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Medicina Questões de Aprendizagem

Por:   •  10/5/2021  •  Monografia  •  6.665 Palavras (27 Páginas)  •  119 Visualizações

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Grupo VII

Questões de Aprendizagem


Artur Henrique Marcelos Dutra, Flávia Daspett Mendonça, Karina Baltor, Maria Áurea dos Santos e Sthephany Yamaguchi de Melo 

1.  Defina os conceitos de surto, endemia, epidemia, pandemia e sindemia.

O surto ocorre quando existe um aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica, como um bairro, por exemplo. A endemia, por sua vez, não está relacionada a uma questão quantitativa. É uma doença que se manifesta frequentemente e somente em determinada região. Um exemplo de endemia é a Febre Amarela, doença endêmica da região norte do Brasil. Já a epidemia se dá com a coexistência de surtos em várias regiões, podendo ser a nível municipal, em que diversos bairros apresentam a doença; em nível estadual, quando várias cidades registram casos, e em nível nacional, quando a doença existe em muitas regiões do país. A pandemia é considerada o pior dos cenários e se dá quando uma epidemia se alastra a nível mundial, ou seja, por muitas regiões do planeta. Isso ocorreu em 2009, quando a gripe suína passou de uma epidemia para uma pandemia, no momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) obteve registros de casos nos seis continentes do mundo. Em 11 de março de 2020, o COVID-19 também deixou de ser epidemia para ser uma pandemia. Já a sindemia ocorre quando duas ou mais doenças interagem, de forma a causar danos maiores do que a mera soma dessas doenças. Atualmente, ocorre uma sindemia no planeta, uma vez que com a chegada do coronavírus, doenças pré-existentes foram agravadas e seus tratamentos paralisados. Nesse cenário, o fator socioambiental exerce grande influência.

2. Quais são os pontos observados em comum durante as grandes epidemias, mesmo estas tendo ocorrido em contextos históricos completamente diferentes (incluindo a COVID)?

Todas as doenças epidêmicas e pandêmicas mais catastróficas das últimas décadas (H1N1, Ebola, SARS - síndrome respiratória aguda grave, MERS - Síndrome respiratória do Oriente Médio), bem como a pior pandemia da história mundial, a qual matou quase 1/3 da população europeia no século XIV (a peste bubônica), e a atual pandemia de COVID-19 têm algo em comum. Todas se encaixam na categoria de doenças emergentes infecciosas (EIDs), as quais são transmitidas de animais domésticos ou selvagens para seres humanos, sendo também conhecidas como doenças zoonóticas ou zoonoses. Elas têm a capacidade de se espalhar rapidamente em uma determinada região (epidemia), ou de assolar aceleradamente vários países ao redor do mundo (pandemia), levando a uma massiva quantidade de mortes e a um grande impacto socioeconômico.

O elo entre seres humanos, animais e o ambiente é muito estreito, sobretudo em países em desenvolvimento, nos quais comunidades agrícolas carentes criam animais para a garantia do transporte, da força motora, do combustível, da vestimenta e até da comida. Devido a essa grande dependência dos animais, as doenças zoonóticas podem exercer impactos devastadores nessas comunidades, sobretudo ao se aliar à pobreza, aos padrões sanitários inadequados e a ínfima capacidade de resistência dessas comunidades. Em muitos países em desenvolvimento, a caça e o consumo de animais selvagens é uma cultura comum, o que soma grande parte da dieta dos indivíduos e contribui para o aumento do risco da transmissão de doenças zoonóticas.

Ainda, em muitos desses países, como é o caso da China, existem mercados de animais vivos, reservatórios para vírus de diversas características genéticas. Há possibilidade de que esses vírus se encontrem, recombinem o material genético e surjam espécies transmissíveis para humanos, como que está acontecendo agora.

Os sistemas de criação intensiva de animais para abate, da mesma maneira, contribuem para a disseminação de patógenos. Neles, os animais são criados em altas densidades e a transmissão viral de um animal para o outro é facilitada, como o que levou à ocorrência da pandemia de H1N1. São também mais propensos a infecções, pois estão imunossuprimidos e em condições crônicas de estresse, pelas intervenções que eles sofrem, a alta densidade de animais, a falta de estímulos sociais, a homogeneidade genética e a falta de luz. Ainda, estão em ambientes fechados, nos quais os excrementos são depositados no próprio local e evaporam. Isso prejudica a primeira barreira de defesa contra infecções, que é o trato respiratório. Quanto mais consumo de animais existir, mais sistemas de criação para abate serão necessários, maior a população de animais e, com isso, maior a probabilidade de ocorrência de novas pandemias zoonóticas.

3. Como se deu o processo de transição entre a teoria miasmática de transmissão de doenças e as teorias epidemiológicas/bacteriológicas? Como isso interferiu no manejo em relação às epidemias?

No século XVIII, imperava a teoria miasmática, baseada na ideia de que o ar era composto de partículas que constituiriam elementos químicos. O miasma seria concebido como substância química, embora não estivessem estabelecidas as relações entre esses elementos e as ainda então denominadas emanações que corrompiam a atmosfera. Nesse período, a cosmovisão ambiental sustentava-se em explicações imprecisas que conviviam com uma ciência experimental ainda incipiente (Killinger, 1997). A biologia, as ciências humanas e sociais iriam configurar as ciências naturais apenas a partir do século XIX.

A partir de então, portanto, ocorria a transição entre a teoria miasmática para as teorias epidemiológicas/bacteriológicas, com a transformação radical na medicina que iria configurar o nascimento da clínica. Conhecer a doença passou a ser desvendar processos orgânicos que se produziam no espaço corporal e que possuíam determinações causais. A doença foi identificada, desde então, como lesão em um órgão (Foucault, 1987).

Essa caracterização marcou também uma nova forma de apreender a propagação das doenças epidêmicas, possibilitando a emergência de um novo conceito: o de transmissão. Foi a partir da preocupação de descobrir as lesões anatômicas específicas associadas às manifestações sintomáticas e aos sinais das doenças que se buscou desvendar a natureza específica da causa que as determinam e a via também específica através da qual ela atingia o organismo, provocando uma patologia inflamatória atrelada a um microorganismo ou agente causal, elucubrando a teoria bacteriológica.  

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