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O Alimento Proteico Hidratado

Por:   •  7/10/2021  •  Artigo  •  1.337 Palavras (6 Páginas)  •  172 Visualizações

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AL-KAHLIL

Alimento Proteico Hidratado

Tópico dedicado ao amigo meliponicultor Kahlil Pereira França e a todos os que se dedicam à preservação e à valorização

(Melipona subnitida).  

 

Alimento larval simulado. Melíponas e abelhas Apis compartilham muitas semelhanças, mas também muitas diferenças. E uma das diferenças notáveis está na composição do alimento larval. O alimento larval das melíponas é muito diferente e com menor teor proteico que a geleia real. E quem necessita do alimento larval? Basicamente larvas. O alimento larval é regurgitado pelas nutrizes: nutrizes são operárias em sua fase inicial de trabalho, responsáveis pela nutrição das larvas. Esse alimento larval é composto por 40-60% de água, 5-12% de açúcares, 1,119,4% de proteínas e 0,2-1,3% de aminoácidos livres[1] (HARTFELDER & ENGELS, 1989). Os mesmos autores do estudo apontam que além dos “componentes solúveis em água”, o alimento larval também contém pólen, na proporção de 15% a 30%.  [pic 1]

 Ou seja, o alimento larval contém água, açúcares oriundos do pólen e do mel, proteínas oriundas da assimilação do pólen, mas também proteínas com ação enzimática produzidas pelas nutrizes e, finalmente, aminoácidos livres oriundos da própria digestão do pólen por ação enzimática. Esse mesmo pólen é pólen fermentado? É pólen recém-coletado?  

 Os teores proteicos variam muito, entre gêneros e espécies. Não há como uniformizar um alimento larval único.  

 Os estudos citados do Prof. KLAUS HARTFELDER, especificamente em relação ao alimento larval da Mandaçaia, Melipona quadrifasciata, apontam uma composição de 573,3 miligramas por grama de água, 64,3 miligramas por gramas de açúcares, 1,1 miligrama por grama de proteínas e 2,1 miligramas por grama de aminoácidos.  

 A constatação do Prof. Emérito da Universidade de Hokkaido, Shoichi Francisco SAKAGAMI[2] é importante: em todas as espécies de abelhas nativas sem ferrão (ANSF) as células de cria são totalmente provisionadas com alimento larval exatamente antes da oviposição e são fechadas imediatamente depois.  

 E soma-se a observação do Prof. Hartfelder no trabalho já citado: as operárias provisionam as células de cria com grandes quantidades de uma dieta que pode ser facilmente assimilável pela larva e que quase não matura (ou envelhece) durante o longo tempo de armazenagem na célula de cria. Respondendo à pergunta, sobre qual espécie de pólen vai integrar o alimento larval, o mais plausível é: o pólen integralmente fermentado, com pH baixo, capaz de suportar o período de desenvolvimento larval sem se alterar.  

 MENEZES et alii[3], tratando dos problemas relacionados à carência de pólen apontam que quando há maior disponibilidade de recursos alimentares, a rainha aumenta a frequência de postura resultando no crescimento da colônia que, por sua vez, reflete em um aumento nas atividades das operarias (NOGUEIRA-NETO, 1997). Por outro lado, em situações de estresse, com pouca disponibilidade de recursos alimentares, ocorre deficiência proteica, o que interfere no desenvolvimento da glândula hipofaringeana de operárias responsáveis pela produção de alimento larval (PENEDO et al., 1976; ZUCOLOTO, 1975; TESTA et al., 1981; Fernandes da Silva et al., 1993). Estudos indicam que nessas circunstâncias as colônias diminuem a quantidade de alimento larval fornecido às larvas, diminuindo o tamanho dos indivíduos produzidos. Consequentemente, a disponibilidade de pólen é fundamental para desenvolvimento da colmeia e aumento da população (Ramalho et al. , 1998; Menezes, 2010).

         É um ciclo vicioso:

  1. sem disponibilidade de pólen não há produção de pão de abelhas

(bee bread);

  1. sem pólen fermentado não há alimento larval;
  2. sem alimento larval suficiente não surgirão abelhas com porte adequado, diminuindo sua carga de pólen, quando exercerem a função de campeiras;  
  3. sem alimento larval não há desenvolvimento adequado das glândulas hipofaringeanas (as mesmas que produziriam enzimas para digestão do pólen e que integrariam o alimento larval);  
  4. sem alimento larval há interrupção de postura;  
  5. sem postura acabam-se as nutrizes e sem nutrizes não há armazenamento de alimento larval, nem processamento deste.  

 Mas, o ponto fundamental do equívoco da alimentação fornecida às abelhas reside na desconsideração do papel relevante da água. Alimento larval, tomando-se como referência o da Melipona quadrifasciata, tem 57,33% de água. Sua consistência será pastosa, jamais seca. Portanto, se as abelhas não tiverem acesso à água, não existirá alimento larval.

 A figura, portanto, do bombom de pólen, não prescinde do mel e da água para a produção, pelas nutrizes, de alimento larval. Mel, sim, como fonte dos açúcares do alimento larval. E a água provirá tanto do mel, como de coleta específica pelas campeiras.  

 Os trabalhos de FERREIRA, ALMEIDA, MARACAJÁ & CAVALCANTI[4] apontam teores de umidade de 27,63% para o mel da Melipona asilvai, de 18,3% para Melipona scutellaris e de 23,2% para a Melipona subnitida. Porém existem espécies com teores de umidade maiores, especialmente entre as melíponas amazônicas. A

Melipona quadrifasciata tem teores de umidade entre 27,2%[5] no Maranhão e 34,0% em

São Paulo[6] . Isto mostra que o mel de Melipona também é um estoque relevante de água, para a produção de alimento larval.  

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