TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A alma segundo arist´teles

Por:   •  28/6/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.709 Palavras (7 Páginas)  •  1.165 Visualizações

Página 1 de 7

. O conceito de alma e sua tripartição

Aristóteles em seus estudos sobre a natureza das coisas, além de se preocupar com o estudo do universo físico, seus princípios e sua estrutura, também dedicou tempo para o estudo dos seres que habitam este universo (REALE, 2007). O estudo sobre estes seres encontra-se sobre tudo em um dos seus tratos mais célebres, denominado De anima, um escrito de sua “psicologia” que é determinada pelo conhecimento da distinção do ser, que para o filósofo se divide em seres inanimados, animados e animados dotados de razão (homem). Segundo o próprio Aristóteles, o estudo dos viventes é parte importante para filosofia da natureza e “comporta, portanto, não somente o estudo do corpo orgânico dos animais, mas principalmente o da alma. E o estudo da alma, para ser perfeito, deve considerar antes de tudo a alma humana, distinguindo nela os diferentes graus de vida” (PHILIPPE, 2002, p. 143). Pode-se então assinalar o que o próprio Aristóteles escreve no inicio de seu tratado da alma, o De anima:

Supondo o conhecimento entre as coisas belas e valiosas, e um mais do que outro, seja pela exatidão, seja por ter objetos melhores e mais notáveis, por ambas as razões o estudo da alma estaria bem entre os primeiros. Há inclusive a opinião de que o conhecimento da alma contribui bastante para a verdade em geral e, sobretudo, no que concerne à natureza; pois a alma é como um princípio dos animais. (ARISTÓTELES, 2006, p. 45)

É importante deixar claro que o filósofo no seu tratado da alma dá mais ênfase aos seres animados, ou seja, que possuem vida. Visto que para ele os seres animados diferenciam-se dos seres inanimados devido à existência de um principio que lhes atualiza á vida, um princípio animador, que no De anima é o objeto de investigação de Aristóteles. Então surge a primeira pergunta: O que na realidade confere vida aos seres, para que se possa existir essa distinção de ser animado e não-animado? Aristóteles sugere que seja a alma. Porém desta sua sugestão nos aparece outra questão: O que é a alma?

O filósofo, na sua reflexão acerca do que seja a alma, inicia sua investigação analisando “as opiniões de seus predecessores a respeito da alma” (PHILIPPE, 2002, p. 144). Ele não despreza tudo aquilo que já foi descoberto, mas antes busca estabelecer um pensamento crítico que se utilize de reflexões de seus predecessores que pareceriam corretas. Pode-se exemplificar esta situação com as palavras do próprio Estagirita:

No exame da alma, é necessário, ao mesmo tempo em que se expõem as dificuldades cuja solução deverá ser encontrada à medida que se avança recolher as opiniões de todos os predecessores que afirmaram algo a respeito dela, aproveitando-se o que está bem formulado e evitando aquilo que não está. (ARISTÓTELES, 2006, p. 49)

Tendo visto e analisado o que seus predecessores falam a respeito da alma, em seguida Aristóteles inicia a formulação de um conceito que responderia o que seria ela. “Para responder esta pergunta, Aristóteles remete-se à sua concepção metafísica hilemórfica da realidade” (REALE, 2007, p. 78). Utilizando-se desta sua concepção pode-se dizer que todos os seres animados, de uma forma geral, seriam um composto de matéria e forma. Nesta sua visão a matéria seria potência e a forma seria enteléquia ou ato e tudo isto aplicado aos animais nos ajudaria a inquirir que: como o corpo vivo tem vida, mas não é vida, portanto seria o corpo um substrato material e potência na qual a alma seria o princípio que dá forma e vida (ato). Vejamos o que diz o próprio Aristóteles:

A alma não é corpo, pois o corpo não é um dos predicados do substrato, antes, ele é o substrato e a matéria. É necessário, então que a alma seja substância como forma do corpo natural que em potência tem vida. E a substância é atualidade. Portanto, é de um corpo de tal tipo que a alma é atualidade. E por isso a alma é a primeira atualidade de um corpo natural que tem em potência a vida. (ARISTÓTELES, 2006, p. 71-72)

Assim o filósofo identifica que a alma é a primeira atualidade de um corpo natural que tem em potência a vida. Ou seja, principio vital de um corpo que “não possui em ato, por si mesmo, a vida, mas permanece capaz de recebê-la e de possuí-la graças à enformação da alma” (PHILIPPE, 2002, p. 145) e a responsável por torná-lo na aquilo que deve ser (ARISTÓTELES, 2006) sendo desta maneira a alma que lhe determina a forma material. O homem, por exemplo, possuí matéria (substrato) que é uma substância dita não determinada, ou seja, que não lhe dá a forma de um homem, porém que possuí em si também alma (forma), uma substância dita determinada, que é em si a forma-homem universal. Aristóteles com essa sua formulação desconstrói a visão de uma realidade inconciliável construída pela posição dualista platônica, onde o corpo e visto como cárcere da alma. O Estagirita por sua vez apresenta ao mundo grego uma relação ponderada entre a concepção de corpo e alma e ele com isso salva “a unidade do ser vivo” (REALE, 2007, p. 79).

Aristóteles também dirige sua atenção a outro fato, o de que a alma além de ser vista como primeira atualidade de um corpo natural que tem em potência a vida ela também é primeira atualidade de um corpo orgânico, visto que se deve levar em consideração que os corpos possuem órgãos responsáveis por funções especificas que fazem parte do composto do ser, como visão, audição, reprodução, intelecção, entre outros.

“Aristóteles não se contenta em tratar da alma como princípio radical de vida. Ele quer ainda precisar a ordem que existe na diversidade das operações vitais da alma.” (PHILIPPE, 2002, p. 150) Desta forma ele observa que analogamente ao composto geral do ser, matéria (substrato) e forma (alma), o olho, por exemplo, sendo órgão do composto é parte pertencente do corpo, e necessita possuir uma faculdade da alma que lhe atualiza a visão. Vemos então que como o corpo possui órgãos, da mesma forma a alma possui potências/faculdade que atualizam as funções dos órgãos, pois estes são requisitos para a vida. Assim o filosofo abre a reflexão sobre as partes da alma ou de suas faculdades que veremos agora.

O estagirita apresenta três faculdades da alma, sendo elas: A) a vegetativa, B) a sensitiva e C) a intelectiva ou racional que estão presentes nos seres vivos, porém não da mesma maneira ou de modo completo.

A

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.5 Kb)   pdf (53.4 Kb)   docx (14.8 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com