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Transtornos psiquiatricos nos estudantes de medicina da universidade evangelica

Por:   •  17/9/2015  •  Monografia  •  1.894 Palavras (8 Páginas)  •  296 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A maioria dos estudos epidemiológicos em psiquiatria é realizada em países ocidentais, revelando que 90% da morbidade psiquiátrica encontrada, referem-se a distúrbios não-psicóticos1.

Transtornos mentais comuns (TMCs), conhecidos também como transtornos psiquiátricos menores, afetam a performance de atividades diárias e apresentam como sintomas insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento e dificuldade de concentração, assim como queixas somáticas. Entretanto, não englobam desordens psicóticas, dependência química ou transtornos de personalidade1.

Referente à saúde pública, TMCs são importantes devido às restrições que podem causar e ao risco de piora dos sintomas se não identificados precocemente. Na população brasileira a prevalência de TMCs  variou entre 22% a 35%. Ela foi de 56% entre pacientes atendidos por médicos das unidades do Programa Saúde da Família2.

 Além da vasta quantidade de conhecimentos e das habilidades necessárias para a prática da medicina, o médico também deve desenvolver a capacidade de equilibrar uma preocupação solidária com uma objetividade impassível, a vontade de aliviar a dor com a capacidade de tomar decisões dolorosas e o desejo de curar e controlar com a aceitação das limitações humanas. Aprender a coordenar esses aspectos inter-relacionados do papel do médico é essencial para lidar de forma produtiva com o trabalho cotidiano que envolve doenças, dor, tristeza, sofrimento e morte3.

De fato, durante a formação, o médico se depara no decorrer do curso de medicina com diversas fontes de tensão como o contato com cadáveres, a primeira entrevista com o paciente, o medo de contrair doenças, o sentimento de inadequação com o curso e outros fatores que podem influenciar na prevalência de TMCs4. Dados apontam para tal influencia mostrando que aproximadamente 25% dos estudantes de medicina estão deprimidos, 50% apresentam exaustão e a maioria informa que a qualidade de vida está substancialmente abaixo da média da faixa-etária na população normal5.

Cerca de um quarto dos estudantes de medicina dos EUA apresenta sintomas de doença mental. Em um estudo conduzido em nove escolas de medicina dos EUA, aproximadamente 46% dos alunos apresentaram, pelo menos, um dos sintomas psiquiátricos investigados (estresse, fadiga, ansiedade, depressão, cefaléia e distúrbios alimentares) durante o curso4.

A falta de equilíbrio pode fazer o médico sentir-se saturado e deprimido. Uma sensação de inutilidade e fracasso pode começar a permear sua atitude, abrindo espaço para frustração e raiva com a profissão, com os pacientes e consigo mesmo3. Apesar destas sérias consequências, poucos alunos buscam ajuda5.

Esses fatos destacam a necessidade das faculdades de medicina identificarem alunos com TMCs. A identificação de estudantes com esses transtornos possibilitaria aos cursos lidar com os desafios enfrentados pela população dos estudantes, prover assistência àqueles em maior necessidade, prevenir sérias consequências ao aliviar o sofrimento dos estudantes, monitorar o ambiente de aprendizagem e avaliar a eficácia de programas direcionados a promover o bem-estar dos estudantes de medicina5.

1 OBJETIVOS

Avaliar a prevalência de transtornos mentais comuns entre os estudantes do curso de Medicina da Faculdade Evangélica do Paraná.  

2 METODOLOGIA

2.1 Localização

O Curso de Medicina da Faculdade Evangélica do Paraná possui 40 anos de existência. A carga horária é de 8830 horas, distribuídas em 12 períodos. Os primeiros oito períodos oferecem aos estudantes as bases científicas, técnicas, éticas e humanistas da profissão médica, ou seja, os conhecimentos necessários para o internato médico, que acontece nos quatro últimos períodos do curso.

Durante o internato, os estudantes fazem estágios supervisionados nas cinco grandes áreas da medicina: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ginecologia-Obstetrícia, Pediatria e Saúde Coletiva.

Os acadêmicos de Medicina têm diferentes cenários de aprendizado, onde acontecem aulas teóricas e práticas em 23 laboratórios, entre eles: anatomia humana, histologia, embriologia, anatomia patológica, experimentação clínica e cirúrgica, bioquímica, microimunologia, parasitologia e de habilidades clínicas. Além destes cenários, o curso desenvolve-se nos ambulatórios e no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, considerado o hospital privado com maior disponibilidade de leitos para atendimento do SUS no Paraná.

2.2 População Alvo e População Estudada

Participaram da pesquisa, estudantes entre o primeiro e o oitavo períodos do Curso de Medicina da Faculdade Evangélica do Paraná, totalizando oito turmas, que ingressaram de 2007 a 2010. Devido à dificuldade de aplicação dos questionários nos alunos que estão no internato, estes alunos não foram incluídos na pesquisa.

2.3 Desenho de Estudo e Coleta de Dados

Realizou-se um estudo transversal dentro de uma abordagem quantitativa. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário confidencial, auto-explicável e auto-respondível com perguntas fechadas (Anexo I) para todos os estudantes de Medicina matriculados no primeiro semestre de 2011 da Faculdade Evangélica do Paraná. A primeira parte constitui-se de perguntas referentes a dados sócio-demográficos do estudante e o período que está cursando e a segunda consiste no questionário SRQ-20 (Self Report Questionnaire – 20).

Os dados foram compilados para o software de estatística SPSS 15.0 e foi feita a comparação e análise entre as variáveis entre os grupos e posterior discussão dos resultados encontrados. Foram montadas tabelas para comparação e correlação dos dados obtidos. Para o estudo da significância estatística dos resultados foi aplicado o teste Qui-Quadrado. O nível de significância utilizado foi de 5%.

2.4 Instrumento de pesquisa

O questionário SRQ-20 foi aplicado no período de março à julho de 2011, em 384 alunos, de um total de 450 convidados a responder. Esta escala investiga sintomas ansiosos, depressivos e somatoformes e é recomendada pela OMS para rastreamento de Transtornos Mentais Comuns em serviços de atenção primária à saúde. Trata-se de um questionário auto-aplicável, validado no Brasil, com sensibilidade de 89%, especifidade de 81%, valor preditivo positivo de 81%, valor preditivo negativo de 82%, classificação de erro de 19% e que vêm sendo aplicado em diversos estudos similares.

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