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História de Uma Cor

Por:   •  1/4/2020  •  Resenha  •  677 Palavras (3 Páginas)  •  142 Visualizações

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História de uma cor

A cor não é tanto um fenômeno natural quanto uma construção cultural complexa, rebelde de qualquer generalização, senão de qualquer análise que envolve muitos e difíceis problemas.

Não há uma verdade transcultural da cor como gostariam de nos fazer crer certas obras baseadas em um saber neurobiológico mal digerido.

Os historiadores são mais ou menos culpados por esta situação porque raramente falam das cores.

No essencial, prendem-se com as dificuldades em encarar-se a cor como um objeto histórico de pleno direito. Estas dificuldades são de três ordens.

As primeiras são documentais: vemos as cores que o passado nos transmitiu, vemo-las além disso, em condições de iluminação que frequentemente não têm nenhuma relação com as das sociedades que nos precederam, por fim durante décadas, ganhamos o hábito de estudar as imagens e os objetos do passado por meio de fotografias a preto e branco.

As segundas dificuldades são metodológicas: quando se trata as cor, todos os problemas se põem ao mesmo tempo ao historiador. Físicos, químicos, técnicos, iconográfico, emblemáticos, simbólicos... Nenhum investigador/equipe, nenhum método soube ainda resolver essas dificuldades. A grande tentação de projetar nos objetos e nas imagens informações que nos foram trazidas pelos textos, enquanto o método certo seria proceder como, tirar dessas imagens e dos próprios objetos sentidos, lógicas, sistemas, estudando por exemplo as frequências, as raridades, as disposições e as distribuições, relações entre alto e baixo, esquerda e direita, anterior e posterior, centro e periferia. Em suma, uma análise estrutural interna.

As terceiras dificuldades são de ordem epistemológica: recordemos, por exemplo, que durante séculos o preto e o branco foram considerados como cores de pleno direito, que a articulação entre cores primárias e complementares só vai emergindo de forma lenta, que a oposição entre cores quentes e frias é puramente convencional e funciona de forma diferente consoante as épocas. O espectro, o círculo cromático, a noção de cor primária, a lei do contraste simultâneo, a distinção dos cones e dos bastonetes na retina não são verdades eternas, apenas etapas numa história dos saberes em permanente mudança.

A história das cores tem ser uma história social, de fato, pois a cor define-se, antes, mais como um fato social. É a sociedade que faz a cor, que lhe dá sua definição e o seu sentido, que constrói os seus códigos e valores, que organiza as suas práticas e determina as suas implicações, não é o artista nem o acadêmico. Os problemas da cor são, em primeiro lugar e sempre, problemas sociais.

Para empreender, o trabalho do historiador é duplo. O léxico e a diacronia, neste duplo processo todos os documentos têm de ser consultados, pela sua própria natureza, a cor, é um terreno transdocumental e transdisciplinar. Com muitas e pertinentes informações para o nosso conhecimento do passado. No domínio da cor, a sua principal função é classificar, assinalar, proclamar, associar ou opor. É o caso também e sobretudo do campo da tinturaria, do têxtil e do vestuário. É ai que os problemas químicos, técnicos, materiais e profissionais se misturam mais intimamente com as questões sociais, ideológicas, emblemáticas e simbólicas.

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