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Resenha Crítica - Pele Negra, Máscaras Brancas

Por:   •  11/11/2016  •  Abstract  •  574 Palavras (3 Páginas)  •  3.095 Visualizações

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Simone Aline dos Santos Silva¹

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas; tradução de Renato da Silveira. Salvador-BA, EDUFBA, 2008. p. 33-51.

Pele Negra, Máscaras Brancas, foi escrito originalmente como tese de doutoramento de Fanon na Faculdade de Medicina. Após ter sua tese recusada, transformou-a em livro, onde descreve que a luta contra a opressão no mundo colonial deve abranger a totalidade das condições em que a opressão se manifesta, considerando fatores psicológicos, contexto histórico e social, sistema político e econômico. A obra se apresenta como um tipo de manifesto anticolonial que preza pela libertação do homem branco do seu complexo de superioridade e respectivamente do homem negro do seu complexo de inferioridade.

O Capitulo a ser tratado nesta resenha é o primeiro “O negro e a linguagem”, onde o autor logo no início cita “O negro tem duas dimensões. Uma com seu semelhante e outra com o branco. Um negro comporta-se diferentemente com o branco e com outro negro.”.

Para o autor, a linguagem é de extrema importância na construção da cultura do negro colonizado, uma vez que o negro tem a tendência a aprender a linguagem do colonizador, mas não esquecendo sua forma de linguagem com o seu semelhante.  

Fanon alega que um negro que vive na metrópole, junto aos brancos, é radicalmente transformado, quanto à cultura, linguagem, e a sua vida como um todo. Chega a ser dramático quando diz que esse negro foi modificado geneticamente enquanto esteve na metrópole.

“O negro que entra na França muda porque, para ele, a metrópole representa o Tabernáculo; muda não apenas porque de lá vieram Montesquieu, Rousseau e Voltaire, mas porque é de lá que vêm os médicos, os chefes administrativos, os inúmeros pequenos potentados — desde o sargento-chefe “quinze anos de serviço”, até o soldado-raso oriundo da vila de Panissières.” (Fanon, 2008, p. 38)

        Ao retornar para o seu “berço”, o crioulo consciente ou inconscientemente, continua a agir e falar com seus semelhantes do mesmo modo que se comportava na presença dos brancos europeus. Assim valorização da cultura europeia acaba se fortalecendo em consequência da desvalorização das culturas dos negros.

“Falar uma língua é assumir um mundo, uma cultura. O antilhano que quer ser branco o será tanto mais na medida em que tiver assumido o instrumento cultural que é a linguagem. Lembro-me, há pouco mais de um ano, em Lyon, após uma conferência onde eu havia traçado um paralelo entre a poesia negra e a poesia europeia, de um amigo francês me dizendo calorosamente: “No fundo você é um branco”. O fato de ter estudado um problema tão interessante através da língua do branco me atribuía o direito de cidadania.” (Fanon, 2008, p. 50)

Fanon, afirma ainda que a linguagem é uma forma de existir para outro, de assumir uma cultura e uma civilização. Dessa maneira, o colonizado é capaz de se tornar branco de se tornar homem verdadeiro, quanto mais for capaz de dominar a língua francesa bem como os valores culturais da civilização da metrópole. Isto significa o distanciamento e o esquecimento das suas origens culturais, um desvio da sua inferioridade e a tomada de uma posição do complexo de inferioridade ao qual foi submetido pela situação colonial.  

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