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Artigo de Revisão sobre Sepse

Por:   •  6/6/2018  •  Projeto de pesquisa  •  6.127 Palavras (25 Páginas)  •  394 Visualizações

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Sepse: uma visão atual

Sepsis: current aspects

Caroline Schwartz Henkin1

Juliano Cé Coelho1

Mateus Chiss ini Paganella1

Rodrigo Morais de Siqueira1

Fernando Suparregui Dias2

1 Acadêmicos da Faculdade de Medicina da PUCRS.

2 Professor da Faculdade de Medicina da PUCRS. Chefe da UTI Geral do Hospital São Lucas da PUCRS.

RESUMO

Objetivos: esta revisão tem por objetivo discutir a epidemiologia, os mecanismos fisiopatológicos, os critérios diagnósticos e o tratamento da sepse em adultos.

Fonte de dados: a pesquisa foi feita a partir dos descritores sepse, sepse grave e choque séptico, através da base de dados PubMed/Medline.

Síntese dos dados: a sepse resulta de uma complexa interação entre o microorganismo infectante e a resposta imune, pró e anti-inflamatória e pró-coagulante do hospedeiro. A resposta do hospedeiro e as características do organismo infectante são as principais variáveis fisiopatológicas da doença. Seu tratamento sofreu profundas e significativas modificações na última década, principalmente a partir de uma campanha mundial, Surviving Sepsis Campaign, onde se estabeleceu uma rotina padrão para o atendimento desses pacientes. As medidas para o manejo da sepse grave incluem ressuscitação inicial, identificação do agente infeccioso, antibioticoterapia, controle do foco de infecção e suporte hemodinâmico em todos os casos. Corticosteróides, transfusão sanguínea e proteína C ativada devem ser empregados em casos selecionados.

Conclusões: a sepse é a resposta complexa do hospedeiro à agressão de um patógeno. Seu tratamento baseia-se no controle do foco e no suporte hemodinâmico e das funções orgânicas.

DESCRITORES: SEPSE/epidemiologia; SEPSE/diagnóstico; SEPSE/fisiopatologia; SEPSE/terapia; CHOQUE SÉPTICO; síndrome de resposta inflamat ória sist êmica ; cui dados inte nsi vos ; adulto .

ABSTRACT

Aims: This review aims to discuss the epidemiology, the pathophysiologic mechanisms, diagnosis criteria and treatment in adult population.

Source of data: A search in PubMed/Medline was made, including sepsis, severe sepsis, and septic shock, as the key words.

Summary of findings: Sepsis results from a complex interaction between the microorganism and the immune, pro and anti-inflammatory response and coagulation activation cascade of the host. The host response and the characteristics of the casual agent are the main pathophysiologic variables of the syndrome. The approach of the sepsis patients has suffered profound changes in the last decade, mainly after the Surviving Sepsis Campaign, with the standardization of management of these patients. The recommend treatment for these patients included a vigorous initial resuscitation, identification of the infectious agent, antibiotics, source control and hemodynamic support for all patients. Corticosteroid therapy, transfusion, and recombinant activated protein C should be used in selected cases.

Conclusions: Sepsis is the complex response of the host to the invading microorganism. Its treatment consists in source control, and the support of hemodynamics and organ function.

KEY WORDS: Sepsis /epidemiology; Sepsis /diagnosis; Sepsis /physiopathology; Sepsis /therapy; SHOCK, SEPTIC; Syststemicmicmic Inflammato ry Respo nse Syndrom e; intensi ve ca re; adult.

Artigo de Revisão

136 Scientia Medica, Porto Alegre, v. 19, n. 3, p. 135-145, jul./set. 2009

Sepse: uma visão atual Henkin CS et al.

INTRODUÇÃO

A sepse é uma das doenças mais desafiadoras da medicina. Têm sido dispendidos esforços consideráveis para um melhor entendimento da inflamação sistêmica que caracteriza essa síndrome.1 Apesar de sua importância e da demanda de recursos, seu reconhecimento muitas vezes ainda não ocorre em tempo hábil, deixando margem para a ocorrência de disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. Seu manejo sofreu profundas mudanças na última década, havendo hoje inúmeras orientações com base em evidências advindas de estudos no cenário clínico.2

Esta revisão tem por objetivo discutir a epide-

miologia, os mecanismos fisiopatológicos, os crité-

rios diagnósticos e o tratamento da sepse. Para tanto,

buscaram-se artigos indexados na base de dados

PubMed/Medline, sendo utilizados como descrito-

res as palavras sepse, sepse grave e choque séptico.

EPIDEMIOLOGIA

A sepse é a causa mais comum de admissão em unidades de terapia intensiva (UTI) não coronarianas.3 O número de casos de sepse grave relatada em casos por 100.000 habitantes varia de 38 casos na Finlândia,4 51 casos na Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte,5 77 casos na Oceania,6 81 casos nos EUA7 a 95 casos na França.8

Um estudo prospectivo, observacional, multi-

cêntrico, em 206 UTI da França, que incluiu 3738 pacientes, mostrou incidência de sepse grave e choque séptico de 14.6% e mortalidade de 35% em 30 dias.8 Outro estudo europeu multicêntrico, realizado em 198 UTI de 24 países revelou uma incidência de sepse de 37%, com uma mortalidade hospitalar geral de 24.1%. Nos pacientes com sepse grave e choque séptico, a mortalidade foi de 32,2 e 54,1%, respectivamente.9

Um estudo estimou a incidência de sepse nos Estados Unidos em 751.000 casos por ano, sendo que a idade relaciona-se diretamente com a incidência e a mortalidade. A incidência aumentou mais de cem vezes com a idade, sendo 0,2/1.000 em crianças e 26,2/1000 em pacientes com idade superior a 85 anos. A mortalidade foi de 10% em crianças e 38% em pacientes com mais de 85 anos, sendo responsável por 9,3% de todos os óbitos nos Estados Unidos em 1995 e resultando em 215.000 mortes, número equivalente à mortalidade por infarto agudo do miocárdio.1

N

o Brasil, estudos epidemiológicos sobre sepse são escassos. O estudo BASES (Brazilian Sepsis Epidemiogical Study),10 desenvolvido em cinco UTI dos estados de São Paulo e Santa Catarina, mostrou uma incidência de sepse,

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