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Resumo descritivo: VANIN, A. A. A Experiência do Câncer de Mama em Palavras

Por:   •  14/5/2021  •  Abstract  •  1.187 Palavras (5 Páginas)  •  157 Visualizações

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Fichamento

VERNANT, J-P. O mito prometeico em Hesíodo. In: Mito e Pensamento entre os Gregos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. p. 27-59.

Em O mito prometeico em Hesíodo, Vernant propõe uma análise em conjunto das duas passagens em que o episódio do roubo do fogo por Prometeu é relatado no corpus hesiódico, na Teogonia (vv. 535-616) e n’Os trabalhos e os dias (vv.45-2015), a fim de compreender a complementariedade e o sequenciamento das duas narrativas, que, ele defende, formam um conjunto.

Como primeiro nível de análise, o autor elege a análise formal da narrativa considerando os agentes, as ações e o enredo e envidenciando a lógica geral da narrativa. Os agentes, na Teogonia, são de um lado Prometeu e do outro Zeus, Atena e Hefesto – estes dois últimos como executores das decisões do próprio Zeus –. Prometeu é caracterizado por sua astúcia e sua inteligência. Zeus, por sua vez, é caracterizado por sua astúcia de soberano, como deus pai, senhor do relâmpago e do céu. N’Os trabalhos e os dias a dualidade reaparece: Prometeu e Epimeteu representam de um lado os homens, ao passo que Zeus, auxiliado por Hefesto, Afrodite, Atena, Hermes, Peithó e pelas Cárites, representa os deuses. Os irmão Prometeu e Epimeteu, o autor destaca, opostos e complementares, caracterizam a condição humana.

Quanto às ações, Vernant constata que a narrativa consiste num duelo de astúcia, isto é, um duelo entre Zeus e o Titã a fim de saber qual sairá vitorioso. Na Teogonia, o duelo se passa juntamente entre deuses e homens, a fim de que seja determinada a divisão dos quinhões e das honras. N’Os trabalhos e os dias, já separados deuses e homens, o duelo dá-se entre os herois, dos quais uma parte representa Zeus, ao passo que outra, os homens. As ações de Prometeu e Zeus parecem, defende o autor, homólogas, pois consistem em processos preparatórios e num jogo de ofertas recíprocas de presentes ardilosos aceitos ou recusados.

Quanto ao enredo, o autor propõe uma fórmula geral de organização da narrativa que pode ser resumida da seguinte forma: cada uma das quatro sequências é introduzida por uma proposição de valor temporal com indicações de tempo que articulam os opisódios sucessivos da narração uns em relação aos outros. É asssim que, na Teogonia, Prometeu engana Zeus oferecendo-lhe a parte mais apetitosa, mas mais intragável do boi e que Zeus deixa-se enganar aceitando-a, de modo que estabelece as que partes cabem aos homens (carnes e vísceras) e as que cabem ao deuses (os ossos). De modo semelhante, Prometeu rouba de Zeus o fogo, dá aos homens e, mais uma vez, suscita a cólera de Zeus, assim como Zeus empreende a fabricação de um mal aos homens. Como Prometeu conduriza o boi, Zeus conduz o mal aos homens, mas um belo mal, um mal que compensa o bem. Ainda que Prometeu seja capaz de roubar o fogo, ele não é capaz de escapar do espírito de Zeus.

Já n’Os trabalhos e os dias, há antes das quatro sequências um preâmbulo destinado ao ato de esconder o cereal por parte dos deuses, no qual é estabelecida uma alusão à primeira sequência constatada na Teogonia, quando Prometeu enganara Zeus. Das quatro partes que fazem sequência, a conclusão tirada pelo autor é a mesma: não é possível escapar ao espírito de Zeus.

Na sequência, Vernant propõe-se a examinar alguns dos pontos em que a narrativa d’Os trabalhos e os dias difere daquela da Teogonia. Ele discute a alusividade presente na evocação do episódio sobre as partes do boi em contraposição ao amplo desenvolvimento do episódio da aceitação por Epimeteu, a tônica em Pandora e a ação de esconder atribuída de modo explícito a Prometeu e de modo implícito a Zeus, concluindo que as duas versões podem ser tratadas como elementos que se ajustam para formar um conjunto. As duas narrativas deixam, assim, de parecer superpostas ou coordenadas e, defende o autor, integram-se uma à outra.

A oposição entre “esconder” e “não dar” que parecia comandar a lógica da narrativa, é resolvida pelo autor de duas formas. “Não dar” condiria a esconder um bem para que seja obtido através dos males que o envolvem, ao passo que “dar” condiria a esconder um mal sob a aparência de um bem. Dessa forma, a lógica da narrativa condiz com o caráter ambíguo da condição humana.

Vernant passa, então, ao segundo nível de sua análise, isto é, à análise dos conteúdos semânticos, o animal sacrificado, o fogo roubado, a primeira mulher e a vida cerealífera, a partir dos elementos significativos de cada sequência, que, segundo ele, relacionam-se em homologia e correspondência.

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