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O Projeto de Pesquisa Voz

Por:   •  26/4/2022  •  Projeto de pesquisa  •  4.027 Palavras (17 Páginas)  •  167 Visualizações

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Correlatos Acústicos e Perceptivos da Qualidade Vocal em Crianças com Síndrome de Down

Larissa Carvalho Ferreira

Orientadoras: Profª Drª Mara Suzana Behlau e Profª Drª Lívia Lima Ribeiro

Resumo:

          A maioria dos indivíduos com síndrome de Down possui alguma dificuldade na comunicação oral e podem apresentar emissão com marcadores vocais característicos. Em termos perceptivo-auditivos observa-se mais soprosidade, tensão e nasalidade. Os marcadores acústicos estão relacionados a frequência fundamental reduzida, medidas de perturbação e avaliação do ruído mais altas e diminuição da distinção entre as vogais. Os sintomas vocais ainda são pouco explorados nessa população e a sua compreensão poderá ajudar no direcionamento de conduta e intervenção. Objetivo: Analisar as medidas acústicas, jitter, shimmer e a correlação entre elas, a proporção GNE, realizar a análise perceptivo-auditiva e mensurar os sintomas vocais de crianças com Síndrome de Down (SD). Método: Estudo quantitativo, transversal, prospectivo. A amostra será composta por 48 participantes, sendo 24 crianças SD, pais e filhos responderão ao QSV-P, as vozes serão analisadas pela escala GRBASI e pelo Diagrama de Desvio Fonatório do software VoxMetria. A análise de dados será feita por meio de testes estatísticos específicos para testar a correlação entre os dados da análise acústica, da avaliação perceptivo-auditiva e da autoavaliação vocal.

Descritores: Voz, Síndrome de Down, Disfonia, Criança, Pais, Distúrbios da Voz, Questionários

Introdução:

           A Síndrome de Down (SD) é o distúrbio de deficiência intelectual mais conhecido, com frequência de um em aproximadamente 700 nascimentos no mundo todo e foi descrita em 1866 pelo médico britânico Langdon Down (ANTONARAKIS, 2016). É uma condição genética humana resultante da trissomia do cromossomo 21, da qual a alteração mais frequente corresponde a trissomia livre do 21, configurando cerca de 95% dos casos, os outros 5% incluem translocação ou duplicação cromossômica, além da ocorrência de mosaicismo em alguns pacientes (ANTONARAKIS, 1991).

          O diagnóstico clínico é realizado, geralmente, no nascimento devido aos achados fenotípicos característicos da síndrome, que incluem hipotonia, baixa estatura, braquicefalia, fissuras palpebrais oblíquas, nariz pequeno com ponte nasal deprimida, tendência a manter a boca aberta e língua protuberante, hiperflexibilidade das articulações, pescoço curto, vinco palmar único e clinodactilia do quinto dedo. Em torno de 40% têm cardiopatia congênita, entre outros achados (BRAVO et al., 2012).

          A SD é uma das causas mais frequentes de deficiência intelectual, abrangendo cerca de 18% do total de deficientes intelectuais em instituições educacionais especializadas e centros de reabilitação no Brasil (GUSMÃO; TAVARES; MOREIRA, 2003). Indivíduos com SD possuem limitações de aprendizagem, de desenvolvimento de cognitivo e habilidades sociais, como a linguagem (BISSOTO, 2005). Os efeitos limitadores específicos da patologia são generalizados a todas as áreas de atividade infantil (SIGAUD; REIS, 1999).

          A linguagem é uma característica essencial da vida humana, é o traço distintivo mais marcante da nossa espécie. A voz, desempenha um papel de extrema relevância nesse contexto, na medida que atravessa a expressão emocional e linguística do indivíduo, estabelece-se como veículo de inter-relação com o meio e com o outro.

          Através da voz, pode-se identificar a idade, o gênero e a emoção contida na fala. A postura vocal do indivíduo indica traços de desenvolvimento físico, psicológico e sociocultural. Alterações vocais podem causar distorção na compreensão da mensagem pelo ouvinte (BEHLAU, 2001).

          Distúrbios de voz podem ter um efeito negativo no potencial comunicativo dos indivíduos (SCHÖLDERLE et al., 2016). Crianças e adolescentes que consideram suas vozes disfônicas, demonstram raiva, tristeza e frustração, afetando negativamente a qualidade de vida relacionada à voz (CONNOR et al., 2007).

          A maioria dos indivíduos com Síndrome de Down possui alguma dificuldade na comunicação oral e podem apresentar características vocais incomuns, causando prejuízo social (PENTZ; GILBERT, 1983).

          Algumas das características anatômicas são: abóbada palatal tipicamente alta, língua grande, hipotonia geral e crescimento laríngeo reduzido (ALBERTINI et al; 2010).  Em comparação com vozes na população em geral, crianças com SD, apresentam mais soprosidade, rugosidade e nasalidade (MONTAGUE; HOLLIEN, 1973). Também apresentam frequência fundamental reduzida, medidas de perturbação e avaliação do ruído mais altas, diminuição da distinção entre as vogais e alterações de ressonância (MOURA et al; 2008). Pouco se sabe sobre os sintomas vocais nessa população e por isso, o uso de instrumentos de autoavaliação e avaliação parental podem fornecer dados relevantes para a melhor compreensão e condução da disfonia em indivíduos com SD.

          Pesquisas adicionais são necessárias para confirmar os achados na população mais ampla de Síndrome de Down e para avaliar as relações entre qualidade de voz e medidas fisiológicas (CUNNINGHAM; WHITESIDE, 2017).

Hipótese:

Crianças com SD apresentam marcadores vocais específicos identificados na análise perceptivo-auditiva (APA), Diagrama de Desvio Fonatório compatível com desvios de jitter, shimmer e ruído glótico, e sintomas vocais acima do esperado para crianças vocalmente saudáveis, sendo estes mais percebidos pelos pais do que pelo próprio indivíduo. Espera-se força de correlação variável entre os achados da APA, acústica e autoavaliação.

Objetivo: 

          Analisar a relação entre as medidas acústicas, análise perceptivo-auditiva e sintomas vocais de crianças com Síndrome de Down atendidas na Associação Pestalozzi de Rio Verde - Goiás.

Objetivos específicos:

          Analisar quatro parâmetros acústicos das vozes de crianças com Síndrome de Down, jitter, shimmer e a correlação entre eles, e a proporção sinal glótico/ruído excitado (GNE – glotal to noise excitation ratio), através do Diagrama do Desvio Fonatório (DDF), do programa Voxmetria da CTS Informática (PIFAIA; MADAZIO; BEHLAU, 2013).          

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