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Cultura Corporal

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Por:   •  16/11/2013  •  520 Palavras (3 Páginas)  •  567 Visualizações

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Pensar o corpo como algo produzido na e pela cultura é, simultaneamente, umdesafio e uma necessidade. Um desafio porque rompe, de certa forma, com o olhar naturalista sobre o qual muitas vezes o corpo é observado, explicado, classificado e tratado.Uma necessidade porque ao desnaturalizá-Io revela, sobretudo, que o corpo é histórico. Istoé, mais do que um dado natural cuja materialidade nos presentifica no mundo, o corpo éuma construção sobre a qual são conferidas diferentes marcas em diferentes tempos,espaços, conjunturas econômicas, grupos sociais, étnicos, etc. Não é portanto algo dado apriori nem mesmo é universal: o corpo é provisório, mutável e mutante, suscetível ainúmeras intervenções consoante o desenvolvimento científico e tecnológico de cada culturabem como suas leis, seus códigos morais, as representações

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que cria sobre os corpos, osdiscursos

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que sobre ele produz e reproduz.Um corpo não é apenas um corpo. É também o seu entorno. Mais do que um conjuntode músculos, ossos, vísceras, reflexos e sensações, o corpo é também a roupa e osacessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que dele seproduz, as máquinas que nele se acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silênciosque por ele falam, os vestígios que nele se exibem, a educação de seus gestos... enfim, éum sem limite de possibilidades sempre reinventadas e a serem descobertas. Não são,portanto, as semelhanças biológicas que o definem mas, fundamentalmente, os significadosculturais e sociais que a ele se atribuem.O corpo é também o que dele se diz e aqui estou a afirmar que o corpo é construído,também, pela linguagem. Ou seja, a linguagem não apenas reflete o que existe. Ela própriacria o existente e, com relação ao corpo, a linguagem tem o poder de nomeá-Io, classificá-Io,definir-lhe normalidades e anormalidades, instituir, por exemplo, o que é considerado umcorpo belo, jovem e saudável. Representações estas que não são universais nem mesmofixas. São sempre temporárias, efêmeras, inconstantes e variam conforme o lugar/tempoonde este corpo circula, vive, se expressa, se produz e é produzido. E também onde seeduca porque diferentes marcas se incorporam ao corpo a partir de distintos processoseducativos presentes na escola, mas não apenas nela, visto que há sempre váriaspedagogias em circulação. Filmes, músicas, revistas e livros, imagens, propagandas sãotambém locais pedagógicos que estão, o tempo todo, a dizer de nós, seja pelo que exibemou pelo que ocultam. Dizem também de nossos corpos e, por vezes, de forma tão sutil quenem mesmo percebemos o quanto somos capturadas/os e produzidas/os pelo que lá se diz.

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Publicado em LOURO, G.L. et al.

Corpo, Gênero e sexualidade: um debate contemporâneo.

Petrópolis: Vozes, 2003.

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O termo representação é aqui entendido como um modo de produção de significados na cultura. Processo este que se dápela linguagem e implica, necessariamente, relações de poder. "Representação, nessa perspectiva, envolve as práticas designificação e os sistemas simbólicos através dos quais estes significados

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