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ARTIGO - GESTÃO DO CONHECIMENTO

Por:   •  26/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  6.263 Palavras (26 Páginas)  •  589 Visualizações

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PARTE 1 – PANORAMA GERAL DA GESTÃO DO CONHECIMENTO

CAPÍTULO 1 – DEFINIÇÕES ESSENCIAIS

O grande desafio, então, é identificar tais práticas de conhecimentos, definir suas metas e descobrir não apenas como adquirir conhecimento, mas também como desenvolvê-lo internamente, compartilhá-lo, utilizá-lo, preservá-lo e mensurar seus resultados de modo tangível (financeiramente, por exemplo) ou intangível (desenvolvimento de pessoas).

Uma coisa interessante sobre o conhecimento é que , independente do contexto, ele não é fácil de definir.

A confusão entre dado, informação e conhecimento – em que diferem e o que significam – gera enormes dispêndios com iniciativas de tecnologia que raramente produzem resultados satisfatórios. [...] Por mais primário que possa soar, é importante frisar que dado, informação e conhecimento não são sinônimos. O sucesso ou o fracasso organizacional pode depender de se saber qual deles precisamos, com qual deles contamos e o que podemos ou não fazer com cada um deles. Entender o que são esses três elementos e como passar de um para o outro é essencial para a realização bem-sucedida do trabalho ligado ao conhecimento.

        Um aspecto essencial da informação – muitas vezes relegado a segundo plano mas empresas – é que ela, assim como o conhecimento, é criada de forma dinâmica nas interações sociais entre os sujeitos. Por essa razão, tanto a informação quanto o conhecimento são considerados relacionais e específicos ao contexto (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

        Bem como em Davenport e Prusak (1998), podemos dizer que há duas maneiras de avaliar a informação. A primeira é a avaliação quantitativa, ou sintática, na qual o foco está sobre o fluxo de informação. No segundo tipo de avaliação, qualitativa ou semântica, o importante é a qualidade da informação, ou seja, seu significado.

        É fácil perceber que avaliações quantitativas/sintáticas podem ser facilmente executadas por computadores, enquanto as qualitativas/semânticas dependem profundamente de um julgamento humano.

        Em linhas gerais, conhecimento é o resultado de um processamento da informação complexo e altamente subjetivo. Ao ser absorvida, ela interage com processos mentais lógicos e não lógicos, experiências anteriores, insights, valores, crenças, compromissos e inúmeros outros elementos que subjazem na mente do sujeito. Conscientemente ou não, ele usa seu aparato psíquico para trabalhar a informação e, a partir daí, tomar uma decisão de acordo com o contexto no qual está inserido. Nesse sentido, o conhecimento se configura nessa tomada de decisão.

        [...] o conhecimento, ao contrário da informação, diz respeito a crenças e compromissos. O conhecimento é uma função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica, [...] o conhecimento, ao contrário da informação, está relacionado à ação. É sempre o conhecimento “com algum fim”. [...] Consideramos o conhecimento como um processo humano dinâmico de justificar a crença pessoal com relação à “verdade”.

        O Conhecimento explícito, trata-se de um conhecimento cristalizado que pode ser transmitido por palavras, números, fórmulas etc.; pode, enfim, ser ministrado em aulas e palestras. Nesse sentido, o conhecimento explícito é mensurável, além de ser mais racional e teórico.

        O conhecimento tácito não é um conhecimento palpável, muito menos explicável. Ele é profundamente pessoal e, por isso, muito mais difícil de ser compartilhado. Uma das definições usadas por Nanaka e Takeuchi (2008ª, p.19) para conhecimento tácito é:

        O conhecimento tácito [...] é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de comunicação e compartilhamento dificultoso. As intuições e os palpites subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos ideais que ele incorpora.

        Após a Segunda Guerra Mundial, a sociedade mudou gradativamente o foco da indústria para os serviços e, em seguida para a informação. Peter Drucker foi um dos primeiros teóricos a entender, ainda nos anos 1960, que o conhecimento serviria de base para os setores de produção, serviços e informações e que caberia às organizações o papel de criar conhecimentos de diversas maneiras para continuarem ativas (DRUCKER, 1994).

        Drucker também considerou, por um lado, que as habilidades não podem ser explicadas por palavras, mas podem ser aprendidas pela experiência, e, por outro, que métodos científicos permitem a conversão de experiências em sistemas, histórias em informações e habilidades em algo capaz de ser aprendido e ensinado. Dessa forma, um considerável avanço de seu pensamento reflete-se no que podemos entender como um esboço da conversão do conhecimento tácito em explicito.

        Basta, então, entender que as teorias de Drucker e Senge foram importantes para criar o cenário propício ao surgimento da gestão do conhecimento.

        A teoria da criação do conhecimento, por outro lado, concentra-se em como as organizações podem criar conhecimento dentro delas mesmas, e usá-lo para inovar não só seus processos e produtos , mas também o próprio meio no qual se inserem. Assim, afirmam Nonaka e Takeuchi (1997, p. 61):

        Quando as organizações inovam, elas não só processam informações, de flora para dentro, com o intuito de resolver os problemas existentes e se adaptar ao ambiente em transformação. Elas criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, a fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções e, nesse processo, recriar seu meio.

        Por outro lado, é claro que a gestão do conhecimento não torna a organização capaz de criar conhecimento com hora marcada. O que ela faz é propiciar a gestão sistêmica do processo de criação de conhecimento.

        De maneira genérica, qualquer contexto organizacional é composto por quatro elementos: cultura, valores, linguagens e espaço. É impossível não relacionar esses elementos com o conhecimento. De uma maneira ou de outra, todo contexto produz conhecimento. Mas não é qualquer contexto que produz conhecimento competitivamente vantajoso para a organização.

Voltando a nossos tempos globalizados, precisamos considerar a afirmação de Nonaka e Toyama (2008, p.99, com grifo nosso) sobre a criação de conhecimento:

        [...] o processo de criação do conhecimento é, necessariamente, específico ao contexto em termos de tempo, espaço e relacionamento com outros. O conhecimento não pode ser criado no vácuo, e necessita de um lugar onde a informação receba significado através da interpretação para torna-se conhecimento.

        “O que subjaz aqui é que o conhecimento está ligado á ação – ele existe e serve para fazer algo”. É bom repetirmos isso aqui para lembrá-lo, estimado leitor, que a gestão do conhecimento não é algo isolado no campo conceitual ou teórico; ao contrário, ela também apresenta um forte aspecto pragmático. Afinal, o sucesso de seu funcionamento depende tanto do entendimento e da incorporação desses conceitos quanto de sua aplicação prática no cotidiano da organização.

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