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Empresa Familiar - Conhecimento e Aprendizado

Por:   •  6/9/2018  •  Artigo  •  4.581 Palavras (19 Páginas)  •  247 Visualizações

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Empresas familiares – conhecimento e aprendizagem

José Manoel Vidal Piñeiro

Resumo

Este artigo procura analisar as empresas familiares, que longe de serem instituições anacrônicas, ocupam espaço importante na economia. É fácil notar, contudo, as dificuldades que a empresa familiar tradicional passa pressionada pela momento econômico de abertura de mercados e globalização. Procuramos entender, neste artigo, os processos pelos quais se dá a aprendizagem e a incorporação / criação do conhecimento como alternativas de sustentabilidade e continuidade.

Palavras-chave: empresa familiar, conhecimento, aprendizagem.

Introdução

Uma análise da empresa familiar em nível mundial revela grande heterogeneidade, tanto no seu tamanho e grau de competitividade quanto nos ambientes econômicos em que atua. Existem desde pequenas e médias empresas, especializadas e altamente competitivas, ocupando posições de destaque em nichos do mercado mundial, enfrentando desafios postos pela globalização, até grandes conglomerados que cresceram e se acomodaram em mercados protegidos e que precisam reformular suas atividades para concorrer num regime de abertura econômica.

Apesar de grande parte dessas empresas estar sujeita às ameaças externas provenientes de mudanças de padrões de concorrência dos mercados em que atuam e nos regimes econômicos que as cercam, é evidente que a empresa familiar tradicional, estruturada na visão econômica, defronta-se com uma problemática própria à instituição que tem implicações para sua sobrevivência, envolvendo questões como sucessão, gestão profissional e abertura de capital.

À medida que a chamada economia industrial incorpora o conhecimento como fator de produção, muitos administradores tradicionais descobrem que as antigas atitudes e hábitos de sucesso se tornam cada vez mais contraproducentes. Isto também é verdade em relação às empresas familiares. Para tanto, a empresa familiar requer de seus dirigentes a intervenção gerencial que faça com que a empresa tenha vida própria, relativamente à família; que faça com que os membros da família reconheçam claramente o que é do domínio da empresa e o que é do domínio da família.

Este artigo explora a possibilidade que a empresa familiar veja-se como uma instituição educacional, de difusão do conhecimento e constante aprendizagem, enquanto meio para a sobrevivência do negócio.

A empresa familiar

O tema empresa familiar, principalmente a brasileira, nos remete imediatamente à imagem de protecionismo governamental e paternalismo nas relações organizacionais, formando uma visão negativa em torno desse tipo de organização, o que não é verdade atualmente, apesar de ter sido na sua origem.

Definir o que é uma empresa familiar não é uma tarefa trivial. Para Bernhoef (1987), definir empresa familiar apenas como aquela que tem origem e história vinculadas a uma família ou que mantém membros da família na administração dos negócios é algo exageradamente simplista. Bernhoef (1987) destaca a empresa familiar como um ideal (do fundador) que deu certo.

A empresa é chamada de familiar, segundo Donnelley (1967), quando esta, tenha estado ligada a uma família pelo menos durante duas gerações, e quando essa ligação resulta da influência recíproca. Lodi (1993) reforça o conceito de Donnelley enfatizando que o nascimento da empresa familiar ocorre, geralmente, com a segunda geração de dirigentes, ou porque o fundador pretende abrir caminho para eles ou porque os futuros sucessores precisam criar uma ideologia que justifique a sua ascensão ao poder.

Partindo da visão de Lodi, Macêdo (2001, p. 27) afirma que: “Se uma empresa só pode ser qualificada como familiar a partir da segunda geração do fundador, necessariamente deverá vivenciar, por pelo menos uma vez, o processo sucessório para se tornar uma empresa familiar. E, provavelmente, esse processo sucessório irá envolver membros da família e desencadear, por isso mesmo, toda uma problemática ao mesmo tempo emocional – por se relacionar com aspectos familiares - e empresarial – por se relacionar também com sua instrumentalidade enquanto empresa.”

Um critério mais adequado se encontra na relação entre propriedade e controle. Com base neste enfoque, pode-se definir empresa familiar como aquela em que um ou mais membros de uma família exerce(m) considerável controle administrativo sobre a empresa, por possui(írem) parcela expressiva da propriedade do capital. Uma estreita relação entre propriedade e controle é visível, sendo que o controle é exercido justamente com base na propriedade (Martins, 1999). Esta visão tem semelhanças com a de Gracioso (1998), para quem a propriedade não é suficiente para definir empresa familiar, sendo necessária, também, a existência de uma estrutura gerencial na qual a maioria dos cargos-chave é preenchida por membros da família proprietária.

Ao analisarmos os diversos autores chegamos à conclusão que a empresa familiar é uma estrutura formada pela superposição de três sistemas: o sistema familiar, o sistema da propriedade e o sistema organizacional. Esta superposição cria diferentes possibilidades de participação na empresa familiar.

Segundo Gersick (1997), para a maior parte das pessoas, as coisas mais importantes das suas vidas são a família e o trabalho. As empresas familiares reúnem relações familiares e laborais e, portanto, são universos complexos, os quais devem ser entendidos sempre com olhares que se alternam entre a focagem no todo e a percepção sobre o funcionamento das partes.

Da mesma forma que o indivíduo e a família, cada empresa familiar possui um ciclo de desenvolvimento. No ciclo vital da empresa familiar influem, de forma direta, aspectos do próprio negócio, da situação do mercado no qual a empresa se situa e, principalmente, as relações estabelecidas na família e as questões individuais de cada sujeito. As possíveis estabilidades e/ou instabilidades vividas pela empresa e/ou família são o resultado de escolhas e comportamentos de outras fases do ciclo.

Com o passar do tempo, de acordo com as modificações que ocorrem, ou não, os resultados podem alterar-se ou permanecer essencialmente igual. Para Gersick (1997), os dilemas mais importantes enfrentados por empresas familiares são os causados pela passagem do tempo, através de diferentes fases do ciclo vital da organização. A passagem do tempo numa empresa familiar pressupõe um movimento de transição no qual, alguém que nasceu na família

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