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O Lado Subjetivo Do Processo Projetual Arquitetônico

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Por:   •  11/11/2013  •  1.813 Palavras (8 Páginas)  •  645 Visualizações

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Universidade do Porto – UP

Faculdade de Belas Artes – FBAUP

Psicologia da Arte

Prof. Dinis Cayolla Ribeiro

Acadêmica: Gabriela Baby Braga

Tema: O lado subjetivo do processo projetual arquitetônico

“A arquitetura é um fato de arte, um fenômeno de emoção, fora das questões de construção. A construção é para sustentar; a arquitetura é para emocionar” Le Corbusier (citado em Stroeter, 1980, p.117)

A arquitetura ainda não encontrou o seu papel, alguns a definem como arte, outros como ciência e há quem diga que a arquitetura pode ser ambos. Independentemente destas discussões sobre o que é arquitetura, o fato é que durante a fase de concepção arquitetônica há um momento de tomadas de decisões, onde o processo lógico sozinho não é capaz de resolver toda a problemática. Talvez seja durante este momento conduzido pela subjetividade que o projeto ganhe forma e distinção entre tantos outros projetos.

Quando um projeto de arquitetura é proposto pelo professor numa classe de arquitetura ou em um concurso, por mais que o tema, a definição do programa de necessidades, os critérios e exigências sejam as mesmas, dificilmente um projeto será igual ao outro. O objetivo deste trabalho é investigar se esta multiplicidade de resultados estaria relacionada ao lado subjetivo e emocional de seus autores e de que forma as experiências pessoais de cada arquiteto podem interferir em seu trabalho. Procurando uma resposta a estas questões irá recorrer-se a definições conceituais propostas por diversos autores, alguns referentes ao campo da arquitetura e outros ao da psicologia. Pretende-se desta forma estabelecer uma relação entre ambos, que possa ser útil para entender o processo criativo no projeto de arquitetura e se seria este, o único responsável pela multiplicidades de respostas a um problema.

O processo projetual arquitetônico requer um conhecimento multidisciplinar, abrangendo contextos humanísticos, técnicos e ciências exatas. Sobre o processo projetual agem fatores externos e internos. Os internos são os aspectos relativos aos indivíduos (conhecimento, experiências, habilidades), já os externos referem-se ao contexto (programa de necessidades, legislação, condições físico-ambientais, tecnológicos e socioeconômicos culturais).

A projeção arquitetônica é um processo complexo que pode ser organizada através da utilização de métodos de controle e planejamento do processo cognitivo. Lang (1) afirma que a metodologia de projeto, como um procedimento organizado para transportar o processo de criação a certo resultado, procura racionalizar as atividades

criativas e apoiar o projetista para a solução de problemas cada vez mais complexos, uma vez que a tomada de decisão significa escolher um curso de ação entre muitas possibilidades. As metodologias de projeto que auxiliam o processo criativo podem ser vistas como abstrações e reduções utilizadas para compreender o fenômeno projetivo.

Em sua definição de abstração, Jung inclui quatro funções psicológicas complementares: sensação, intuição, percepção e pensamento. A abstração opera em uma destas funções quando exclui a influência simultânea das outras funções e outras irrelevâncias, como as emoções. Ou seja, durante o processo criativo do projeto arquitetônico, as soluções são visualizadas através de imagens mentais ou abstrações que podem atuar tanto pelas sensações, intuição, percepção ou pensamento. É nesta fase que pode ser identificado o conceito de arquétipo criado por Jung, o qual identifica os fatores e motivos que coordenam elementos psíquicos no sentido de determinadas imagens, que conformam o mundo cognitivo do indivíduo. No universo da cognição estarão registradas, de forma acumulativa, as experiências resultantes da vivencia do homem no mundo.

Rego (2) busca relacionar o processo de projeção com as fases estabelecidas pelos psicólogos para caracterizar os processos criativos. Segundo ele, é possível identificar, nas etapas definidas para o processo ou método de projeto, as mesmas características das fases estabelecidas pelos psicólogos para o processo criativo (como preparação, incubação e verificação), que são caracterizadas como etapas de análise, síntese e avaliação nas abordagens sobre métodos e processos projetuais.

Embora não haja nenhum texto específico de Freud sobre o processo de criação artística, são vários os textos nos quais Freud faz referência ao artista, a obra e ao público. Ele procurou elucidar a atividade psíquica por meio da técnica utilizada pelo artista, para explicar como e por que a obra de arte nos comove. O tema sobre o processo de criação artística pode ser evidenciado, sobretudo nos textos em que trata de pulsão sublimada. A arte pode ser entendida como expressão da moção pulsional, e a sublimação como um mecanismo psíquico que propicia o artista empreender um processo de criação.

A pulsão pode ser entendida como uma espécie de energia que impulsiona o artista para a criação. Durante o processo de criação, o artista está consciente do fazer artístico, porém está sofrendo interferência do inconsciente, pois seu ego está sob o domínio do prazer, buscando satisfação pulsional. Quando a energia pulsional entra no aparelho psíquico, gera nele uma tendência a produzir um trabalho denominado moção pulsional. Segundo Freud, a pressão exercida pela moção pulsional no aparelho psíquico não pode ser eliminada mediante a fuga, mas somente por meio da ação específica, ou seja pela legitimação do ato criativo. (3)

Freud associa o ato criativo à sublimação, embora este conceito permaneça oscilante entre um significado relacionado à transformação da pulsão sexual em dessexualizada e outro significado, ligado à criação de objetos valorizados culturalmente, não precisando destituir-se de sua satisfação erótica.(4) No processo de criação arquitetônica, assim como na arte, o conceito de sublimação pode ser entendido como a concepção de um objeto de valor cultural, para satisfazer ou gerar prazer para o seu autor.

Perdigão identifica no conjunto das representações espaciais envolvidas no processo de projeto, além do espaço geométrico e topológico a incorporação também do espaço pulsional, apoiado no conceito de pulsão de Freud, como um fenômeno somático-energético. A dimensão afetiva da arquitetura estaria expressa no espaço pulsional orientando a prática projetual por meio da equivalência com imagens mentais, objetos do desejo e histórias pessoais dos usuários, estimulando associações,

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