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MEDICINA NUCLEAR NO BRASIL: CRISE NA DISTRIBUIÇÃO DO MOLIBDÊNIO-99

Por:   •  8/2/2018  •  Artigo  •  4.695 Palavras (19 Páginas)  •  343 Visualizações

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MEDICINA NUCLEAR NO BRASIL: CRISE NA DISTRIBUIÇÃO DO MOLIBDÊNIO-99

NUCLEAR MEDICINE IN BRAZIL: CRISIS IN DISTRIBUTION MOLYBDENUM-99

RESUMO

A Medicina Nuclear (MN) como especialidade médica confere múltiplos benefícios aos seus usuários. Esta modalidade radiodiagnóstica está em destaque no cenário mundial devido aos problemas surgidos com a diminuição de fornecimento do seu principal radionuclídeo, o Tc-99m, que é fruto do decaimento do Mo-99. O Mo-99 é produzido em reatores nucleares, não sendo produzido nacionalmente, e é atualmente 100% importado de países como a Argentina, África do Sul e Canadá, onde os dois últimos países sofrem com interrupções em seus reatores. Este trabalho objetiva discutir sobre o fechamento de reatores produtores de Mo-99 ao redor do mundo e seus efeitos sobre a prática da MN no Brasil, bem como as medidas tomadas para minimizar tais efeitos, como a ampliação de fornecedores de Mo-99 e a construção do Reator Multipropósito Brasileiro, projeto capaz de desenvolver a autossuficiência na produção deste elemento e promover a expansão da MN no país.

PALAVRAS-CHAVE: Crise do Molibdênio-99. Medicina Nuclear. Radionuclídeo. RMB.

ABSTRACT

Nuclear medicine as a medical specialty gives multiple benefits to its users. This radiodiagnóstica mode is highlighted on the world stage due to problems encountered with decreasing supply of its main radioisotope, Tc -99m, which is the result of the Mo-99 decay. Mo-99 is produced in nuclear reactors, not being produced nationally, and is currently 100% imported from countries such as Argentina, South Africa and Canada, where the latter two countries suffer from disruptions in its reactors. This work aims to discuss the closure of Mo-99 producers reactors around the world and their effects on the practice of nuclear medicine in the country, and the measures taken to minimize such effects, such as the expansion of Mo-99 suppliers and RMB construction, design capable of developing self-sufficiency in producing this element, and promote the growth of nuclear medicine in the country.

KEYWORDS: Molybdenum-99 crisis. Nuclear Medicine. Radionuclide. RMB.

  1. INTRODUÇÃO

No Brasil, a Medicina Nuclear (MN) vem evoluindo seguindo os padrões internacionais. Ela é uma especialidade médica, relacionada à Radiologia, que faz uso de fontes radioativas abertas para fins diagnósticos e terapêuticos (ROBILOTTA, 2006).  

Tais fontes abertas são denominadas radiofármacos (RF), que por sua vez, surgem da combinação de um material radioativo (radionuclídeo) com uma molécula biologicamente ativa (fármaco) que, quando administrados no paciente, seguem o percurso metabólico de um tecido ou órgão específicos agindo como carreador, e durante este percurso é liberada simultaneamente uma energia correspondente a radiação do material radioativo utilizado (ZIESSMAN et al., 2003).

A grande maioria dos RF utilizados no Brasil é produzida pelo IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e distribuídos aos centros de MN, que devem ter licença de funcionamento liberada pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) (CNEN, 2015-b).

O IPEN processa todo o Mo-99 importado pelo Brasil para fabricar os geradores de Tc-99m, utilizado em oitenta por cento dos exames em MN, e os distribui diariamente para centenas de hospitais, laboratórios e clínicas médicas de todo o país, possibilitando milhões de procedimentos médicos anuais (IPEN, 2015).

O radionuclídeo mais utilizado é o tecnécio-99 metaestável (Tc-99m), que é fruto do decaimento do Molibdênio-99 (Mo-99). Este último é produzido em reator nuclear através da fissão do Urânio-235 (U-235), e atualmente é 100% importado de outros países, já que o Brasil não possui reatores capazes de produzi-lo em escala comercial (AQUINO; VIEIRA, 2010).

Esta situação traz para o país uma forte dependência em relação aos fornecedores estrangeiros, tornando-o vulnerável a qualquer adversidade que pode vir a acometer a produção do radionuclídeo, como no caso do fechamento do reator canadense NRU (National Research Universal), previsto para o ano de 2016, o qual, é responsável por 40% do fornecimento mundial do elemento (AQUINO; VIEIRA, 2010).

Outro ponto que deve ser destacado é o fato de a maioria dos reatores atuantes hoje no mercado mundial possuírem décadas de funcionamento, quadro que alimenta a grande preocupação de ocorrer possíveis interrupções no fornecimento do material durante e após o ano de 2016 (RHUT, 2014).

Mesmo com os avanços da especialidade nos últimos anos é notória a necessidade de difundir a área de MN no país, isto porque no Brasil, são realizados apenas 2,5 exames por mil habitantes/ano, quantidade muito inferior à do Canadá que executa 64,6 exames por mil habitantes/ano (SBMN, 2015).

O objetivo deste trabalho é discutir, através de revisão de literatura, o encerramento das atividades de reatores nucleares em diferentes países e associar esse fechamento às dificuldades de distribuição de Mo-99 aos centros de MN brasileiros.

  1. REVISÃO DE LITERATURA

Diferente de outras modalidades de diagnóstico de imagem, na MN o uso de radiotraçadores quando administrados internamente, possibilita a visualização de imagens do corpo humano de dentro para fora (DIAL, 2015).

A radiação administrada no paciente, seja por via endovenosa, oral ou inalatória, não possui energia suficiente para interferir no funcionamento do órgão, mas possui energia suficiente para transpassar o paciente e ser detectada externamente por um aparelho denominado câmara de cintilação ou gama-câmara (COUTO, 2014), fundamental para a formação da imagem. Ela é composta normalmente por um colimador, um cristal de iodeto de sódio (NaI) e de sistema eletrônico de amplificação e análise dos sinais captados (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982).

Seu uso é considerado seguro, indolor e apresenta técnicas com bom custo benefício em relação ao imageamento da doença, isso porque os exames de MN possuem alta sensibilidade mesmo quando usadas concentrações pequenas de substâncias radioativas no organismo do paciente (ROBILOTTA, 2006).

  1. Breve noção de Radioatividade

Radionuclídeos são átomos radioativos, com núcleos instáveis que sofrem um processo de decaimento para equilibrar as forças dentro no núcleo do átomo, emitindo partículas (α, β-, β+) ou radiação eletromagnética (raios γ) (OLIVEIRA et al., 2006).

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