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Modelos Teóricos: Aristóteles em Adela Cortina

Por:   •  24/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.194 Palavras (9 Páginas)  •  267 Visualizações

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2.1. Modelos Teóricos: Aristóteles em Adela Cortina

O capítulo Inica-se com uma citação de Imaginativamente la realidade. A. Cortina. Por una Ética del Consumo

Onde Adela Cortina  diz  que a ética em um primeiro momento tem por objetivo nos mostrar como fazermos boas escolhas, e não apenas uma boa tomada de decisão em um momento específico , mas ao longo de toda a nossa vida , por isso , desde a Grécia, a ética convida a preparar um bom caráter , para fazer boas escolhas.

No modelo de ética aristotélica apresentado por A. Cortina , o sentido ético pode ser entendido como uma processo de tomada de decisão que diz respeito a que é factual, principalmente ao desempenho das atividades que o homem promove ao longo da sua vida e que determinam o seu modo de vida, numa relação em que agir é entendido como horizonte prático onde a felicidade do indivíduo é causa final da ação ética.

Aristóteles considera a decisão de uma forma dúplice: ela é simultaneamente um ato que pertence ao próprio indivíduo que a pratica, mas também um meio para atingir um fim pelo qual se anseia. Segundo Aristóteles, para que a decisão seja boa, e tomando a decisão como um ato voluntário (encontram o seu princípio motivador no próprio agente, pelo que a prática de boas ou más ações pertence-lhe pela totalidade, isto é, ocorrem em função da sua decisão.), é necessária a existência de um sentido orientador no âmbito do um processo de pensamento que Aristóteles designa por “saber deliberar – ou seja, saber decidir sobre as ações que podemos praticar”.  

Para Aristóteles, o homem delibera sobre matérias em que ele próprio está envolvido, e que, portanto, dependem de si, pelo que deliberar pressupõe uma reflexão sobre os melhores meios para atingir o fim almejado, mas não sobre o fim, isto é, o fim nunca está em causa, conforme se observa na seguinte passagem:

 “Parece, por conseguinte, (…) ser o Humano o princípio das ações e que a deliberação tem como objeto as ações susceptíveis de serem praticadas pelo próprio. Assim, o fim não poderá nunca ser objeto de deliberação, apenas o são os meios em vista da sua obtenção”.  

“Desde a sua origem grega, à ética cabe distinguir o mundo humano entre “temperamento” (pathos), constituído por aqueles sentimentos e atitudes com que se nasce e que não se podem modificar (a dimensão passiva da pessoa), e o “carácter” que cada um vai forjando, o modo de ser de que cada um se vai apropriando ao longo da sua vida ao fazer sucessivas escolhas num sentido”.

Diz-nos Aristóteles que “na verdade, simplesmente completo é aquele fim que é sempre escolhido segundo si próprio e nunca como meio em vista de qualquer outro. Um fim deste género parece ser, em absoluto a felicidade. De facto, nós escolhemos sempre a felicidade por causa dela mesma, e nunca em vista de outro fim para além dela.”  - pode ser usado no slide.

- por exemplo a busca pela riqueza (um fim) para se tornar feliz (um fim) , neste caso a busca pela riqueza torna-se um meio.

Todas as organizações possuem uma legitimidade que corresponde à sua existência na sociedade, e que resulta do bem que proporcionam à sociedade que as acolhe, motivo pela qual o seu fim não é a felicidade, mas sim um fim social. O sentido das actividades protagonizadas pelas organizações é determinado pelas suas metas de acordo com a sua finalidade social. Entre organizações e pessoas existe uma diferença emanada das suas próprias existências. A legitimidade de existência das organizações resulta do bem que essas mesmas organizações proporcionam às comunidades onde se inserem, enquanto as pessoas não necessitam de legitimar a sua existência. Mas se a legitimidade nas organizações é conferida pelo exterior e pelo bem que proporcionam, tal significa que o seu fim é inerente ao estabelecimento de metas que possibilitem a sua realização, nunca perdendo de vista que a legitimidade social que possibilita a sua existência pode desfazer-se.

2.2. Modelos Teóricos: Habermas em Adela Cortina

O saber ético, segundo A. Cortina, difere do saber técnico na medida em que o saber técnico se encontra circunscrito a momentos e contextos espaço-temporais definidos perante a necessidade de “obter um objeto ou conseguir um efeito determinado”. Já o saber ético, diz respeito a uma “atuação racional para o conjunto da vida”, constituindo-se como um saber prático cuja preocupação fundamental consiste em perceber “o que devemos fazer, como devemos orientar a nossa conduta”.

A ação racional evocada por A. Cortina acompanha a teoria defendida por Habermas, segundo a qual “o discurso prático é visto como uma forma exigente da formação argumentativa da vontade que deve garantir unicamente em função dos pressupostos gerais da argumentação, a correcção (justiça) de todo o consenso normativo possível sob essas condições. O discurso pode desempenhar este papel graças às assunções ideais que os participantes têm, de facto, de fazer na sua prática argumentativa. (…) É possível conceber o discurso prático como um processo de comunicação que, pela sua forma, exorta todos os intervenientes a uma assunção simultânea dos papéis ideais.”

A. Cortina e Habermas consideram a racionalidade da acção humana como fundamento para o processo de decisão ética, e, segundo Habermas, apenas possível num contexto em que os diferentes sujeitos assumem consciência de si próprios num plano de reciprocidade de relações com o outro, no qual se concretiza a formação da autoconsciência mediante a acção comunicativa.  

Nas sociedades capitalistas, a expressão da racionalidade presente na consciência “astuta” fomenta o desenvolvimento da técnica e a sua aplicação nas formas de vida. O tecido social passa a estar sujeito a decisões que obedecem a padrões racionais de organização e instrumentalização das diferentes ações do sujeito. A intensa e progressiva racionalização gerada no interior das sociedades capitalistas, promovem a legitimidade técnica e científica, utilizando o argumento do progresso e do bem-estar social, submetendo desta forma o agir humano à ação instrumental da tecnociência.

“Quem não reflete antes de atuar sobre os distintos cursos da ação e seus resultados, quem não avalia qual deles é mais conveniente, e quem por último atua contra a decisão que ele mesmo refletidamente tomou, não age racionalmente”, afirma A. Cortina.

Habermas, ao defender a formação da razão humana no âmbito do processo comunicativo, invalida a possibilidade de existência de normas morais fora do processo comunicativo, uma vez que, segundo o modelo defendido pela ética do discurso, apenas os indivíduos afetados pelas normas podem decidir quanto à validade das mesmas.  

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