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A Pneumonia Enzoótica

Por:   •  20/11/2019  •  Seminário  •  4.767 Palavras (20 Páginas)  •  230 Visualizações

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Mollicutes são bactérias da ordem Mycoplasmatales e da classe Mollicutes (do latim: mollis, macio; cutis, pele). Apenas os gêneros Mycoplasma e Ureaplasmaapresentam espécies patogênicas importantes em medicina veterinária. Às vezes notam-se microrganismos Acholeplasma, mas geralmente são contaminantes. Mollicutes é o termo correto para se referir, coletivamente, às bactérias dessa ordem; no entanto, o nome comum Mycoplasma(s) também é utilizado para esse fim. Mollicutes são microrganismos presentes em toda parte. Espécies dessas bactérias, as quais também são contaminantes comuns em cultura de tecido, foram detectadas em mamíferos, répteis, peixes, artrópodes, insetos e vegetais. É provável que, ainda, apenas pequena parte do total de Mollicutes tenha sido identificada; parece que, sempre que se procura, uma nova espécie é encontrada. Foram identificados mais de 113 micoplasmas e cinco ureaplasmas em animais; há muito mais “candidatos” e, desses, mais de 45 genomas completos foram sequenciados. Ademais, as espécies de riquétsias hemotróficas dos gêneros Haemobartonella e Eperythrozoon foram reclassificadas no gênero Mycoplasma, em 2001, com base na análise da sequência do gene da subunidade 16S ribossômica do RNA. Coletivamente, receberam o nome comum de “hemoplasmas”.

A natureza das infecções por Mollicutes é parasitária. São mais comumente subclínicas a discretas, mas muito debilitantes; às vezes, é possível constatar doença fatal. A maioria dos micoplasmas e ureaplasmas patogênicos infecta a mucosa do trato respiratório e/ou urogenital, mas também é constatada em outros locais do corpo, como conjuntiva, superfície sinovial e glândula mamária. Os hemoplasmas infectam as hemácias e, mais comumente, causam anemia hemolítica.

Características descritivas

Morfologia e coloração

A morfologia celular das bactérias Mollicutes é extremamente pleomorfa. O formato das células pode ser esférico, em anel, de pérola e de espiral, bem como filamentoso. Às vezes, as células parecem cadeias de pérolas, como resultado da divisão celular e de replicação genômica assincrônica. Também, têm-se verificado bactérias em formato de anéis em hemácias infectadas por hemoplasmas. O diâmetro da forma esférica varia de 0,3 µm a 0,8 µm. Por causa de seu tamanho e formato, esses microrganismos são capazes de passar por filtros de membrana de 0,22 µm e 0,45 µm, comumente utilizados para filtrar meio líquido estéril; portanto, é difícil obter linhagens celulares em cultura de tecido sem tais microrganismos.

Mollicutes se coram fracamente pelo corante de Gram por não apresentarem parede celular. Os corantes preferidos são Giemsa, Castañeda, Dienes, cresil violeta, orceína e laranja acridina.

Estrutura e composição

As bactérias Mollicutes não têm capacidade genética para produzir parede celular. Em vez disso, são ligadas por uma única membrana trilaminar composta de proteínas, glicoproteínas, lipoproteínas, fosfolipídios e esteróis. O colesterol da membrana propicia estabilidade osmótica. Em algumas espécies, tem-se relatado a presença de cápsulas de carboidratos.

As bactérias Mollicutes apresentam um genoma pequeno (de 540 a 1.380 kb), em comparação com o genoma de outras bactérias; são os menores microrganismos autorreplicantes já descritos. Sua composição básica é pobre em guanina e citosina (G+C); seu conteúdo G+C mol% de DNA varia de 24 a 40%. Estão mais estreitamente relacionadas com o grupo Clostridium-Streptococcus-Lactobacillus; com base nesse grupo, supõe-se que as bactérias Mollicutes se desenvolveram por meio de um mecanismo de evolução redutiva ou degenerativa. Em algumas espécies foram demonstrados transpósons, plasmídios e bacteriófagos.

Bactérias Mollicutes não hemotróficas

As bactérias Mollicutes “não hemotróficas” incluem os microrganismos do gênero Ureaplasma e os do gênero Mycoplasma que não infectam as hemácias. Diferentemente das Mollicutes “hemotróficas” (ver seção “Bactérias Mollicutes hemotróficas”), as não hemotróficas podem se multiplicar in vitro, em meio axênico (estéril). As manifestações clínicas incluem infecções dos tratos respiratório e urogenital, conjuntivite, artrite, mastite, septicemia e otite média. A maioria das espécies apresenta alto grau de especificidade ao hospedeiro; todavia, também são constatadas infecções cruzadas nas espécies hospedeiras, mais comumente em indivíduos com imunossupressão (Quadro 39.1).

Características de crescimento

Em geral, as bactérias Mollicutes não hemotróficas se multiplicam lentamente e, com frequência, necessitam um período de incubação de 3 a 10 dias (ou mais), antes que surjam as colônias no ágar. Geralmente a multiplicação in vitro é melhor em temperatura de 33°C a 38°C, em atmosfera com alto teor de CO2. As bactérias Mollicutes são carentes de várias vias de biossíntese. São incapazes de sintetizar qualquer aminoácido e apresentam falta de habilidade, parcial ou total, para sintetizar ácidos graxos. Os micoplasmas necessitam esteroides exógenos, os quais são obtidos do soro. Em razão da alta demanda das bactérias Mollicutes por nutrientes, os meios que sustentam a multiplicação de vários micoplasmas e ureaplasmas comumente são altamente enriquecidos e complexos. A maioria deles se baseia na infusão de coração, peptona, extrato de levedura e soro, juntamente com vários outros suplementos. O pH ótimo para o crescimento de Mollicutes varia de 6,0 a 8,0, dependendo do ambiente do hospedeiro normal no qual se encontram. As colônias de Mollicutes são pequenas e difíceis de visualização a olho nu. O tamanho das colônias varia de 0,01 a 1,0 mm. Quando examinadas em microscópio de dissecção, ou microscópio estéreo, várias espécies exibem morfologia com formato de “ovo frito” (Figura 39.1). Essa aparência arredondada se deve à porção central da colônia incrustada no ágar, com uma zona periférica de crescimento na superfície. Algumas espécies produzem uma névoa, composta de colesterol e fosfolipídios, e se apresentam como uma película enrugada na superfície do meio de cultura. As diferenças na morfologia e no tamanho da colônia podem ser úteis para distinguir algumas das bactérias Mollicutes. Por exemplo, o tamanho da colônia de Mycoplasma mycoides ssp. mycoides isolado de caprinos é consistentemente maior que o de isolados de bovinos. Essa diferença de tamanho é útil para distinguir as duas variantes. As espécies de Ureaplasma produzem colônias substancialmente menores que as de outras bactérias Mollicutes e, com frequência, não apresentam a morfologia de colônia em formato de “ovo frito”.

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