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A Cadeia Agroindustrial Sucroalcooleiro

Por:   •  16/3/2021  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.495 Palavras (18 Páginas)  •  91 Visualizações

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Cadeia agroindustrial – Sucroalcooleiro

A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), é extremamente eficaz na fixação do CO2 e no uso de água e de nutrientes, portanto indicada para regiões tropicais, o que 75Meio Ambiente, Desenvolvimento Regional e Educação Caderno de Publicações 7 contribui significativamente para a fixação do CO2 atmosférico e para a redução na taxa de aquecimento global. Para responder com alta produtividade, a cana-de- açúcar requer solos corrigidos e equilibrados, daí não se adaptando à condição de cultura pioneira. No Brasil, encontra condições climáticas favoráveis para se desenvolver em quase todo território, exceto no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, por força do risco de geadas (CAMARA e OLIVEIRA, 1993, apud VIEIRA JUNIOR et al., 2009).

A atividade canavieira nacional vive hoje uma das melhores fases de sua longa história. As safras brasileiras de cana-deaçúcar, em 2007 e 2008, foram superiores às dos anos anteriores em todas as regiões, apresentando-se predominantemente alcooleira: 53% do total a ser esmagado irá para a extração de 20,8 bilhões de litros de álcool e 47% será destinado à fabricação de 29,6 milhões de toneladas de açúcar (Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, 2007). Foram colhidas 549,9 milhões de toneladas de cana, volume 15,8% superior ao do ciclo passado, configurando uma das maiores safras já ocorridas no País (SATOLO e DIEHL, 2008).

Tal expansão ocorreu de forma heterogênea, até mesmo no interior das regiões produtoras: na região Norte-Nordeste, por exemplo, a maior parte do incremento observado na produção de 1940 a 1960 pode ser atribuído a Pernambuco, enquanto o Estado de maior projeção entre 1970 e 1990 é Alagoas; no Centro-Sul, a hegemonia paulista nem sequer chega a ser ameaçada pelo crescimento observado na produção de todos os demais Estados da região, vistos em seu todo.

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Gráfico 1 – Evolução da produção de cana-de-açúcar no Brasil, por região produtora (anos selecionados). Fonte: IBGE (2007, apud Satolo, 2008).

Atualmente, a expansão sucroalcooleira tendeu a se concentrar nos Estados do Centro-Sul, particularmente São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com a área plantada com cana-de-açúcar passando, nessa região, de 3,73 milhões de hectares, em 2000, para 5,02 milhões de hectares, em 2006, crescimento de 34,6% (IBGE, 2008). Para isso, foram sendo ocupadas áreas destinadas, anteriormente, a outras atividades agropecuárias, quando não com pastagens. Também têm-se observado a intensificação da mecanização da lavoura canavieira, com destaque para o crescimento da área colhida com máquinas, que passou de 16%, em 1997, para 34%, em 2006, no Centro-Sul (PAES, 2007, apud BACCARIN, 2008). Para o Centro-Sul do Brasil, região que concentra cerca de 90% da produção sucroalcooleira do País, a Conab (2008) projetou a safra de cana 2009/2010 entre 557,7 e 569 milhões de toneladas, ante 506,7 milhões no ano anterior. A produção de álcool do Centro-Sul foi estimada em 25,6 e 26,4 bilhões de litros, contra 24,3 bilhões em 2008/2009, enquanto a de açúcar foi projetada entre 31,8 e 33,1 milhões de toneladas, diante dos 27,1 milhões no ano de 2008.

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Tabela 2. Produção média de cana-de-açúcar, açúcar e álcool dos grupos sucroalcooleiros, Centro-Sul do Brasil, safras 1999/00 e 2006/07. Fonte: Elaborada com os dados básicos de Jornal da Cana (2000; 2007), apud Baccarin et al. 2009)

Apesar do aumento do volume total, que pode chegar a 10% no Brasil, a Conab (2008) expõe que a crise econômica afetou o setor e fez com que ocorresse menor investimento nos canaviais. Entretanto, o crescimento da produção ocorreu em, praticamente, todos os Estados no Centro-Sul, com destaque para Goiás (47,3%), Mato Grosso do Sul (28,7%), Paraná (20,2%) e Minas Gerais (14,9%).

Conforme Vieira Junior et al. (2009), os Estados da região Centro-Oeste, sobressaindo Goiás, tem a maior produtividade, porém com área colhida menor que a do Estado do Mato Grosso. Essa situação pode ser atribuída ao rendimento da cultura, o qual cresceu em taxa superior ao ocorrido em Mato Grosso4 e ao Mato Grosso do Sul, como consequência da logística privilegiada desse Estado para escoamento da produção, a qual estimulou investimentos em tecnologia. O aumento da produção de canade-açúcar em Goiás, somado ao aumento no rendimento da cultura, foi consequência da expansão de área (4,7% a.a. entre 1970 e 2005), que se deu em detrimento das áreas de outras culturas temporárias.

Conforme Vieira Junior et al. (2009), a expansão da produção de cana-de-açúcar provocará o deslocamento da produção agrícola nas regiões Centro-Norte e Leste do Estado de Mato Grosso do Sul. Assim, é possível que a cana-de-açúcar, que ocupou 4,2 e 9,1% da área colhida com culturas temporárias em 2005 nas regiões citadas, venha a encampar áreas cultivadas com soja e milho, culturas que ocuparam cerca de 65% e 11%, respectivamente, da área colhida com culturas temporárias em 2005, no atinente às duas regiões.

[pic 3]

O Sistema Agroindustrial (SAG) da cana-de-açúcar é um dos mais antigos, amarrado que está aos principais eventos históricos, por ser de enorme importância ao Brasil. O país é, juntamente com a Índia, o maior produtor mundial de cana-de- -açúcar. Isoladamente, é o maior produtor de açúcar e de álcool e o maior exportador mundial de açúcar. Na produção de cana-de-açúcar, basicamente, dois subsistemas regionais convivem no Brasil, um no Centro-Sul e outro no Norte-Nordeste, sendo o primeiro mais competitivo e dinâmico que o segundo. Diante disso, os principais produtos gerados pelo SAG são o açúcar, o álcool e outros subprodutos, conforme se depreende, resumidamente da visão de Waack e Neves (1998).

I) Açúcar – extraído através do caldo proveniente do esmagamento da cana-de-açúcar, com posterior branqueamento, decantação, evaporação, flotagem e cristalização. Existem diversos tipos de açúcar para diversos destinos, seja para o consumidor final (refinarias), seja para os diversos segmentos do mercado industrial de alimentos e bebidas, cada qual com seu valor no mercado, além das tradings, principal canal de exportação. Da sucroquímica, podem-se extrair glicose, frutose, glicerina, ácidos, sorbitol e sucralose, entre outros. De outras fermentações, podem-se obter acetonas, antibióticos (penicilina, tetraciclinas), enzimas industriais (amilases, proteases), vitaminas (C, B2, B12), aminoácidos (lisina, fenilalanina) e insumos biológicos para a agricultura (bioinseticidas e fertilizantes).

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