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A PELE NEGRA, MÁSCARAS BRANCAS FRANTZ FANON

Por:   •  12/11/2021  •  Resenha  •  3.054 Palavras (13 Páginas)  •  218 Visualizações

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PELE NEGRA, MÁSCARAS BRANCAS- FRANTZ FANON

A partir da influência do conto Pai contra mãe de Machado de Assis, no filme “Quanto vale ou é por quilo?” (2005) de Sérgio Bianchi correlacionado com a introdução e o capítulo I do livro “Pele negra, máscaras brancas” de Frantz Fanon e aliado a música “Hat-trick” do rapper Djonga, temos como propósito debater como as obras expostas dialogam com a formação social, econômica e cultural do Brasil, e demonstrar como o processo de escravidão colaborou com a estruturação da elite nacional. É de suma importância para o entendimento desta resenha crítica entender que Sérgio Bianchi desenvolve o enredo de seu filme em duas divisões: onde em um plano é desenvolvido nos séculos XVIII e XIX e em outro no século XXI. Como também, entender que Frantz Fanon foi um psiquiatra, filósofo e pensador, nascido na colônia francesa da Martinica que vivenciou todas as realidades à qual criticava.

Fanon publicou o livro “Pele negra, máscaras brancas” em 1952. O livro era para ter sido sua tese de doutorado, mas ele não pode apresentar a banca, pois esta avaliou o livro como sendo um assunto inadequado, não acadêmico. O livro investiga a psicologia do racismo e a desumanização inerente à dominação colonial.

O autor acreditava que a assimilação cultural, processo pelo qual as pessoas ou grupos de pessoas adquirem características culturais de outros grupos sociais, era racista pois forçava os sujeitos a adotar a identidade e os costumes dos brancos. Essa afirmação se tornou o foco central de seu livro. Ele via o contato do negro com o branco hostil, e como fonte de alienação, angústia e perda de identidade.

Para ele, assimilação cultural acontecia porque o colonizador buscava moldar as pessoas à sua própria imagem e assim erradicar o que elas eram antes. O autor trata que no fundo temos que assumir máscaras para poder fazer parte dessa relação de branquitude, da relação de poder, ou pelo menos tentar. Frantz Fanon faleceu com apenas 36 anos, de pneumonia, nos Estados Unidos.

O filme “Quanto vale ou é por quilo?”, baseado no conto Machadiano intitulado: “Pai contra mãe” publicado em 1906 no livro “Relíquias da Casa Velha”. O conto inicia-se com a narração dos castigos dado aos escravos e o porquê desses castigos; onde o porquê era sempre o mesmo: o dono dos escravos torturava-os por

pequenos delitos, quando estes roubavam-lhes pequenas quantias de moedas para comprar bebidas ou quiçá comprar pedaços de carnes “comestíveis” já que estes eram alimentados com o resto de alimentos de seus donos. É importante entender o lado dos escravos, o delito que eles cometiam era muito inferior aos costumes da sociedade escravocrata brasileira que fez história por longos três séculos no Brasil. Como criticar um escravo por roubo, quando a dignidade humana é negada a ele?

Com a realidade cruel em que viviam, era comum os escravos se rebelarem contra seus donos e fugirem para a mata ou para pequenas cidades do interior, com isso foi criado o emprego de raptor de escravos que consistia em algum homem de musculatura forte que através da violência “caçava” os escravos e devolvia-os a seus donos, infelizmente nessa época os submissos eram vistos literalmente como bichos em que precisavam ser devolvidos a quem os tinham comprado.

Cândido Neves, era um trabalhador que não conseguia se manter em nenhum emprego fixo e enxergou no trabalho de caçador de escravos como uma ótima opção de sobrevivência pois este tinha acabado de se apaixonar por Clara, uma mulher de 22 anos também desempregada. Onze meses após esse romance os dois se casaram e foram morar com a tia de Clara, a Tia Mônica. Eles eram um casal de jovens e sonhadores, onde a meta dos dois era se tornarem pais, por mais que a condição de vida do casal fosse difícil, este era o sonho de ambos e por conta disso Cândido Neves se dedicou cada vez mais ao emprego de raptor dos subjugados, mas não porque concordava com a escravidão ou com a caça de escravos mas por pura necessidade de sobrevivência, para que ele e a esposa conseguissem o enxoval da criança, Clara teria que começar a trabalhar como costureira, mesmo não sendo em um emprego fixo e com um bom salário ela já ajudava com as contas de casa e com o enxoval do bebê; os retalhos que sobravam Clara remendava-os e fazia de roupinhas para seu filho/filha. Tia Mônica se opôs aquela gravidez, afinal como que um casal sem emprego fixo e sem moradia própria insiste em ter filhos? Se já estava complicado com três, imagina com quatro? Mas o casal sonhava dia e noite com aquela criança. Clara, finalmente consegue engravidar e Cândido Neves se dedica mais e mais à caça de escravos, chegando ao ponto de que quando um escravo fugia e Cândido era contratado à caça-lo o

escravo logo se entregava e dessa forma ele trazia o pão de cada dia para a sua esposa recém grávida e a Tia Mônica.

O tempo foi passando e a caça de escravos tornou-se um negócio lucrativo onde vários desempregados haviam se tornado caçadores também, o que corroborou para que Cândido Neves não tivesse o mesmo lucro que dantes, porém a barriga de Clara continuava a crescer e as contas aumentavam, ele não sabia o que fazer pois tinha uma família que sustentar. Nesse momento Tia Mônica deu como conselho de levar a criança à roda dos enjeitados popularmente conhecida como a roda dos expostos, que consistia em um mecanismo usado para abandonar recém-nascidos, este era feito de tambor ou portinhola giratória embutido em uma parede onde aquele que abandonava a criança não era visto por aquele que “adotava” a criança. Era uma forma de que os mais pobres tivessem de dar uma vida melhor aos seus filhos, foi muito utilizado por mulheres negras que eram estupradas por seus senhores e por mulheres brancas que engravidaram antes do matrimônio.

Passou-se algumas semanas, Clara deu à luz a um pequeno menino, mas Tia Mônica continuou a insistir em colocar a criança na roda dos enjeitados, porém Cândido Neves lutava para ter a oportunidade de criar seu filho, o milagre aconteceu quando chegou à seus ouvidos que um fazendeiro estava à procura de sua escrava e dava uma recompensa de cem mil réis à quem a trouxesse para ele. Cândido Neves viu nessa possibilidade uma forma de conseguir uma boa quantia em dinheiro para sustentar sua família pelo menos nos primeiros anos de vida de seu menino, após o nascimento de seu filho Cândido Neves saiu fugido à procura desta escrava em todos as ruas da cidade e por sorte ele conseguiu encontra-la, logo em seguida colocou-a em seus braços e com muita brutalidade levou-a para a fazenda de seu dono,

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