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FLÚOR: BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS PARA A SAÚDE BUCAL, CONSIDERANDO FATORES SOCIOECONÔMICOS

Por:   •  25/11/2018  •  Artigo  •  3.268 Palavras (14 Páginas)  •  384 Visualizações

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FLÚOR: BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS PARA A SAÚDE BUCAL, CONSIDERANDO FATORES SOCIOECONÔMICOS

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Gabriel Lafaiete Fernandes Ferreira¹

Sarah Aparecida da Silva Francisco²

Resumo: O flúor hoje, está presente na água e em dentifrícios, além de alimentos que já o contém. Isto, porque desde a descoberta de sua ação anticariogênica, ele se tornou um aliado essencial da odontologia, visto que a cárie dentária é considerada o maior problema de saúde bucal, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil. Entretanto, a facilidade de acesso a esse elemento leva a um outro problema de saúde bucal: a fluorose dentária. Este artigo tem como finalidade discutir sobre os benefícios e malefícios do flúor dentro de uma sociedade com grandes divergências econômicas, usando como metodologia a revisão bibliográfica dos artigos e livro relacionados ao tema em questão.

Palavras-chave: Cárie dentária; Flúor; Fluorose; Fluoretação; Nível Socioeconômico.

Introdução

O estudo do flúor se deu a partir da observação de populações norte americanas e a grande ocorrência de problemas relacionados a manchas dentárias. Dessa forma, descobriu-se a influência odontológica deste químico através de estudos baseados em seus efeito deletérios, pois enquanto a incidência de manchas nos dentes era alta, a incidência de cárie era inversamente proporcional. Fejerskov afirma que:

É bem documentado, que o flúor pode ter efeitos benéficos e deletérios na dentição. Os efeitos benéficos na cárie dentária são devidos primariamente ao efeito tópico do flúor após o dente ter erupcionado na cavidade oral (para mecanismo de ação). Contrariamente, seus efeitos deletérios são devidos á sua absorção sistêmica durante o desenvolvimento do dente, o que resulta em fluorose dental. (2005, p. 189)

 O flúor acabou sendo inserido em tratamentos odontológicos de prevenção a cárie, porém, a precariedade estrutural e de acesso a determinados bens básicos como água encanada, alguns alimentos, ou orientações de higiene correta, fazem com o que o combate a patologia seja um pouco mais complexo. Todavia, assim como a falta de acesso ou orientação gera patologias, o uso excessivo ou grande facilidade de acesso a produtos fluoretados se apresentam como maléfico, visto que, é o consumo exacerbado que origina problemas relacionados a fluorose dental.  

Portanto este artigo tem como objetivo mostrar que uso excessivo ou falta do uso de produtos cuja composição contém flúor pode gerar problemas ao indivíduo, usando como metodologia a revisão de literatura e artigos relacionados ao tema em questão. Assim, o foco principal do artigo é discutir a importância das relações socioeconômicas e o uso de flúor levando em questão os problemas que o uso inadequado pode causar.

1. Cárie Dentária e inserção do flúor na rotina diária

A Cárie Dentária é uma patologia que persegue a humanidade desde os primórdios dos tempos. Por ser causada pela microbiota oral, ela é transmissível, o que dificulta ainda mais seu tratamento ou combate. A revista ABCMED define cárie dentária como uma:

[...] doença infecciosa transmissível, de origem bacteriana, que se caracteriza pela destruição localizada dos tecidos dentários, formando uma cavidade no dente, a qual, se não tratada, pode progredir até destruí-lo totalmente. Acomete grande parte da humanidade, com certo predomínio em algumas áreas, dependendo da alimentação, utilização do flúor, higienização dos dentes e de fatores genéticos. (ABCMED, 2013)

Em meados do século XIX e início do século XX, os profissionais da área odontológica acreditavam que a única maneira de erradica-la era fazendo a extração do dente cariado do indivíduo, o que aliava a dor, mas em contrapartida afetava a sua autoestima. Em famílias com menor poder aquisitivo, era comum extrair os dentes lesionados mais os dentes sadios, principalmente dos adolescentes, e substitui-los por próteses, para prevenir futuras lesões.  

Muitos estudos voltaram-se para a prática de restaurações e materiais para restauração, com o intuito de diminuir o número de extrações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes que apresentavam cárie. Também se buscava entender quais hábitos ou fatores aumentavam a incidência da lesão de cárie. Esses estudos apontaram a ingestão exagerada de glicose associada à precariedade de higienização bucal como sendo os principais causadores.

Nessa mesma época, se descobria a partir dos efeitos deletérios do flúor, sua eficiência no combate a cárie dentária. Com isso, a odontologia passou a dar mais ênfase em métodos preventivos para a cárie, do que para o seu tratamento em si, obtendo resultados satisfatórios com a introdução do flúor na prevenção.

O flúor passou a ser fundamental para a saúde bucal, sendo que a fluoretação de produtos como água, sal e leite são as mais frequentes, pois são produtos com o maior alcance populacional, além dos dentifrícios. O mecanismo de fluoretação da água, por exemplo é dado como “[...] o ajuste da concentração de fluoreto natural, ou seja, ajustar a água deficiente em fluoreto para o nível recomendado para a saúde dental ideal.” (ACFF)    

Considerando a questão custo, benefício e alcance a fluoretação da água é a que mais compensa para o ministério da saúde, principalmente por abastecer as escolas, tanto públicas, quanto privadas, de maneira que atinja todas as classes econômicas. Em contra partida, para Fejerskov:

Infelizmente, nem todos os sistemas de abastecimento de água são receptivos á custo-efetividade da fluoretação, e a razão mais forte para ser considerado apropriado como uma medida de saúde pública, sua natureza passiva, é também a principal razão para a sua falta de aceitação. Uma vez que o flúor é adicionado à água de abastecimento doméstico, os consumidores têm pouca escolha a não ser usá-la, e isto leva a uma forte oposição baseada na percepção de falta de liberdade de escolha. Hodiernamente, outros problemas que têm tornado a fluoretação da água menos apropriada em muitas partes desenvolvidas do mundo, tais problemas incluem a ampla disponibilidade de outros produtos contendo flúor, a possibilidade de que múltipla exposição ao flúor resulte em alto risco de fluorose dental, a variabilidade do consumo de água doméstica dentro de uma comunidade, uma dramática redução nos níveis de cárie que significa que, em alguns casos, o risco de fluorose dental pode ter mais valor que os benefícios trazidos pela fluoretação, e o conhecimento que o flúor não precisa ser ingerido para promover benefícios substanciais.” (2005, p.205)

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