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A invenção da Favela

Por:   •  14/5/2017  •  Resenha  •  3.478 Palavras (14 Páginas)  •  341 Visualizações

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A invenção da favela. Do mito de origem a favela.com

Licia Valladares

O Livro é ambientado no Rio de Janeiro. Objetiva estudar a construção das representatividades sociais na favela nos últimos 100 anos. É um trabalho de sociologia. Autora estudou e morou na Rocinha.

Considera que os estereótipos ligados às imagens da favela deveriam ser motivo de reflexão.

Utilizou fonte do URBANDATA, uma base bibliográfica sobre o Brasil urbano.

PORQUE A INVENÇÃO DA FAVELA? A categoria favela utilizada hoje é resultado mais ou menos cumulativo e contraditório de representações sociais sucessivas vindas dos atores sociais que se mobilizaram em relação a esse objeto social e urbano, deste modo a favela APARENTE é a favela inventada.

CAP 1

Cronologia básica>

As favelas eram consideradas durante a primeira metade do século XX um verdadeiro “mundo rural na cidade”

ANOS 1930: Início do processo de favelização do Rio de Janeiro. Código de 1937 reconhece a favela.

ANOS 1940: primeira proposta de intervenção pública com a criação dos “parques proletários” durante período Vargas.

ANOS 1950 e início dos 1960: Expansão descontrolada das favelas – Populismo

MEADOS de 1960 até final dos 1970: Eliminação de favelas, remoções e regime totalitário.

ANOS 1980: Urbanização de favelas pelo BNH (???) e agências de serviço público na volta da democracia.

ANOS  1990: Urbanização de favelas pelo Programa Favela-Bairro.

A autora, porém não pretende uma analise da periodização cronológica mas uma analise das representações, que segue outra periodização:

01 – Inicialmente há um período de descoberta da favela e da dualidade favela versus cidade. 02 - Posteriormente sucede a transformação da favela em problema social e urbanístico.

03 – Medidas e políticas concretas.

04 – Produção de dados oficiais (Censos) que generaliza a definição desse tipo de aglomerado.

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Os primeiros interessados em detalhar a cena urbana voltaram seus olhos para o cortiço (Locus da pobreza do século XIX). Era visto como antro da vagabundagem e do crime e propício a epidemias. No final do século XIX ocorre uma verdadeira guerra e vários cortiços foram destruídos sendo o mais emblemático o Cabeça de porco.

Pereira Passos era o prefeito e era considerado o “Haussmann tropical”. Foi autor de uma grande reforma urbana: sanear e civilizar. Destrói habitações populares, os cortiços: GERME DA FAVELA.

Existem ligações entre a destruição dos cortiços do centro e a ocupação de morros no início do século XX.

Depois do cortiço surgiu interesse por esse novo espaço geográfico território da pobreza que voltou-se inicialmente para O morro da favela (morro da providência).

Morro da Favella: Antigos combatentes da guerra de canudos se instalaram lá para pressionar o Ministério da Guerra para receber os soldos prometidos e atrasados. Esse nome passou a designar conjunto de barracos aglomerados sem um traçado racional e serviços públicos em áreas invadidas.

Porém mesmo antes já havia aglomerações deste tipo. O morro da favela despertou a atenção como lugar de vagabundos e criminosos.

Campanha de saneamento de Oswaldo Cruz: campanha intimou moradores a se mudarem em 10 dias.

Os autores do início do século XX ligam o surgimento da favela ao mito de canudos. (os Sertões de Euclides da Cunha). Os textos associavam o Morro da Providência com a cidade de canudos que de certa forma tinham relações. A questão da revelia, luta de oprimidos, da resistência (lembrar que morro da favela, que era uma planta predominante em um morro da área acidentada próxima a canudos, foi palco de resistência dos moradores), além disso, a disposição morfológica do espaço também tinha semelhanças, Canudos era terra da coletividade, sem estado, com topografia difícil, de rápido crescimento, cuja ordem se dava através de um chefe. A ideia de comunidade era lida como perigosa para a ordem social.

De fato o livro de Euclides da Cunha teve ampla divulgação e repercussão no país, contribuindo para a repercussão da palavra favela. Os intelectuais descobriam estes espaços sob o olhar de Euclides da Cunha.

A dicotomia Litoral versus sertão exposta por Euclides foi rebatida para Favela VERSUS Cidade.

A TRSNFORMAÇÃO DA FAVELA EM PROBLEMA

Depois do período da descoberta, surge o debate de como RESOLVER a favela.

Lembramos que no início do século XX, o Rio era capital da República, passou pela Reforma Pereira Passos. Imperava o discurso médico-higienista, porém havia um descompasso entre crescimento populacional e a construção de casas.

Nesta época engenheiros e médicos protagonizavam a cidade através de códigos de obra, comissões, etc.

Eles foram os responsáveis por elaborar “o problema das favelas”, generalizando espaços semelhantes que estavam em expansão a partir dos anos 1920.

Médicos higienistas ligam epidemias aos miasmas das cidades e a favela caiu na representação de Doença mal contagiosa, patologia social a ser combatida.

Este engenheiros e médicos propuseram técnicas para tratamento desses males urbanos, ou seja, insistindo em racionalizar o espaço.

Comentário PLÍNIO: Lembrar que estas reformas estão ligadas a modernização da cidade, pautada dentro de uma visão extremamente funcionalista e racional do urbanismo moderno. Neste pensamento a favela era uma revelia tal que era quase natural combate-la.

Mattos Pimenta – (ligado a setores imobiliários) Traçou uma verdadeira guerra contra a favela, classificando-a como “letra da estética”. Lembrar que lepra carrega o significado de segregação e doença. Mattos insere neste discurso anti-favela o tema da ESTÉTICA não só o tema da higienização. Chegou a fazer um filme “As Favellas” de 10 minutos mostrando o “espetáculo dantesco” das péssimas condições destes aglomerados naquela época.

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