TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Medicalização Da Vida E Mercantilização Da Saúde

Monografias: Medicalização Da Vida E Mercantilização Da Saúde. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  19/9/2014  •  3.475 Palavras (14 Páginas)  •  4.810 Visualizações

Página 1 de 14

Medicalização da vida e mercantilização da saúde

Por Ceres e Mariana

INTRODUÇÃO

A Medicalização da vida e mercantilização da saúde são assuntos muito amplos e com diversos fatores que levam a ação dos mesmos. No entanto, neste artigo, não procuramos definir o que seja cada um deles e, sim, tentar trazer tópicos que estejam dentro do tema, e contribuam para a constituição de cada tema. É como se déssemos uma pincelada sobre cada um, destacando os itens importantes.

Não nos focamos na história da saúde e doença, pois, desfocaria do tema principal. No entanto, temos consciência de que por anos a doença sempre esteve presente na humanidade e foi combatida de diversas maneiras e olhares em distintas épocas. Momentos em que a doença era tratada como punição para pessoa, destino de vida, cólera divina e já foi muito enfatizada como algo vindo da mitologia e de alguma crença religiosa.

Quando existe a doença, a busca pela cura é algo instantâneo desde que nos entendemos por gente. O que modificou com o avanço da tecnologia foi a maneira de realizar este processo de restabelecimento do corpo. Ou seja, no passado, e até mesmo hoje, eram os sacerdotes, xamãs, feiticeiros e benzedeiros que detinham o conhecimento ancestral e religioso da cura, e que por muitos anos tiveram o estigma de sábios. Afinal, este conhecimento era passado para os membros da família, o que não determina uma constante, já que varia de sociedade para sociedade.

Mas, algo é muito nítido: quem detinha a cura, acaba exercendo um poder, mesmo sem querer, no povo. Justamente por não se ter o mesmo conhecimento a respeito das doenças como atualmente e por que as mesmas foram se modificando, e sendo esclarecidas durante anos.

O grande divisor de águas foi Hipócrates (460-377AC) que conseguiu separar a religião da magia e da filosofia, focando em uma visão racional da medicina, afastando, com isto, a ideia das doenças terem uma causa sobrenatural.

Depois de séculos, até chegar aos dias de hoje, a medicina passou por diversas modificações, mas, duas coisas são evidentes: ela tentou, junto com outros sujeitos sociais, a deixar de lado o conhecimento da medicina natural, passando a ser dominante como forma única de cura, que com ela vieram os remédios e a medicina cartesiana, vigente até hoje. Por último, o olhar do que é cura e doença podem ser discutidos de maneira mais ampla.

Este artigo vem contribuir, um pouco, sobre o assunto referente ao mercado e a indústria de remédios que levou a mercantilizar saúde e doença, pontuando alguns temas como a necessidade de uma junção entre medicina cartesiana com a medicina natural, e destacando alguns pontos como medicalização na infância, rotulação de doenças consideradas mais comuns até a questão de remédios direcionados a beleza e estética.

DESENVOLVIMENTO

Quando se fala sobre mercantilização de medicamentos é necessário, depois de explicar do que se trata, abordar as principais questões que acreditamos envolver este tema com a situação da sociedade atual. Com o avanço tecnológico e a necessidade do ser humano em se manter vivo e saudável, a indústria farmacêutica acompanhou essas solicitações e foi muito mais além, acabou transformando a doença em uma renda de capital. Ou seja, a sensação que se tem é de que quanto mais doente uma população esteja, mais lucro os laboratórios e empresas da área acabam tendo.

Ganha-se mais dinheiro adoecendo o homem do que o educando com conhecimento dos tratamentos naturais existentes, mais conhecidos como medicina alternativa, e o reeducando com uma visão mais holística de pensamento e conduta de vida. Barros (2009) relembra este pensamento, enfatizando o termo “vender doença”: “um corolário desse raciocínio nos induz a refletir,(...) fazendo-nos pensar no estabelecimento de uma mui tênue linha divisória criada entre o “sadio” e o “doente”, ampliando-se a abrangência de definição de determinadas patologias, nelas se enquadrando um número maior de “enfermos” (Maynihan, 2007). Diferentes situações que arrumem crescente atenção pelo fato de virem sendo instrumentalizadas com o propósito de “vender doenças”, terminam por transformar a todos em “pacientes”, isto é, potenciais consumidores de farmácias”.

A medicina tradicional, também conhecida como cartesiana, tem dividido o corpo humano em parte e as tratando separadamente, dando a ideia de que somos máquinas, como se estivéssemos formados por peças. Então, se uma “peça” (alguma parte do corpo humano) não funciona como se deve, estando em equilíbrio conforme a singularidade de cada ser, ou se trata individualmente ou se troca, e em muitos caso se retira totalmente, sem observar o ser humano como um todo.

Com isto, a medicina acabou rotulando os sintomas das doenças e aplicando remédios e “soluções” conforme a doença que a pessoa tenha. Por exemplo, é como se existisse um grande armário com diversas gavetas. Conforme se tenha uma doença, o médico abre um gaveta de determinada doença e nela tivesse diversos remédios a se usar para a cura.

Esta mecanização do corpo humano é um ponto totalmente desconstruído pela “medicina alternativa” onde enxerga um interligação entre os órgãos do corpo e o estado psicológico da pessoa. Vê o ser humano de maneira holística. Não encara a doença como algo ruim e sim um desequilíbrio da essência de cada ser humano. Desfoca da doença e da sensação de morte, e passa a oferecer ao indivíduo uma maneira de se curar embasada nas técnicas naturais.

Durante anos, estas técnicas foram abafadas, ou descreditadas, com o surgimento o surgimento de algumas drogas, justamente por possuírem em sua fórmula a rapidez para a cura, porém, as sociedades não se dera conta que elas acabam viciando o organismo e, em muitos casos, não tendo mais efeito. Neste processo, outro remédio acaba sendo direcionado.

A medicalização de crianças é um ponto a ser discutido e observado nos dias atuais, onde a procura e oferta de medicamentos estão cada vez mais intenso. A criança ainda não tem o discernimento do que de fato faz ou não bem à sua própria saúde, ficando muitas vezes aos cuidados de pessoas inexperientes ou que agem de má fé. Simonetti (2011) chama a atenção para o fato do medicamento constitui um sintoma da modernidade, tendo uma alta valorização da cultura atual e engendrando processos por vezes perversos, tais como medicalização da vida e a mercantilização da saúde. A medicalização da vida é “a tendência de enxergar cada vez mais características humanas como objetos

...

Baixar como (para membros premium)  txt (22.7 Kb)  
Continuar por mais 13 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com