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ANÁLISE DA RESTAURAÇÃO DO PALÁCIO ANCHIETA, PAUTADA NOS PRINCÍPIOS BASILARES DA CARTA DE VENEZA

Por:   •  28/11/2016  •  Resenha  •  2.349 Palavras (10 Páginas)  •  872 Visualizações

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ANÁLISE DA RESTAURAÇÃO DO PALÁCIO ANCHIETA, PAUTADA NOS PRINCÍPIOS BASILARES DA CARTA DE VENEZA

Resenha baseada no livro de MARTINUZZO, José Antônio. Palácio Anchieta - Patrimônio Capixaba. Publicado pelo Governo do Estado do Espírito Santo, disponível na Biblioteca Pública do Espírito Santo.

E na Carta Patrimonial de Veneza, II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos – ICOMOS, Veneza, 1964

Texto resenhado pela discente do curso

de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Vila Velha - ES

Valeska Epichin

Este trabalho tem a finalidade de relacionar a “Carta Patrimonial de Veneza” com a visita guiada ao Palácio e com o livro “Palácio Anchieta – Patrimônio Capixaba”, analisando os princípios basilares da restauração do Monumento, pautados naqueles defendidos pela Carta de Veneza.

A história de construção do Palácio Anchieta se inicia em 1551 quando aporta em terras capixabas o jesuíta Afonso Brás, em companhia do irmão leigo Simão Gonçalves e inaugura aos 25 de julho, a consrução primitiva da igreja de São Thiago, feita de madeira, barro e palha.

Um incêndio em 1559 destrói a primeira sede da igreja de São Thiago, mobilizados pelo padre Inacio de Tolosa, em 1570, missionários iniciam a construção de uma nova sede agora em pedra, no mesmo local da anterior, depois da perfuração de um poço de 8 metros atrás da igreja. O Padre José de Anchieta, foi um importante personagem na história do Espírito Santo, chegando aqui, concluiu em 1587 a ala onde seria o colégio jesuítico dos indígenas, vltada para a praça, atualmente João Clímaco. Em 09 de junho de 1597, morre o Padre Anchieta e ele é enterrado junto ao altar-mor da Igreja de São Tiago.

Parte dos ossos do religioso é retirada em 1609 e enviada para o Colégio da Bahia e posterior traslado a Roma, porém o percurso não foi cumprido devido ao naufrágio da caravela.

A segunda ala do colégio só foi construída 120 anos depois da primeira ala do colégio, de frente para a Baía de Vitória e em 1734 constrói-se a terceira ala, fechando o pátio interno, juntamente com a segunda torre da igreja. Neste mesmo ano o túmulo de Anchieta é aberto novamente e os últimos restos mortais do jesuíta são retirados. A quarta ala, continuação da igreja, é erguida em 1747 formando o quadrilátero imponente do que seria, por muitos anos, a maior construção do Estado e existe até hoje.

Em meados do século XVIII, os jesuítas foram expulsos de suas colônias, os bens foram incorporados ao Governo, e com isso, é o fim do Colégio de São Tiago que é transformado em sede do Governo. Em 1798, recuperado de um incêndio ocorrido dois anos antes, o prédio é denominado Palácio do Governo do Estado, que após a República pelo decreto de 9 de junho de 1945, no aniversário da morte do padre Anchieta, o governador da época Dr Jones dos Santos Neves, nomeou o Palácio Anchieta como a sede do Governo Estadual e o Palácio guarda o túmulo simbólico do padre desde 1922.

É construída uma escadaria na ladeira que dava acesso ao Cais do Imperador, melhorando a ligação entre o porto e o edifício.

Num tempo de reconstrução e reformas, a política dá novas feições ao legado da Igreja e das monarquias portuguesa e brasileira. É o tempo dos presidentes e governadores de Estado que assumem o palácio e investem na sua reconstrução (Jerônimo Monteiro) e na sua reforma (João Punaro Bley), transformando radicalmente as feições do conjunto. Uma nova escadaria é construída, seguindo o estilo eclético implantado pelo engenheiro francês Justin Norbert, contratado para executar as obras. É uma era em que se apagou a maioria dos vestígios de outros tempos. Restou basicamente a estrutura, ainda assim, modificada.

Em 23 de novembro de 1911 a Igreja de São Tiago é comprada e ampliada em um terço a área coberta do palácio. No processo de reconstrução, a torre menor é demolida sendo mantida a maior, que posteriormente também foi destruída, acabando de uma vez com os principais vestígios da herança jesuítica na fachada do conjunto.

Um túmulo simbólico é construído em homenagem à memória de Anchieta e a área do pavimento térreo é ampliada, incluindo a instalação do primeiro elevador do edifício, que ganha pintura amarela, cor oficial dos prédios da administração pública.

Depois de enfrentar 3 grandes incêndios e várias reconstruções ao longo de sua história, o conjunto passa, nos anos seguintes, por uma completa reconstrução interna, incluindo a instalação de lajes de concreto armado, como a que transformou a antiga Igreja de São Tiago em dois grandes salões: atualmente o Salão São Tiago e o Afonso Brás.

Em 1983, reconhecida a relevante importância deste monumento e sendo uma das construções jesuíticas mais importantes do Brasil, o edifício foi Tombado pelo Conselho Estadual de Cultura, por ser considerado um monumento histórico que testemunhou a história e a importância dos jesuítas para o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo.

Iniciou-se em 2004 a primeira obra de restauração do Palácio. Após os 2 primeiros anos da reforma, o Palácio Anchieta passou a abrigar apenas os setores ligados ao Gabinete do Governador e todo o restante dos setores burocráticos do Governo foi transferido para outro local.

Os monumentos representam testemunho vivo das tradições de povos antigos, a partir da consciência desses valores, torna-se necessário reconhecê-los e assim, salvaguardá-los.

Baseado nestes princípios é que devem seguir a intervenções que visam conservar e restaurar os monumentos, deixando a cada nação, tradições culturais intactas.

O Segundo Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, reunido em Veneza, em maio de 1964 - promovido pelo ICOMOS – elaboraram a Carta de Veneza. Os critérios contemporâneos internacionalmente reconhecidos para intervenção de conservação em monumentos artísticos e históricos tombados seguem às recomendações deste documento.

O Palácio Anchieta, é parte integrante importantíssima, fundamental do patrimônio, independente das modificações que o prédio sofreu ao longo do tempo. Sendo uma criação arquitetônica isolada, testemunha da evolução do Estado do Espírito Santo e parte principal na concepção da atual Cidade Alta, se enquadra no artigo primeiro da Carta de Veneza, que estabelece “premissas” a fim de que a obra seja reconhecida como monumento.

Os elementos estruturais,

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