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O DESIGN THINKING NO DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE APRECIAÇÃO ERGONÔMICA PARA CANTEIROS DE OBRAS

Por:   •  10/5/2019  •  Artigo  •  2.108 Palavras (9 Páginas)  •  222 Visualizações

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O DESIGN THINKING NO DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE APRECIAÇÃO ERGONÔMICA PARA CANTEIROS DE OBRAS

Marcello Silva e Santos (1);

Marcelo Marcio Soares (2)

(1) UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda, Professor Doutor Responsável

e-mail: marcellosanto@hotmail.com 

(2)  UFPE – Universidade Federal de Pernambuco, Professor Titular

e-mail: soaresmm@gmail.com 

RESUMO

Esse artigo apresenta uma metodologia de avaliação ergonômica de atividades de trabalho, construída especialmente para Canteiros de Obras, concebida a partir do emprego de princípios de Design Thinking. Desta forma, o modelo apresentado incorpora o peso de uma abordagem participativa desde sua formulação inicial, tornando a técnica mais coerente e efetiva por incluir os próprios trabalhadores na concepção. Um caso real contextualiza o quadro teórico-empírico do experimento e ajuda na compreensão do sistema e seus elementos constituintes de coleta de dados e diagnóstico. Devido às características das atividades e do ambiente de trabalho, a abordagem serviu bem às necessidades associadas aos processos de Gestão de Saúde Ocupacional, o que pode ser comprovado pela implementação do modelo.

ABSTRACT  

This paper outlines an experience in which a methodology for ergonomic assessment of work activities, especially designed for Construction Sites, is conceived based on Design Thinking conceptual action. Thus, the model carries the weight of a participatory demarche, making it more coherent and effective for bringing workers along on its making. A real case – an on-going construction work – was used to contextualize the experiment and help the full understanding of the model and its tools or instruments of data gathering and diagnostics. Due to the work environment and predominant job characteristics, this approach served well Occupational Heath Management purpose, as it was confirmed when the new system was implemented.  

1.        INTRODUÇÃO

O Design Thinking ainda é percebido por parte da academia como uma espécie de modismo, uma buzzword utilizada como estratégia de marketing visando alguma forma de vantagem competitiva (SANTOS & SOARES, 2014). De fato, o termo define um conceito relacionado às dimensões teóricas e práticas da ação projetual, incluindo abordagens em processos de gestão participativa em projetos. Assim, é possível aplicar a abordagem em Design Thinking, mais especificamente os mecanismos de Pensamento Abductivo (Abductive Thinking), em contextos de definição de programas e escopos relativos a qualquer forma de apreciação ergonômica. Em outras palavras, quanto mais complexidade um contexto ocupacional conter, mais a iteratividade será um recurso instrumental para a consolidação dos modelos de priorização e diagnóstico de condições de trabalho. Por sua vez, a acurácia no diagnóstico é crucial na formulação do plano de ação decorrente das avaliações em Ergonomia.

Portanto, a utilização da abordagem em Design Thinking permite também encontrar um modelo ou sistema adequado de avaliação especificamente destinado aos contextos mais complexos. A construção civil, mais especificamente o canteiro de obras, que é o seu lócus mais peculiar em termos de prática profissional, classifica-se como atividade industrial complexa em função da grande variedade e variabilidade presente nas diversas tarefas e funções ali existentes. Trata-se de um setor econômico de extrema importância, tendo o mesmo uma dimensão social que não deve ser relevada ao segundo plano. Ao mesmo tempo em que este segmento funciona como porta de entrada de milhões de brasileiros no mercado de trabalho, infelizmente ele representa o fim do percurso profissional de muitos. Em termos estatísticos, somente o setor de transportes é responsável por mais acidentes e patologias ocupacionais que a Construção Civil.

A complexidade também se apresenta a partir de outra característica bem peculiar do setor: a transitoriedade das operações. Um canteiro de obras funciona como uma planta industrial provisória, que irá atender um projeto único e gerar um produto impossível de ser totalmente replicado. Isso dificuldade a perenização da aprendizagem organizacional necessária aos processos de gestão de segurança e saúde ocupacional. Complementando, treinamentos e capacitações devem levar em conta essas particularidades, mantendo-se minimamente a eficácia dos programas de ergonomia e/ou daqueles normalmente chamados de SMS ou QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde).  

Esse estudo apresenta um modelo de apreciação ergonômica planejado especialmente para contextos transitórios na construção civil, permitindo assim não apenas a utilização de conceitos ou padrões recorrentes como a retroalimentação do modelo como um todo. Em síntese, o modelo parte da análise da atividade real, de  natureza observacional e sistêmica como deve ser toda análise ergonômica, passa pela priorização de ações e escolha de ferramentas de projeto, chega-se ao diagnóstico ergonômico e plano de ação e encerra-se com a consolidação e lançamento do banner de boas práticas, como será abordado ao longo desse texto.  

2.        FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os aspectos e impactos decorrentes de uma situação de trabalho são resultantes do processo de um tipo de ação ergonômica que convencionamos chamar de “Ergonomia de Correção” (IIDA, 2005). A Ergonomia de Correção é realizada a partir de observações rápidas e pontuais de postos de trabalho em uma dada situação de trabalho, portanto, o resultado dessas avaliações precisa obedecer certos critérios e uma ordem de prioridade baseada na severidade ocupacional.

O sistema de apreciação ergonômica utilizado foi construído a partir da metodologia SPM® desenvolvida pelo Laboratório GENTE, vinculado à COPPE/UFRJ (CHINA, 2009). O modelo SPM foi proposto inicialmente para intervenções em grandes organizações, ou seja, aquelas com alto grau de maturidade ergonômica (VIDAL, 2009). Do ponto de vista do projeto organizacional, ele funciona como ferramenta de otimização de gestão de projetos, não sendo restrito ao projeto de produto. Em contrapartida, a metodologia básica de ação remete aos princípios de ideação e concepção em Design, que se caracterizam pela grande iteração no desenvolvimento do processo e colaboração entre projetistas e usuários. A ideia principal dessa abordagem é o reconhecimento que parece haver uma relação entre os mecanismos de raciocínio criativo e ações colaborativas  e a eficácia dos resultados das ações empreendidas pelos Designers no curso de seus processos de trabalho. O planejamento convencional, bem como os modelos de tomada de decisão, flui de forma mais ou menos linear, bem diferente da dinâmica do pensamento criativo. De acordo com a teoria original do Design Thinking (BROWN, 2008), esquemas inovadores e ações de estímulo criativo-cognitivo são as formas mais efetivas de condução para qualquer démarche de projeto. Mesmo em ações operacionais associadas a uma decisão, essas estratégias trazem vantagens em comparação com os modelos algorítmicos, já que incorporam elementos essenciais trazidos por diferentes agentes envolvidos no processo. De fato, parece natural inferir que esse modelo deva ser o único possível quando a demanda envolve a satisfação de um usuário que não seja o projetista em si, afinal é o usuário final que irá receber os benefícios ou malefícios de um projeto. As ações projetuais derivam, em grande parte, de processos de gestão estratégica nas organizações, que definem e selecionam prioridades de projetos. Assim, é preciso equilibrar a implementação dessas ações top-down, evitando assim resultados incompatíveis com as necessidades dos usuários. Esse trabalho visa uma revisão bibliográfica que ajude na formulação de um modelo de condução de projetos associando o conceito de Design Thinking e ergonomia, eliminando as chances dos efeitos negativos associados ao chamado “Paradoxo Tecnológico” (DAFT, 1978; TRIST, 1981; SANTOS, 2014). Esse conceito está associado à escola sociotécnica de organização do trabalho, que objetiva analisar as implicações dos processos de implantação tecnológica no desempenho e motivação no trabalho.

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