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Resenha Crítica: Filme “Você Não Conhece Jack”

Por:   •  5/8/2021  •  Resenha  •  691 Palavras (3 Páginas)  •  1.330 Visualizações

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Resenha Crítica: Filme “Você não conhece Jack”

O filme norte-americano “Você não conhece Jack” dirigido por Barry Levinson foi lançado em 2010 e retrata a história de um médico que luta pela legalização do suicídio assistido e da eutanásia. De acordo com Mishara e Weisstub (2013), no suicídio assistido, o próprio paciente, de forma intencional, com ajuda de terceiros, põe fim à própria vida, ingerindo ou autoadministrando medicamentos letais. Já na eutanásia, uma terceira pessoa, a pedido do paciente, administra o agente letal, com a intenção de abreviar a vida e acabar com o sofrimento.

Jack Kevorkian é um médico sensível, empático, no entanto, egocêntrico, que acredita nunca estar errado. Jack apoia a ideia de que as pessoas têm o direito de morrer com dignidade, sem sofrimento, escolhendo como e quando encerrar sua jornada de vida. Com a ajuda de poucos amigos e sua irmã, ele começou a realizar procedimentos de suicídio assistido para pessoas com doenças terminais. Em todos os casos mostrados no filme, Jack orientava os pacientes e familiares/amigos quanto aos riscos e garantia uma morte sem dor. Inicialmente, era utilizado um aparelho onde o paciente acionava um mecanismo que liberava o medicamento letal que, depois foi substituído por gás.

A história acontece no estado de Oregon - EUA nos anos 1990, onde o suicídio assistido e a eutanásia não eram legalizados. Devido a isso, Jack sofre diversas acusações jurídicas dos promotores da região, pois, chegou a auxiliar em mais de 130 suicídios assistidos. Seu último paciente foi um homem de 30 anos que sofria com Esclerose Lateral Amiotrófica e há anos havia perdido sua autonomia vivendo com muitas dores e sofrimento. Neste caso, Jack participou ativamente do processo de morte, injetando veneno letal por meio de uma seringa no paciente, caracterizando a chamada eutanásia ativa e exibiu o vídeo em um programa de rede nacional.

Apesar de não haverem leis que o protegessem, Jack não foi condenado enquanto praticava o suicídio assistido, uma vez que apenas fornecia condições para que o paciente pudesse se suicidar. Porém, a partir do momento em que a eutanásia foi comprovada, a situação foi configurada como homicídio, apesar da vontade do paciente e seus familiares. Isso é importante para discussão em torno de diversas questões éticas que permeiam o filme. Jack tinha como princípio garantir a autonomia e individualidade do ser humano em situações terminais em escolher acabar com o seu sofrimento por meio de uma morte rápida e indolor. Até que ponto essa autonomia é respeitada quando uma pessoa em plena consciência é impedida de morrer?

Atualmente, o estado de Oregon e alguns países possuem leis que aprovam essas modalidades para pessoas com quadros irreversíveis. No Brasil, tanto eutanásia quanto suicídio assistido são proibidos, sendo este último visto como crime. O Código Penal prevê no artigo 122 a punição a quem auxilia uma pessoa no seu suicídio, caracterizando-o como assassino.

Independente da liberação ou não, é importante o debate, uma vez que a sociedade contemporânea apresenta intensa negação da morte, esquecendo que se trata de um processo natural que todos irão vivenciar. Outro fato é o da falta de preparação dos profissionais para lidar com a morte, onde sua formação é majoritariamente voltada para manutenção de vidas deixando a desejar o estudo de temas como cuidados paliativos. Essa medicalização da morte se aproxima muito de outro conceito que diz respeito a “Distanásia” – prolongamento exagerado do sofrimento no processo de morte iminente (CFM, 2010).

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