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O Corpo Na Escola

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Por:   •  1/4/2014  •  2.108 Palavras (9 Páginas)  •  714 Visualizações

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SALTO PARA O FUTURO

TIRIBA, Lea. Proposta pedagogia, ano XVIII Boletim 04- Abril de 2008, TV Escola.

TEXTO: O corpo na escola

RESENHADO POR: Renata Cristina Cruz Tavares, estudante do curso de pedagogia do 4º período, na Universidade Estácio de Sá.

O objetivo desta série é de debater e questionar uma lógica de funcionamento escolar ainda orientada pelo pressuposto de que “Penso, logo existo”, que inspira e define ainda nos dias de hoje, propostas pedagógicas e rotinas escolares.

A autora Léa Tiriba, tem em seu discurso uma provocação à mudança. Um texto questionador sobre o tema pouco trabalhado por nossos educadores é tão comum nas escolas brasileiras, estar voltada para processos de transmissão e apropriação de conhecimentos, que necessita de mentes atentas e corpos paralisados. Pois não é necessário mais do que atenção mental para observar, refletir e compreender as regras de uma realidade que é entendida como racionalmente organizada.

Em consequência, fica em segundo plano tudo que extrapola esta dimensão: as brincadeiras, as sensações corporais, Mas isto não é só: a reprodução deste modo de funcionamento se faz com o controle do corpo.

Denominada por Foucault (1987) como instituição de sequestro, a escola e outras instituições, visavam controlar não apenas o tempo dos indivíduos, mas também seus corpos, extraindo deles o máximo de tempo e de forças. De maneira discreta, mas permanente, as formas de organização espacial e os regimes disciplinares conjugam controle de movimentos e de horários, rituais de higiene, regularização da alimentação, etc.“é dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado” (Foucault, 1987, p.118).

A função social da escola vem sendo a de ensinar às novas gerações a lógica sob a qual o sistema capitalista-urbano-industrial-patriarcal se estrutura.

Isto explica que o objetivo fundamental do trabalho escolar seja o de desenvolver plenamente em seus alunos a capacidade racional para a compreensão e a submissão da natureza aos interesses do mercado, desprezando ou outros caminhos de abordagem da realidade material e imaterial. Primeiramente, uma crença na razão como salvo-conduto para enfrentar os ritmos da natureza, que são tomados como obstáculos para um espírito conhecedor, pesquisador, desvendador de todos os mistérios da vida, que seria capaz, inclusive, de determinar os rumos da história. Há, em consequência, supervalorização do intelecto e desprezo pelo corpo. Esta é uma decorrência da lógica, separando seres humanos de natureza, afirma a racionalidade como processo superior, em oposição à natureza, identificada com o corpo humano.

Na Grécia, algo de essencial se perdeu na relação dos humanos com a natureza e no equilíbrio entre afetivo e cognitivo. Para Nietzsche, a tradição filosófica ocidental inaugura um afastamento em relação à natureza, que é nefasto para os humanos, na medida em que provoca um desequilíbrio patológico entre corpo e mente, razão e emoção. Na sua visão, algo de essencial se perdeu quando, a partir de Sócrates, os gregos começam a se afastar dos rituais a Dionísio, o deus da música e da embriaguez, e passam a privilegiar Apolo, o deus da racionalidade argumentativa, do conhecimento científico, da lógica. Dionísio é o deus que não habita o Olimpo, mas a natureza. Representa a força vital, a alegria, o excesso, enquanto Apolo, o deus severo, representa a ordem, a norma, o equilíbrio. Durante a época moderna, a discussão sobre o que se convencionou chamar de “problema da relação entre alma e corpo” manteve algumas das concepções antigas e medievais. Mas o desenvolvimento da ciência, em especial da física, em moldes mecanicistas, trouxe a noção de “corpo material”, radicalmente separado da alma. Ao assumir a função de formar as novas gerações para a reprodução do modelo urbano-industrial, a instituição escolar ignorou concepções que não fragmentam nem subordinam o corpo à mente. Ao contrário, optou por uma visão que, ao hipervalorizar o ego e o intelecto, nega a verdade do corpo. De fato, temos sentido as consequências de um cotidiano regido por uma rotina de esforços mentais e inflexibilidade física. As doenças se manifestam, são resultado de um modo de funcionamento – da sociedade, da fábrica, da escola, da instituição familiar, de cada um de nós – que é alienado em relação a muitas das mais elementares necessidades físicas, como respirar profundamente, alimentar-se sadiamente, dormir bem, relaxar.

Numa sociedade marcada por controle e racionalidade, os movimentos de liberdade e expressividade das crianças assustam os adultos. Amarrados ao império do relógio, ao tempo da produção, estamos aprisionados aos próprios esquemas, ou melhor, aos limites que nos foram impostos, na vida escolar, na família, no trabalho. O oprimido se manifesta como sintoma, como doença, do corpo e da alma.

Além de buscar uma compreensão sobre um estilo de educar o texto ¨O corpo na escola¨ quer apresentar praticas educacionais atentas ás vontades do corpo: práticas que não aprisionam os movimentos, que ajudam as crianças a expressarem o jeito de ser. A escola precisa recuperar a liberdade de movimentos que a vida na cidade o modelo que o modelo de funcionamento escolar restringiu as mais simples manifestações como correr, pular, saltar, etc.

¨Embora conscientes de que o corpo é o veículo através do qual o indivíduo se expressa, o movimento corporal humano acaba ficando, dentro da escola, restrito a momentos precisos como as aulas de educação física e o horário do recreio. Nas demais atividades em sala, a criança deve permanecer sentada em sua cadeira, em silêncio e olhando para frente. (STRAZZACAPPA, 2001, p. 69-70)¨

O sujeito se constrói na interação com o meio, e o movimento é uma das formas que temos para interagir com esse meio. Pela exploração, a criança vai construindo conhecimentos sobre as propriedades físicas dos objetos e inicia a compreensão de quais relações pode estabelecer com eles. Aprende sobre seus limites; quando puxar, empurrar, chegar perto, se afastar etc. Através de ações motoras a criança também interage com a cultura, seja para dominar o uso dos diferentes objetos (instrumentos) que a espécie humana desenvolveu, seja para usufruir atividades lúdicas e de lazer, como jogos e brincadeiras, esportes, ginásticas, danças e artes marciais. Pelo movimento a criança conhece mais sobre si mesma e sobre o outro, aprendendo a se relacionar. O movimento

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