Como se Dá a Iniciação no Futebol Feminino?

Giovanna Morandim Rodrigues da Silva

Tema: Como se dá a iniciação no futebol feminino?

Introdução

Este trabalho tem como objetivo pesquisar como se dá a iniciação no futebol feminino, dando enfoque no treinamento misto feito desde a infância, por ser a única circunstância em que as meninas realmente podem dar os primeiros passos na modalidade, além de verificar como isso influencia no desenvolvimento físico e técnico das meninas durante o jogo.

Assim, torna-se imprescindível realizar este estudo, pois é possível notar alguns pontos e questionamentos importantes para o desenvolvimento da modalidade. Existe estrutura para o futebol feminino no Brasil? Esta é suficiente para dar suporte para as 8 milhões de mulheres que praticam essa modalidade? Por que não existem escolinhas de futebol voltadas apenas para as meninas? O quanto o preconceito pode influenciar nessa falta de estrutura e apoio?

Se não existe apoio para o futebol feminino, não existe estrutura, e se esta não existe, consequentemente, não há desenvolvimento para as atletas. Dessa maneira, as meninas que transpõem as inúmeras barreiras e vencem o preconceito acabam encontrando uma única saída para praticar a modalidade: jogar no meio dos meninos.

Mas por que jogar com os meninos acaba sendo a única saída para as meninas que gostam e querem praticar o futebol? Porque esse esporte, desde sempre, é uma modalidade masculina, voltada única e especificamente para os meninos. “Sobre meninos, mesmo antes de nascer, já recai toda uma expectativa de segurança e altivez de um macho que vai dar sequência à linhagem. Na porta do quarto da maternidade, os pais penduram uma chuteirinha e uma camisa da equipe de futebol para o qual torcem. Pouco tempo depois, dão-lhe uma bola e o estimulam aos primeiros chutes. Um pouco mais tarde, esse menino começa a brincar na rua (futebol, pipa, subir em árvores, carrinho de rolimã, skate, bolinha de gude, bicicleta, taco, etc), porque, segundo as mães ficar em casa vai atrapalhar. (DAOLIO, 2006, p. 76). ‘’ Já quando nascem as meninas, cria-se uma expectativa de uma princesa, delicada.’ As meninas ganham de presente, em vez de bolas, bonecas e utensílios de casa em miniatura. Além disso são estimuladas o tempo todo a agir com delicadeza e bons modos para não se sujarem e não suarem. Portanto devem ficar em casa, a fim de serem preservadas das brincadeiras “de menino” e ajudarem as mães no trabalho doméstico, que lhes serão úteis futuramente, quando se tornarem esposas e mães. (DAOLIO, 2006, p. 76-77).”

Exemplificando com um caso que repercutiu recentemente, cita-se o da jogadora de futebol Andressa Alves, atual jogadora do Roma. Ela conta que, assim como Sissi e Cristiane, sempre ganhava de presente bonecas, e nunca uma bola de futebol como sempre quisera. A única saída encontrada foi usar a cabeça das bonecas como bola, resultando numa iniciação na infância dificultada pelos preconceitos e estereótipos impostos pela sociedade.  

Os discursos da eugenia afirmavam que a mulher deveria se dedicar à maternidade e contribuir para a geração de uma “nova raça”. Dessa forma, a mulher era proibida de praticar esportes que pudessem prejudicar sua saúde (MOURA, 2003).”

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