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O QUE O DINHEIRO NÃO COMPRA: OS LIMITES MORAIS DO MERCADO

Por:   •  26/1/2023  •  Artigo  •  1.482 Palavras (6 Páginas)  •  144 Visualizações

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA DEPARTAMENTO DE DIREITO

RAMOM DE SOUSA ALENCAR

O QUE O DINHEIRO NÃO COMPRA: OS LIMITES MORAIS DO MERCADO

CRATO – CE 2021

O QUE O DINHEIRO NÃO COMPRA: OS LIMITES MORAIS DO MERCADO

No decorrer dos capítulos, o autor aponta a realidade do mercado e nos leva a refletir sobre o nosso futuro, caso não adotemos uma ética cujos princípios reajam a toda forma de injustiça. Se tudo está sujeito ao mercado e à venda, o que o dinheiro não compra? O autor expõe o contexto neoliberal, a fragmentação do mercado e a globalização da ideologia capitalista, como o campo fértil da festa mercadológica e questiona se esta é a melhor forma de existir. Para o autor, os limites morais do mercado devem ser analisados publicamente, mesmo que as crenças sociais tenham de ser abertas, para ele, de maneira sutil e sem que as pessoas percebessem, a sociedade atual deixou de ter uma economia de mercado para ser uma sociedade de mercado.

No primeiro capítulo denominado “furando a fila” é tratado à discussão de um hábito de ética nas filas. Para o autor, a fila tem a função de manter a igualdade, por isso imparcial, porém, num sistema onde tudo é colocado à venda, a prioridade não é de quem chega primeiro, mas de quem paga mais. O mercado tem suas vantagens e furar a fila é uma delas. Isso acontece em todas as áreas, desde a entrada em parques de diversões, até consultórios médicos. A Universal Studios Hollywood, segundo Michael Sandel, é um exemplo. Se alguém não quer aguardar na fila, por atrações mais concorridas, é só pagar o dobro do preço e poderá furar a fila. A atitude de furar a fila se encontra também em clínicas e hospitais públicos onde se formam longas filas à espera de conseguir uma senha para consulta. Muitos pacientes recorrem a cambistas que fazem esse serviço pagando alguém para enfrentar a fila. A ação dos cambistas de furar a fila transparece em atitudes de muitos médicos, chamados de “médicos de boutique”. Segundo a pesquisa de Sandel, eles criam um fichário com três mil ou mais nomes de pacientes, contando com uma frequência de 25 ou 30 pacientes diários. À disposição, 24 horas por dia, eles garantem ao paciente um atendimento VIP por uma taxa anual que varia de US$ 1.500 a US$ 2.500. Segundo nosso autor, os médicos filiados à MDVIP embolsam dois terços da taxa anual, o que significa que uma clínica com seiscentos pacientes tem um rendimento anual de US$ 600.000 apenas com as taxas, sem contar os reembolsos dos planos de saúde. Essas atitudes podem ser julgadas moralmente? Cambistas e “médicos de boutique” têm algo em comum, além de permitir aos abastados furarem a fila, condenam os demais, os desprovidos ou os

que não compactuam com esse sistema, a uma espera injusta. Companhias aéreas e parques de diversão que vendem acessos mais rápidos aos serviços, profissionais que esperam na fila de eventos gratuitos ou concorridos no lugar de outras pessoas, municípios que cobram pela utilização de vias expressas em horários concorridos, cambistas que cobram fortunas por eventos e até mesmo médicos de butique disponíveis 24 horas por dia. De acordo com Sandel, a proliferação desse tipo de comércio aumenta as vantagens da afluência e condena os mais pobres a ficarem sempre no fim das filas, ou seja, a lógica de que quem chega primeiro é atendido primeiro cede passagem à lógica do “pagou mais, levou“. Dentro de toda essa lógica do mercado existem os que são favoráveis e os contrários a essas atitudes.

O capítulo 2 denominado “Incentivos” trata das políticas de incentivos e chega a questionar práticas de bonificação ou punição financeira para comportamentos desejados ou não. Para Michael, quando se adota esse tipo de política, existem limites morais que não são considerados, e isso pode gerar resultados desastrosos em longo prazo, principalmente as mais necessitadas. Por meio do oferecimento de dinheiro, mulheres viciadas são estimuladas serem esterilizadas para que se controle a natalidade desse grupo. Pagar aos alunos para lerem um livro, pagar pelo direito de poluir, pagar para caçar animais com o argumento de que o dinheiro será revertido para a preservação ambiental. Muitos críticos afirmam que esse tipo de incentivo nada mais é do que suborno, pois consiste em pagar por algo que não pode ser vendido. Da mesma forma, há quem defenda que é plenamente justo esse tipo de atitude.

Já no terceiro capítulo, “Como o mercado descarta a moral”, o autor aponta duas objeções ao sistema estabelecido. A primeira trata sobre a desigualdade que as escolhas de mercado podem trazer. A segunda diz respeito à corrupção. Há perguntas sobre o que pode e não pode ser comprado. É possível comprar amigos? É possível comprar um Oscar? É possível pagar pelo perdão de alguém? É possível presentear com dinheiro sem levar em conta interesses próprios? É possível comprar órgãos e sangue humanos? Esses são alguns dos questionamentos trazidos pelo autor e que buscam fazer uma reflexão no leitor. Esta prática de comprar amigos se expressa também no ato de presentear alguém com dinheiro e de pagar alguém para pedir desculpas em seu lugar, não só pagar por amigos, mas pagar por uma estatueta de Oscar ou por órgãos e sangue humanos parece algo que, do ponto de vista moral, está sujeito à corrupção e à injustiça. Amizade não

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