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PESQUISA: A Etnografia

Por:   •  5/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.434 Palavras (10 Páginas)  •  231 Visualizações

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PESQUISA: Etnografia

Jonata Ponciano Silveira
Reinaldo Andrini Machado
Roberta da Silva Neto de Morais

Tutor Externo: Professor Ramiro Quintão

Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI

Gestão Financeira (Emd0853) – Prática do Módulo I

18/12/2017

RESUMO

A pesquisa científica dispões de diferentes métodos para a sua realização, sendo a etnografia um deles. Esse método possibilita que o pesquisador aprofunde o seu conhecimento através do convívio pessoal com um determinado grupo a ser pesquisado, viabilizando uma interação plena, concomitante ao estudo e anotação das informações necessárias para uma posterior análise e descrição. Criado inicialmente para corrigir falhas das pesquisas efetuadas através de especulações da filosofia social, desde o seu surgimento, há pouco mais de um século, observa-se que o método etnográfico de pesquisa, desenvolvido para estudos dentro da antropologia, conquistou também outras áreas de estudo. Diversos produtos utilizados nos dias de hoje, tiveram suas tecnologias otimizadas com a ajuda da etnografia, a qual também se utiliza dessa mesma tecnologia para seguir ampliando e aprofundando seus estudos em campo.

Palavras-chave: Pesquisa etnográfica. Método de pesquisa. Etnografia.

1 INTRODUÇÃO

Quando falamos em pesquisa são vários os métodos utilizados em sua elaboração e prática, sendo os mais conhecidos: o método histórico, o comparativo, estudo de caso, estatístico ou matemático e a etnografia.

Neste estudo vamos nos aprofundar no método de pesquisa etnográfica, um método que estuda e revela os costumes, as crenças e as tradições de uma sociedade. Essa análise é feita pelo pesquisador que se insere no meio a ser estudado e utiliza da prática da observação, da descrição e da análise das dinâmicas que ocorrem ao seu redor.

A etnográfia possui uma enorme importância pelo conhecimento gerado a partir desse método de pesquisa, pois ele se dá de forma mais detalhada e ainda pode ser explorada por diversas áreas, como a sociologia, psicologia, antropologia, design, e até mesmo em corporações empresarias.

Esse paper está dividido em três momentos. No primeiro momento vamos entender o significado e a origem da etnografia. No segundo momento iremos abordar os métodos utilizados para efetuar uma pesquisa etnográfica. E por fim, no terceiro momento serão apresentadas as outras áreas que ultilizam a etnografia.

2 A ORIGEM DA ETNOGRAFIA

  Etnografia (do grego ethos - cultura e graphe - escrita) é um método de pesquisa que estuda os costumes, as crenças e as tradições de um povo ou grupo, onde o pesquisador (etnógrafo) se insere no meio a ser estudado e utiliza da prática da observação, da descrição e da análise das dinâmicas que ocorrem ao seu redor.

Teve seu surgimento entre o final do século XIX e início do século XX  por necessidade de um conhecimento mais profundo e detalhado dos povos e culturas dentro dos estudos da antropologia. Antropologia é a ciência que estuda a espécie humana, seja sua origem, costume ou cultura. Os pesquisadores eruditos no século XIX tinham as funções de colher, interpretar e analisar as informações das pesquisas, mas antes mesmo do inicio do século XX essas funções passaram a ser extintas. Eles começam a aprender a viver na comunidade ou meio a ser estudado, aprendendo suas linguagens, seus costumes e até mesmo a pensarem como parte integrante do local a ser estudado.  

Os antropólogos Franz Boas e Bronislaw Malinowski são considerados os fundadores dos estudos etnográficos pois foram os primeiros a verificarem as falhas dos métodos de pesquisas utilizados até então, pois o conhecimento daquela epóca era formado através de especulações da filosofia social, sendo os métodos de pesquisa mais comuns o comparativo e histórico, sem um contato mais profundo com a cultura social. Conforme Zanini (2015) “Os pesquisadores desta época chegaram à conclusão de que apenas o contato real em campo poderia descrever melhor a cultura de um povo.”

Franz Boas foi precursor da antropologia moderna e criou um dos primeiros departamentos de antropologia dos EUA no final do século XIX.  Boas não concordava com o pensamento do Evolucionismo, que tentava compreender a evolução humana através de comparações de diferentes povos e seus costumes, e afirmavam que a mente humana funcionaria de uma única forma (um único padrão), e que para evoluir, todas as sociedades deveriam passar pelas mesmas etapas culturais. Franz Boas defendia que os seres humanos são muito mais complexos e que vários  fatores interferem na formação de uma cultura, e que seria impossível todos os povos passarem pelas mesmas etapas. Boas defendia que a pesquisa de campo era a única forma que o pesquisador tinha para compreender cientificamente uma microssociedade, e ressaltava a importância de descrever minuciosamente tudo, durante uma pesquisa, para uma melhor compreensão do objeto estudado. Seus estudos eram extremamente focados nos registros coletados em campo na forma escrita. Conforme Laplantine (1988, p.77) “No campo tudo deve ser anotado: desde os materiais constitutivos até as notas das melodias cantadas pelos Esquimós, e isto detalhadamente, e no detalhe do detalhe. Tudo deve ser objeto da descrição mais meticulosa, da retranscrição mais fiel.”

Se para Boas o detalhamento escrito era a parte fundamental dos trabalhos em campo, para Bronislaw Malinowski a pesquisa de campo só era efetiva se o pesquisador de fato “mergulhasse” no objeto de estudo, entendendo não só o externo de uma sociedade, mas sim o que se passa no interior, o que pensam e sentem os homens, mulheres e todos que convivem em uma sociedade não-ocidental. Malinowski inovou esse método de estudo por ser extremamente radical, cortando ao máximo o contato com o povo europeu ao estudar uma sociedade isolada. Conforme Laplantine (2004, p. 67), “[…] Malinowski considera que uma sociedade deve ser estudada como uma totalidade, exatamente como funciona no momento em que é observada.”

            Malinowski viveu durante quase três anos nas ilhas Trobriand (entre 1915 e 1918), aprendeu a viver como os locais, aprendeu o idioma, socializou e partiticipou dos eventos nessa ilha. Com os dados coletados de sua moradia em Trobriand, em 1922 escreveu o livro Os Argonautas do Pacífico Ocidental, um clássico da antropologia, fruto de sua pesquisa etnográfica.

Boas e Malinowski foram os pioneiros da etnografia, mesmo possuindo formas diferentes de efetuarem os seus levantamentos de dados para estudo, ambos os metódos utilizados por eles são considerados etnográficos: a anotação do maior número de detalhes possíveis durante uma pesquisa, e tentar se inserir ao máximo no contexto em que está se pesquisando, levando em conta os fatores ambientais, psicológicos e emocionais, históricos, dentre outros fatores que possam ser relevantes no aspecto interno de um indivíduo, para se ter uma maior precisão nos resultados e conclusões de uma pesquisa. Pode se dizer então que o maior esforço em compreender o objeto estudado, a ponto de quase se sentir como parte dele, é o que caracteriza a etnografia. Segundo Geertz (1978, p. 15):

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