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PERFIL DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS POR ADOLESCENTES ESCOLARES

Por:   •  14/9/2016  •  Relatório de pesquisa  •  4.863 Palavras (20 Páginas)  •  470 Visualizações

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PERFIL DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS POR ADOLESCENTES ESCOLARES

 Resumo

 O álcool, substância psicoativa prejudicial à saúde, tem sido aceito e consumido amplamente pela sociedade, e de forma precoce. A realidade brasileira contemporânea vem demonstrando um número elevado de adolescentes que consomem bebidas alcoólicas de maneira rotineira e, neste momento, seus agravantes começam a ser evidenciados; logo, a relevância em se contextualizar acerca desta temática referindo a faixa etária adolescente. O estudo tem como objetivo verificar o perfil do consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes escolares do ensino médio de um colégio da rede pública, em uma cidade do interior da Bahia. Trata-se de estudo descritivo, com abordagem quantitativa, realizado com 98 estudantes, dos sexos masculino e feminino, sendo utilizado para coletar os dados um questionário estruturado, que foi analisado com o auxílio de estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – campus de Jequié- BA, sob parecer nº 179/2009. Notou-se que maioria dos adolescentes já consumiu bebidas alcoólicas, e de forma precoce, com mínima diferença entre o sexo masculino e o feminino. Vários desses continuam consumindo em excesso e com frequência, havendo influências de amigos, familiares e mídia. Conclui-se que é preciso inserir na escola propostas metodológicas educacionais que discutam o uso precoce e exagerado dessa droga, abordando, principalmente, fatores de risco e possíveis complicações biopsicossociais Palavras-chave: Adolescente; Consumo de Bebidas Alcoólicas; Abuso de álcool; Saúde escolar.

Introdução

 A adolescência é um período crítico na vida de cada indivíduo, pois, nesta fase, o jovem vivencia descobertas significativas, afirmando sua personalidade e individualidade. Caracterizar a adolescência somente como faixa etária seria uma maneira muito simplista de observá-la, uma vez que ela compreende a transformação do jovem até a idade adulta, não apenas sob o ponto de vista biológico, mas também social e, principalmente, psicológico. A Lei nº 8.069/1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, diz que é considerado adolescente aquele indivíduo entre 12 e 18 anos de idade. O álcool, uma droga lícita, é considerado substância perigosa e prejudicial ao organismo; mesmo assim, o ato de beber é amplamente tolerado pela sociedade. Inúmeras pessoas ficariam indiscutivelmente estagnadas e indignadas com alguém que, por exemplo, injetasse heroína em público; mas aceitam tranquilamente o consumo de bebidas alcoólicas em eventos esportivos, festas, almoços de negócios e jantares com amigos; e muitos nem consideram essa bebida uma droga. Alguns pais expressam alívio quando descobrem que seus filhos adolescentes estão “apenas bebendo”, mesmo considerando que os levantamentos mostram que é na adolescência que se encontra o maior índice de abuso de bebidas alcoólicas. Existe outro lado do uso do álcool: esta droga é responsável por vários danos individuais e sociais. O álcool é a segunda maior causa de mortes relacionadas a drogas no Brasil. Na maior parte dos países, o álcool tem um impacto ainda mais elevado em termos de mortes, ferimentos e custos econômicos, se comparado com as drogas ilícitas. Inúmeros são os impactos decorrentes do uso dessa substância, em todos os grupos etários, de maneira direta ou indireta. Qualquer política abrangente e significativa de saúde pública precisa ter como prioridade maior a mudança quanto às quantidades de álcool consumidas, aos padrões de consumo e aos danos subsequentes. Referindo-se ao consumo de álcool por adolescentes, é válido lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe a venda de qualquer tipo de bebida alcoólica para menores de 18 anos. O motivo disto é que o uso dessa droga pode levar ao alcoolismo, uma doença grave que atinge 12,3% da 22 Anjos KF et al. Rev.Saúde.Com 201 2; 8(2): 20-31. População brasileira com idade entre 12 e 65 anos. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, a taxa de alcoolismo é de 7,0%. Observemos que esta porcentagem representa cerca 554.000 jovens com sérios problemas sociais e de saúde. O uso abusivo de álcool consiste numa problemática atual e, por conseguinte, tem sido atualmente objeto de estudo de diversas áreas de conhecimento. Falar do consumo de bebidas alcoólicas, tendo ênfase em consumidores cada vez mais jovens, significa dizer que isto é um grande problema de Saúde Pública no País; afinal, quanto mais precoce for o uso dessa substância, mais cedo se terá uma “sociedade doente”. Estima-se que quase dois bilhões de pessoas, em todos os continentes, consomem bebidas alcoólicas, e cerca de 76,3 milhões convivem com um quadro constante de desordens relacionadas ao consumo dessas bebidas. Isso constitui uma carga social e econômica considerável sob a perspectiva da saúde pública. Vale ressaltar, ainda, que a população brasileira encontra-se entre os maiores consumidores de álcool do mundo, com uma média anual de, aproximadamente, nove litros de álcool absoluto entre indivíduos maiores de 15 anos de idade. É preciso que os profissionais de saúde tenham uma percepção mais aguçada no sentido de identificar os vários fatores desencadeantes de agravos à saúde que venham interferir na qualidade de vida da população – entre estes fatores, encontra-se o uso indiscriminado do álcool –; apenas dessa maneira é que será possível implementar uma assistência preventiva junto aos indivíduos – principalmente entre os adolescentes, que têm começado a ingerir bebidas alcoólicas cada vez mais precocemente. A iniciativa da pesquisa em referir como público alvo os adolescentes justifica-se pela existência de elevado número de indivíduos desta faixa etária que consomem, em excesso e/ou com frequência, bebidas alcoólicas, como está explícito no cenário brasileiro contemporâneo. Assim, é necessária a busca de possíveis desencadeantes que envolvam a prevalência dessa substância psicoativa, principalmente na referida faixa etária. Esta pesquisa é relevante, uma vez que enfatiza um atual problema de saúde pública existente numa sociedade jovem: o consumo de álcool. O intuito deste estudo é acrescentar diferentes ideias sobre a temática, de forma que tanto as equipes de saúde quanto os envolvidos no processo educacional desses indivíduos possam contribuir para que esta triste realidade seja modificada, proporcionando uma melhor qualidade de vida a esses adolescentes, tanto no presente como no futuro. O estudo tem como objetivo verificar o perfil do consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes escolares do ensino médio de um colégio da rede pública, em uma cidade do interior da Bahia. Materiais e Métodos Foi adotado o delineamento de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa. O local de investigação foi uma escola pública estadual, situada em um município do interior da Bahia. A população foi composta por 23 Rev.Saúde.Com 201 2; 8(2): 20-31. Perfil do consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes estudantes do 3º ano do ensino médio. A coleta de dados ocorreu no ano letivo de 2011, com todos os concluintes matriculados, caracterizando-se, assim, como censo. A escolha da referida escola foi motivada pelo fato de a mesma localizar-se em um bairro que possui diversos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas. Os critérios de inclusão dos pesquisados foram: estar o aluno matriculado regularmente na escola, ser concluinte do ensino médio e ser adolescente. Utilizaram-se como critérios de exclusão os escolares matriculados irregularmente e os que expressassem o desejo de não participar do estudo. Foram investigados 98 estudantes, com faixa etária entre 14 e 18 anos de idade, tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino, pertencentes a seis turmas dos turnos matutino e vespertino. Para a coleta de dados foi utilizado, de maneira individualizada, um questionário estruturado, previamente testado, elaborado pelos autores, auto preenchido, com variáveis relacionadas ao uso/abuso de bebidas alcoólicas. A sua elaboração utilizou o modelo de instrumento validado pelo Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), utilizado no segundo levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil – estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país; isso no intuito de contemplar o objetivo da pesquisa e a população alvo de investigação. O questionário foi respondido pelos escolares, cujos dados foram tabulados, analisados e descritos nos resultados. O instrumento de coleta de dados foi aplicado pelos autores, sendo realizado um procedimento sistemático, em etapas sucessivas. Inicialmente, foi concedida a permissão para realização da pesquisa pela direção do colégio, que assinou um documento permitindo a investigação. Na sequência, realizaram-se esclarecimentos ao estudantes sobre o estudo e a entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo os alunos orientados a pedir autorização aos pais ou responsáveis legais, caso concordassem em participar da pesquisa. Uma semana depois, momento agendado com os escolares, os pesquisadores voltaram à escola para recolhimento do TCLE assinado. Em seguida, deu-se início à aplicação dos questionários, que ocorreu de forma coletiva, nas próprias salas de aula. Foi feita a organização do ambiente de pesquisa. Solicitamos aos professores que mantivessem uma adequada distância entre eles e os alunos, a fim de que estes não ficassem constrangidos no momento do preenchimento dos questionários. Solicitamos aos pesquisadores uma supervisão atenciosa e sigilosa, além de respeito ao distanciamento adequado entre pesquisador e escolares. Aos alunos foi solicitada a deposição dos questionários respondidos em caixa lacrada, garantindo, assim, o anonimato e o sigilo dos participantes da pesquisa. Os dados foram organizados em banco de dados eletrônico, em planilha do Microsoft Office Excel – versão 2003. Posteriormente, os dados foram processados e analisados, com o auxílio de estatística descritiva, correlacionando-os com variáveis quantitativas, a partir da associação de sexo, tipo e quantidade de bebida alcoólica, periodicidade e influência social. O estudo teve início após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – campus de Jequié-BA, sob 24 Anjos KF et al. Rev.Saúde.Com 201 2; 8(2): 20-31. Protocolo nº 179/2009, obedecendo ao que preconiza a Resolução CNS nº 196/1996, que estabelece as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos.

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