio possa ser útil no biomonitoramento de ambientes aquáticos contaminados por óleo diesel.

Palavras chave: Micronúcleos; Óleo diesel; Danio rerio.  

Abstract

Oil’s leaks and its derivatives are common contamination sources of the aquatic environment, which justifies the development of biomonitoring methods for this type of environmental impact. In this context, the present study has aimed to evaluate, through the micronucleus test, the diesel oil genotoxicologic impact on the fish Danio rerio. For the tests, was obtained the commercial diesel oil water hydrosoluble fraction, subsequently diluted in dechlorinated water in a 1:1 ratio. The fishes were exposed in the solution for acute static toxicity tests of 24, 48 and 96 hours. For each exposure group, an equivalent control group was mounted in the water without contaminant. After euthanasia and branquial punction from each fish, blood was collected for preparation of smears fixed in 100% methanol and stained with 10% Giemsa. Under magnification of 1.000x in an optical microscope, it was examined 1.000 erythrocytes per slide. Data were statiscally analyzed by the Fisher’s exact test with the Minitab software support. Fishes exposed to the solution of diesel oil for 24, 48 and 96 hours showed a significant amount of their micronuclei in erythrocytes (p < 0,05). The exposure by 24 hours has generated a 0,45% micronuclei percentage, by 48 hours has generated 0,31%, and by 96 hours resulted in  0,39% of micronuclei. These results attest that the diesel oil genotoxic power and suggest that the Danio rerio may be useful in the biomonitoring of aquatic environments contaminated by diesel oil.

Key words: Micronuclei, Diesel oil, Danio rerio.

1. Introdução

1.1. Poluição aquática

A poluição é um fenômeno que resulta diretamente de várias atividades humanas, e que afeta negativamente a qualidade ambiental. A lei 6938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (Dou 1981 apud Von Sperling, 20051), considera poluição como uma forma de degradação ambiental que, diretamente ou indiretamente, prejudique a saúde e o bem-estar da população humana e que interfira de modo desfavorável na biota.

Dentre as diversas modalidades de poluição, merece destaque a poluição aquática, uma vez que a água é um recurso vital para a sobrevivência de todas as espécies. Para os grupos humanos em especial, a água também é componente essencial para a implementação de tecnologias, tais como a geração de energia e o transporte de cargas e pessoas.

As reservas hídricas na Terra estão distribuídas em água do mar (97%), geleiras (2,2%) e água doce (0,8%). A água doce de superfície, presente em lagos, córregos e rios, constitui apenas 3% desta pequena parcela de recursos hídricos1. É exatamente essa água de mais fácil acesso a populações humanas que tem sofrido ultimamente com o despejo de uma grande variedade de poluentes químicos.

A descarga acidental ou deliberada de compostos químicos em ambientes aquáticos tem o potencial de alterar a estrutura e o funcionamento de ecossistemas naturais. Uma grande proporção dos contaminantes antropogênicos corresponde a compostos potencialmente genotóxicos e carcinogênicos2, resultantes de atividades industriais urbanas, agrícolas e refinarias de petróleo.

Os impactos ambientais provocados pelas refinarias de petróleo são relativamente comuns, principalmente pelo fato de que o petróleo é um recurso muito utilizado como fonte de energia ou como matéria prima para outros tipos de indústrias3. Esses impactos se devem a derramamentos acidentais de petróleo ou descargas crônicas de combustíveis utilizados nas cidades4. Esses acidentes são preocupantes, uma vez que se constituem em importante fonte de contaminação aquática aguda, promovendo danos significativos nos ecossistemas aquáticos como um todo (Kennish 1992 apud Mattos, 20103).

Dentre os vazamentos já registrados, destaca-se o rompimento do tanque Prestige da costa da Espanha em 2002, onde foram derramadas mais de 60.000 toneladas de óleo diesel. Os efeitos mais dramáticos desse acidente foram observados na região da Galícia (Cajaraville et al. 2006; apud Mattos, 20103). No Brasil também já ocorreram acidentes similares, como o derramamento de 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, em janeiro de 2.000 (figura 1); o vazamento de 4 milhões de litros de óleo nos Rios Barigui e Iguaçu, no estado do Paraná, em julho do mesmo ano; e em novembro de 2004, o vazamento de mais de 6 milhões de litros de diferentes tipos de óleo em Paranaguá (PR). Em todos estes eventos foram observados impactos em diversos ecossistemas4.

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