TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Contabilidade Gerencial

Por:   •  1/5/2020  •  Monografia  •  8.300 Palavras (34 Páginas)  •  133 Visualizações

Página 1 de 34

A influência do isomorfismo institucional na adoção dos artefatos de contabilidade gerencial: o caso de duas empresas de grande porte

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo investigar a influência do isomorfismo institucional na adoção dos artefatos gerenciais. Através de um estudo de caso, os dados foram coletados por meio de entrevistas estruturadas realizadas em duas empresas de grande porte de Cataguases, Minas Gerais. A adoção dos artefatos gerenciais transcende a racionalidade econômica e pode ser explicada pela necessidade de legitimação por parte das organizações, o que as tornam semelhantes umas às outras. As fontes de pressões isomórficas podem advir de três tipos distintos: isomorfismo coercitivo, normativo e mimético. Neste trabalho, os resultados indicam que a adoção dos artefatos se dá, em sua maior parte, pela influência do isomorfismo mimético com vistas a reduzir a incerteza inerente ao ambiente no qual as organizações se inserem.

Palavras chaves: Contabilidade gerencial. Teoria Institucional. Isomorfismo.

  1. INTRODUÇÃO

A sociedade, de modo geral, tem experimentado profundas transformações em todas as suas esferas. De acordo com Guerreiro et al. (2006) novas formas de produção e de utilização dos recursos, a atenção ao cliente, a atuação em ambiente globalizado e altamente competitivo são algumas das características que distinguem o momento atual das primeiras décadas do século vinte e impulsionam os processos de mudança. Associadas à tecnologia e ao maior acesso ao conhecimento, apontados por Guerreiro et al. (2006) como fatores catalisadores e facilitadores do processo de mudança, as características do ambiente atual propiciam a inovação da contabilidade gerencial. O ambiente favorável resultou nesta inovação uma vez que novos artefatos gerenciais foram desenvolvidos, porém, na prática o seu desenvolvimento não acompanha o mesmo ritmo, havendo, nas palavras de Guerreiro et al. (2006) um gap entre a teoria e a prática de contabilidade gerencial.

Para Scapens (1994) não importa o gap. Os pesquisadores deveriam focar a prática em contabilidade gerencial per se. Sob este prisma, pesquisas têm sido conduzidas para delinear os fatores que influenciam a adoção das práticas gerenciais. Guerreiro et al. (2006) buscaram, aprofundar o entendimento sobre as causas da lacuna entre a teoria e a prática em contabilidade gerencial à luz dos conceitos da psicologia, cultura organizacional e teoria institucional. Gonzaga et al (2010) investigaram a associação do tamanho da empresa com a utilização das práticas de contabilidade gerencial e Oyadomari et al (2008) investigaram, sob a ótica da Nova Sociologia Institucional, os fatores que influenciam a adoção dos artefatos.

Justificado pela relevância da contabilidade gerencial e diante da necessidade de lançar luz sobre os fatores que determinam a utilização ou não das suas práticas, este trabalho, apoiado na Nova Sociologia Institucional, procura responder à seguinte questão: qual é a influência do isomorfismo institucional na adoção dos artefatos de contabilidade gerencial?

Para Hawley (1968) apud DiMaggio e Powell (2005, p. 76) “o isomorfismo constitui um processo de restrição que força uma unidade em uma população a se assemelhar a outras unidades que enfrentam o mesmo conjunto de condições ambientais”.

Considerando o objetivo exposto, o trabalho caracteriza-se como descritivo e utiliza o procedimento de estudo de caso. A contribuição esperada é a de reafirmar os pressupostos da teoria institucional e motivar futuras pesquisas sobre o tema.

  1. REVISÃO DE LITERATURA

  1. A Contabilidade Gerencial e seus artefatos

A contabilidade gerencial surgiu da necessidade do gestor obter informações capazes de auxiliá-lo no processo de tomada de decisão, uma vez que a contabilidade financeira, por se destinar, principalmente, aos usuários externos tais como acionistas e credores, produz informações construídas a partir de dados históricos, de acordo com normas e leis específicas, e obrigatoriamente deve ser objetiva e verificável (PADOVEZE, 2004).

Conforme Soutes (2006, p.23) “a contabilidade gerencial evoluiu mudando e implementando seu foco e objetivo, bem como seu posicionamento no processo de planejamento e tomada de decisões da empresa”.  O processo de mudança deveu-se à transformação do ambiente corporativo e à necessidade de adequação da contabilidade gerencial frente às demandas das organizações, que maiores e mais complexas, precisavam de informações que as ferramentas gerenciais com foco apenas na determinação de custos e utilizadas com afinco desde a Revolução Industrial, não forneciam (SOUTES, 2006).

As transformações ocorridas no âmbito dos negócios é um reflexo da globalização, que intensificou a competição entre as empresas exigindo um constante redesenho dos processos produtivos e gerenciais. Para Cardoso, Souza e Almeida (2006) a necessidade de inovação e criatividade das empresas resultou num questionamento quanto à validade e utilidade das práticas contábeis. Um marco desse questionamento foi a publicação do livro “Relevance Lost” em 1987, em que os autores Thomas Johnson e Robert Kaplan afirmaram que a contabilidade havia perdido sua relevância (SOUTES, 2006).

Em resposta à publicação de “Relevance Lost” e na expectativa de trazer de volta a relevância da contabilidade (SOUTES E GUERREIRO, 2007), foram criados novos artefatos gerenciais, definidos por Soutes (2006, p.9) como “atividades, ferramentas, instrumentos, filosofias de gestão, filosofias de produção, modelos de gestão e sistemas que possam ser utilizados pelos profissionais da contabilidade gerencial no exercício de suas funções”.

A inovação dos artefatos e a diversidade das informações buscadas por eles refletem a multiplicidade de enfoques da contabilidade gerencial ao longo de sua história, revelando sua evolução. Tal evolução foi delineada em 1989, quando o IMA (Institute of Management Accountants) elaborou um documento chamado IMAP1 (Institute of Management Accounting Practices1), que foi revisado no ano de 1998, com a finalidade de apresentar os objetivos, tarefas e parâmetros da contabilidade gerencial, evidenciando suas transformações através de períodos históricos denominados estágios evolutivos (SOUTES, 2006).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (58.8 Kb)   pdf (286.3 Kb)   docx (43.2 Kb)  
Continuar por mais 33 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com