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A Cidade Antiga

Por:   •  13/5/2016  •  Resenha  •  1.226 Palavras (5 Páginas)  •  533 Visualizações

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Resenha do livro A Cidade Antiga

COULANGES, Fustel de. La Cité Antique, 1864. Traduzido, A Cidade Antiga, p/ Frederico Ozanan Pessoa de Barros, São Paulo, 2006.

A Cidade Antiga é uma obra-prima escrita por um dos maiores historiadores franceses de todos os tempos, Fustel de Coulanges. Homem responsável por revolucionar a forma como a história antiga era abordada, em um tom mais científico, optava por se dedicar mais a testemunhos de fatos históricos buscando atingir resultados mais objetivos e imparciais. Diante disso, temos uma obra que tem como pano de fundo o surgimento das cidades-Estado, mostrando a evolução política e social nas cidades romanas e gregas, onde deixa claro a influência religiosa através de crenças e posteriormente, no culto aos mortos, para que esse progresso acontecesse.

A Cidade Antiga é dividida em cinco títulos, sendo eles : Crenças Antigas, a Família, A Cidade, As Revoluções e o último, Desaparece O Regime Municipal. Dessa forma, Fustel inicia a obra definindo as crenças e o modo como os povos antigos agiam e pensavam, pois os mesmos tinham uma forma única de valorizar a transição da vida para a morte, acreditando qua as almas seguiam habitando o mesmo plano que os vivos estavam, surgindo assim a importância dos rituais de sepultamento e principalmente os locais onde os mortos deveriam ficar, com o túmulo sendo considerado o local de morada pós morte, o templo dos antepassados. E quem não o possuía, não obteria a felicidade eterna. Tal ato era tão importante que o fato de não ser sepultado de forma correta gerava mais medo do que da própria morte. Isso fez com que a crença do ritual do sepultamento virasse uma norma de conduta que é costume até os dias de hoje.

Cultuar os mortos era o mesmo que cultuar seus antepassados sagrados. Era isso que acreditavam os povos daquela época, fazendo com que eles nunca deixassem de estar no seio da família, mantendo suas próprias cerimônias, suas festas particulares, seus hinos e orações, sempre passando de geração para geração. Nos lares romanos e gregos, eram construídos altares para que ali fossem feitos sacrifícios, depositadas oferendas com alimentos e para que o fogo fosse acesso para aquecer as almas dos ancestrais.

Segundo Fustel, “as crenças relativas aos mortos, juntamente com o culto devido a esses mortos, constituíram a família antiga e facultaram-lhe a maior parte das suas regras”. Diferentemente do que se imagina, a família não se formava por conta do nascimento ou do afeto, mas sim na religião, com o pai na figura de sacerdote do lar mantendo um grupo de pessoas pelo mesmo laço religioso e garantindo-lhes os mesmos ritos sagrados de seus antepassados. O casamento vem como uma instituição estabelecida pela religião doméstica, onde é considerado como a formação de um novo lar em que todos os cultos aos ancestrais devem ser mantidos a fim de garantir a felicidade de seus antepassados através de seus descendentes.

O autor nos mostra que o direito de propriedade também se estabelece através da religião. Os povos gregos e romanos praticaram desde seus primórdios o direito de propriedade com a ideia de que as famílias deveriam ter um pedaço de terra para que ali se estabeleça o repouso de seus entes mortos o tornando imprescritível e inalienável com o passar do tempo, ou seja, o direito a propriedade não findava com a morte de um indivíduo, pois a mesma pertencia à família, pertencia aos que morreram e aos que ainda nela iriam nascer, sendo ali o local de seus cultos hereditários. O pai o detentor do poder familiar, e transmitindo através de herança sua propriedade ao filho, sem a existência de testamento. Desligar a família de suas terras é alterar a cultura e ofender a religião. Fustel diz: “não foram as leis, mas a religião, aquilo que primeiro garantiu o direito de propriedade”.

Após nos deixar a par de como se deu o conceito de família na época, o autor faz a relação entre a mesma e Estado organizado, sendo este o resultado de uma organização familiar onde cada cidade tinha seus deuses, como os ancestrais eram para as famílias e o sacerdote máximo era o chamado de rei, assim como era também o pai para a família. No início a cidade era uma reunião entre os chefes de família, mais tarde as famílias independentes e sem parentesco entre si, mas que mantinham os mesmos cultos e religiões acabavam por se unir formado uma sociedade predominante, dando origem as cidades-Estado.

Um governo se formou de acordo com os princípios e tradições locais, algo fora dos padrões para a época. Porém, essa forma de organização sempre esteve ameaçada pela resistência interna da plebe - os rejeitados pela sociedade - formada por escravos e clientes que não tinham autoridade paterna, direito à família, a propriedade ou até mesmo direitos públicos, responsáveis por uma grande revolução que gera o desmonte do regime municipal.

Fustel encerra sua obra explicando exatamente isso, os reis tiveram sua autoridade política retirada e coordenada pelos chefes de família, a aristocracia ganhou força. Modificando o conceito religioso de terra, atrelando-o ao trabalho e fazendo com o que surgisse o direito a posse. A plebe colocou os tiranos no trono, criando o poder do homem sobre o homem para que ficassem protegidos contra os ricos. Essa mudança, fez com que a aristocracia, sem conseguir retornar ao poder, passasse a colaborar com as tentativas de se instalar regimes monárquicos. Nesse regime cada cidadão podia exercer o sacerdócio por um ano, sem privilégios de nascimento, de religião ou político. Roma foi exceção, onde o patriciado manteve o poder, criando-se o tribunado da plebe – o plebeu tornava-se ele mesmo sagrado para que pudesse legislar sobre a plebe. Esse caráter de sacralidade era transmitido de tribuno a tribuno, tendo sido doado pelos religiosos do patriciado que eram os criadores da sacralidade doravante transmitida.

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