A Zooplâncton na Química

Zooplâncton

As águas tanto marinhas quanto os rios e lagos são repletos de organismos planctônicos. Os zooplânctons são seres aquáticos que não realizam a fotossíntese, são constituídos pela parcela heterotrófica de organismos considerados consumidores primários (herbívoros) e predadores de variados níveis tróficos, sendo organismos de grande importância no meio ambiente, pois por estarem na base da cadeia alimentar e por terem um metabolismo relativamente elevado eles são capazes de influenciar processos ecológicos fundamentais como a ciclagem de nutrientes e magnitude da produção biológica.

Apesar de serem muitas vezes definidos como organismos de pouca mobilidade devido ao significado do termo plâncton, diversos deles podem se mover extensivamente no ambiente que se encontram (USP, 2004). Sendo assim, esses seres estão em função das condições ambientais, e não distribuídos aleatoriamente.

Diferentemente dos organismos encontrados em ambientes marinhos, o zooplâncton dos rios e lagos é composto de poucos grupos de invertebrados aquáticos, sendo animais pequenos, muitas vezes microscópicos, atingindo apenas alguns milímetros (UFRRJ, 2008).

Grande parte desses organismos, independentemente marinhos ou não, possuem um ciclo de vida relativamente curto, pois têm uma resposta rápida em relação às mudanças ocorridas no ambiente, como exemplo as mudanças climáticas de temperatura, ou fatores químicos, como a concentração de nutrientes e o pH. Assim, a composição e concentração dessas espécies em um meio podem ser de grande utilidade como indicador biológico da água (USP, 2002).

A comunidade zooplanctônica é constituída principalmente por protozoários, rotíferos, cladóceros, copépodos e larvas de insetos da família Chaoboridae (CETESB, 2000)

Protozoários

Os protozoários são seres exclusivamente formados por apenas uma única célula e seu tamanho pode variar entre 2 e 1000 μm. Estes animais apresentam regime alimentar diversificado, capazes de se alimentar de bactérias, matéria orgânica particulada, podem ser herbívoros, carnívoros ou até mesmo canibais (USP, 2004).

Na maioria dos lagos é frequentemente observada em determinadas épocas do ano a dominância dos protozoários. Eles têm papel fundamental na [pic 1]transferência de biomassa para zooplânctons maiores como os cladóceros e copépodos devido ao fato de se alimentarem de particulados orgânicos que não são assimilados pelos outros organismos, permitindo que a biomassa seja consumida por estes (FREITAS, 2009). Possuem um grande papel no consumo de bactérias, reduzindo assim o número delas em ambientes com grandes quantidades de matéria orgânica, e são muito eficientes na reciclagem de nutrientes essenciais. Além disso, são importantes no que se diz respeito aos processos de autopurificação de indicadores de sistemas de tratamento de água (USP, 2004).               [pic 2]

Rotíferos

[pic 3]Os rotíferos são seres multicelulares que pertencem ao grupo dos asquelmintes. Seu tamanho é maior que os protozoários, mas em contrapartida são os menores metazoários, tendo de 40 a 2000 m. Habitam em seus meios aquáticos a fase limnética, ou ainda, litorânea. Possuem diversidade em âmbito de hábitos alimentares, variando em carnívoros e herbívoros e podem se alimentar de algas, detritos, bactérias, sendo assim filtradores e também predadores de, por exemplo, protozoários, ou até mesmo com a possibilidade de serem parasitas (USP, 2004). Apresentam as mais diversificadas formas, fator conhecido como cicloformose, e entre esses organismos, observa-se um fenômeno interessante no reino animal, visto que o número de células constituintes em um corpo de um indivíduo de certa espécie é a mesma para todos os indivíduos dentro dessa mesma espécie. Além desse fato, quando o indivíduo nasce ele já dispõe de todas as células que terá quando adulto (FREITAS, 2009).

Por conta de suas adaptações reprodutivas, assim como ocorre com os protozoários, os rotíferos possuem grande vantagem em relação aos outros grupos zooplanctônicos, visto que tem um curto tempo de geração e sua reprodução ser principalmente partenogenética.[pic 4]

Esses organismos também possuem grande importância na cadeia trófica como condutores no fluxo de alimentos, sendo ativos na produtividade secundária e ciclagem de nutrientes essenciais. Podem também servir de alimento para filhotes de muitas espécies de peixes, através da piscicultura. Devido à sua função detritívora, muitas espécies ajudam na filtragem e depuração de ambientes organicamente poluídos. Sendo assim, exercem a atividade de indicadores da qualidade da água (USP, 2004).

Cladocera

[pic 5]Os cladóceros são crustáceos da ordem Cladocera, e geralmente possuem entre 0,2 e 3 milímetros, e como no caso dos rotíferos, também estão dentro do fenômeno de ciclomorfose. Em sua maioria são habitantes litorâneos dos ecossistemas de água doce (seres bentônicos), apesar de algumas poucas espécies serem consideradas parte da comunidade planctônica (que vivem no fundo da água). Em questão de alimentação, as espécies bentônicas são “raspadoras”, consumindo a matéria orgânica de plantas, sedimentos, etc. Já as espécies planctônicas se alimentam de fitoplâncton, bactérias e detritos, e por esse motivo, são consideradas filtradoras por excelência. São raras as espécies predadoras (FREITAS, 2009).