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O Cimento e Meio Ambiente

Por:   •  6/8/2015  •  Artigo  •  6.688 Palavras (27 Páginas)  •  235 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Alterações climáticas e aquecimento global são termos cada vez mais utilizados nos dias que correm. As evidências apresentadas pelos cientistas são diversas e dentre elas se destaca o fenômeno do aumento da temperatura média do planeta. Embora o planeta já tenha passado por mudanças climáticas anteriormente, devido a fatores naturais, é praticamente consenso no meio científico que o clima da Terra já está passando por mudanças importantes.

De acordo com o relatório do IPCC [1] de 2007, as atividades humanas são as principais responsáveis pelo desencadeamento do aquecimento global verificado nas últimas décadas. Dentre as atividades humanas, o próprio IPCC destaca os sete setores principais responsáveis e, também, os virtuais candidatos a apresentarem soluções para o problema: agricultura, florestas, resíduos, energia, indústria, transporte e construção civil (SANTO, 2010).

 O caso da construção civil é particularmente notável: o setor responde por 40% do consumo de energia, 30% do uso de matérias-primas, 20% da água e 10% de toda a superfície do planeta. O setor também responde por 40 % das emissões globais, 30 % dos resíduos sólidos gerados e 20 % dos efluentes líquidos lançados nos corpos d'água. Sem dúvida, o impacto ambiental é enorme. Quando considerada a vida útil das construções, o impacto em cada país é de 25 a 40 % de toda a energia consumida, 30 a 40% de todo resíduo sólido gerado e 30 a 40% das emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) (SANTO, 2010).

Por se objeto desta pesquisa buscar referências científicas sobre a produção de cimentos ecologicamente corretos, há que se reconhecer, obrigatoriamente, que o setor da construção se caracteriza por grande consumo de recursos e grandes emissões gasosas, sendo responsável pela aplicação de um dos materiais mais usados mundialmente, o concreto, em cuja produção é usado material associado à grande emissão de: o cimento.

O IX Encontro Nacional sobre gestão empresarial e meio ambiente realizado em Curitiba no mês de novembro de 2007 trouxe para debate a avaliação de emissões de CO2 na construção civil, através de Theodozio Stachera Jr e Eloy Fassi Casagrande Jr, representantes do Departamento de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em que foi constatado, após pesquisas realizadas, que somente a indústria do cimento é responsável por 10% de todas as emissões de CO2 no Brasil (JOHN, 2005), já para Isaia e Gastaldini (2004) o cimento consome 5,5 Gj de energia e libera, aproximadamente, 1 t de CO2 por tonelada de clinquer correspondendo entre 5 e 8% do total emitido anualmente para atmosfera. Para Soares (1998) a indústria do cimento consumiu cerca de 4,4% da energia do setor industrial e constitui-se num dos grandes contribuintes às emissões de CO2. Para Demanboro et al (2003) a indústria do cimento responde por cerca de 7% da emissão anual de gás carbônico (CO2) na atmosfera e na produção de cada tonelada de cimento, são lançadas 0,6 tonelada de CO2 no ar. Somente o Brasil, com uma produção anual de 38 milhões de toneladas de cimento Portland (comum), libera para a atmosfera aproximadamente 22,8 milhões de toneladas/ano de gás carbônico (TOLEDO, 2004).

Outro ponto relevante é a questão de significativo aumento de produção de cimento. Os cenários apontam para crescimento de 327% a 457% em 2030 com relação a 1990 (LIMA, 2010).

Diante destes dados, este trabalho encontra seu objetivo principal na análise de um panorama atual em torno dos temas: aquecimento global, emissão e redução de CO2 no setor cimenteiro, produção de cimentos ecologicamente corretos, bem como as possibilidades encontradas como supostas soluções para a melhoria do problema, disponibilizadas nas bibliografias relativas ao tema da pesquisa.

Este trabalho justifica-se, ainda, por ser fonte de discussão a aplicação de novos métodos de produção de cimento que tragam benefícios ambientais. A busca por soluções para a redução de emissão de CO2 na produção do cimento passa necessariamente, pelas questões do desenvolvimento sustentável.[2]

1. O CIMENTO

1.1 Definição de cimento

A palavra cimento é originada do latim caementu, que designava na velha Roma espécie de pedra natural de rochedos e não esquadrejada. A origem do cimento remonta há cerca de 4.500 anos. Os imponentes monumentos do Egito antigo já utilizavam uma liga constituída por uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem vulcânica da ilha grega de Santorino ou das proximidades da cidade italiana de Pozzuoli, que possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água. (BATTAGIN, 2009)

O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756 pelo inglês John Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. (BATTAGIN, 2009)

No Brasil, estudos para aplicar os conhecimentos relativos à fabricação do cimento Portland ocorreram aparentemente em 1888, quando o comendador Antônio Proost Rodovalho empenhou-se em instalar uma fábrica na fazenda Santo Antônio, de sua propriedade, situada em Sorocaba-SP. Várias iniciativas esporádicas de fabricação de cimento foram desenvolvidas nessa época. Assim, chegou a funcionar durante apenas três meses, em 1892, uma pequena instalação produtora na ilha de Tiriri, na Paraíba, cuja construção data de 1890, por iniciativa do engenheiro Louis Felipe Alves da Nóbrega, que estudara na França e chegara ao Brasil com novas ideias, tendo inclusive o projeto da fábrica pronto e publicado em livro de sua autoria. Atribui-se o fracasso do empreendimento não à qualidade do produto, mas à distância dos centros consumidores e à pequena escala de produção, que não conseguia competitividade com os cimentos importados da época. (BATTAGIN, 2009)

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