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Dos Atos, Formas e Conteúdos da Consciência

Por:   •  14/10/2022  •  Artigo  •  1.731 Palavras (7 Páginas)  •  53 Visualizações

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                Dos atos, formas e conteúdos da consciência

  • Consciência é a capacidade humana para conhecer, para saber que conhece e para saber o que sabe que conhece. A consciência é um conhecimento das coisas em si e um conhecimento desse conhecimento (reflexão).
  • Do ponto de vista psicológico, a consciência é o sentimento de nossa própria identidade: é o eu, um fluxo temporal de estados corporais e mentais, que retém o passado na memória, percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo pensamento. O eu é o centro ou a unidade de todos esses estados psíquicos.

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  • A consciência psicológica ou o eu é formada por nossas vivências, isto é, pela maneira como sentimos e compreendemos o que se passa em nosso corpo e no mundo que nos rodeia, assim como o que se passa em nosso interior. É o modo individual e próprio com que cada um de nós percebe, imagina, lembra, opina, deseja age, ama e odeia, sente prazer e dor, toma posição diante das coisas e dos outros, decide, sente-se feliz ou infeliz. O eu é uma vivência e uma experiência que se realizam por comportamentos.
  • Pelo ângulo ético e moral, a consciência é a espontaneidade livre e racional, para escolher, deliberar e agir conforme a liberdade, aos direitos alheios e ao dever. É a pessoa, dotada de vontade livre e de responsabilidade. É a capacidade para compreender e interpretar sua situação e sua condição (física, mental, social, cultural histórica), viver na companhia de outros segundo as normas e os valores morais definidos por sua sociedade, agir tendo em vista fins escolhidos, por deliberação e decisão, realizar as virtudes e, quando necessário, contrapor-se e opor-se aos valores estabelecidos em nome de outros, considerados mais adequados à liberdade e à responsabilidade. A pessoa é a consciência como agente moral, na dimensão da práxis. Vê-se que o “ser pessoa” leva em conta o homem na sua capacidade de emitir juízos de valor e de comportar-se em atinência a esses valores. Trata-se do homem na dimensão axiológica.

Ontologia: teoria do conhecimento do ser

Epistemologia: teoria do conhecimento científico

Gnosiologia: teoria do conhecimento em geral

Lógica: é uma parte da filosofia

  • Na perspectiva política, a consciência é o cidadão, tanto o indivíduo situado no tecido das relações sociais, como portador de direitos e deveres, no que se refere à esfera pública do poder e das leis, quanto o membro de uma classe social, definido por sua situação e posição nessa classe, portador e defensor de interesses específicos de seu grupo ou de sua classe, relacionando-se com o sistema público do poder e das leis. O cidadão é a consciência como agente político, também no mundo da práxis.

  • A consciência moral (a pessoa) e a consciência política     (o cidadão) formam-se pelas relações entre as vivências do eu e os valores (pessoa) e as instituições (cidadão) de sua sociedade e de sua cultura.
  • Na visão da teoria do conhecimento a consciência é uma atividade sensível e intelectual dotada do poder de análise, síntese e representação. Cabe, neste passo observar que esta proposta não inclui a atividade emocional, os sentimentos). É apenas o sujeito. Reconhece-se como diferente dos objetos, cria e descobre significações, institui sentidos, elabora conceitos, ideias juízos e teorias. É dotado da capacidade de conhecer-se a si mesmo no ato do conhecimento, ou seja, é capaz de reflexão. É saber de si e saber sobre o mundo, manifestando-se como sujeito percebedor, imaginante, memorioso, falante e pensante. É o entendimento propriamente dito.
  • A consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento estrutura-se como atividade de análise e síntese, de representação e de significação, voltadas para a explicação, descrição e interpretação da realidade e das outras três esferas da vida consciente (vida psíquica, moral e política).
  • São quatro as modalidades da consciência: o eu, a pessoa o cidadão e o sujeito. Apoia-se em métodos de conhecimento e busca da verdade. É o aspecto intelectual e teórico da consciência.
  • Ao contrário do eu, o sujeito do conhecimento não é uma vivência individual, mas aspira à universalidade, ou seja, à capacidade de conhecimento que seja idêntica em todos os seres humanos e com validade para todos os seres humanos, em todos os tempos e lugares.
  • A vivência é individual, singular (minha). O conhecimento é universal (nossos, de todos os humanos).
  • Eu, pessoa, cidadão e sujeito constituem a consciência como subjetividade ativa, sede da razão e do pensamento, capaz de identidade consigo mesma, virtude, direitos e verdade.
  • Há três graus de consciência: a) a consciência passiva; b) a consciência vivida, mas não reflexiva; e c) a consciência ativa e reflexiva (somente esta permite a existência da consciência em suas quatro modalidades: eu, pessoa, cidadão e sujeito.
  • A consciência, como tal, não existe se não se apresentar sob alguma forma, quer como percepção, como lembrança, como imagem, como sentimento, como vontade ou como conceito, juízo ou raciocínio.
  • Desaparecendo essas formas e respectivos objetos, desaparece a consciência.
  • Por isso, Edmund Husserl considerava que a consciência somente se põe mediante a intencionalidade, isto é, ela sempre tem direcionalidade, realizando-se como tal por meio de um objeto, objeto de consciência. Sem esse objeto a consciência se esvai, não existe.
  • Aquelas formas de consciência são produzidas por diferentes atos de consciência: o ato de perceber, de lembrar-se, de imaginar (imaginação), de sentir, de querer ou de pensar.
  • Cumpre distinguir sempre o ato de consciência, que produz determinada forma de consciência, e o conteúdo dessa mesma forma produzida por aquele ato.
  • São três momentos distintos: o ato, o resultado do ato e o conteúdo do ato.
  • Uma coisa é perceber, como ato específico e histórico, como ato psíquico; outra coisa é seu resultado, isto é, a percepção, que é uma forma de consciência; outra mais é o conteúdo dessa percepção, que é seu objeto e que pode ser de várias naturezas.
  • Uma coisa é lembrar-se, outra a lembrança, outra mais o conteúdo lembrado.
  • Formas de consciência: sensações, percepções, lembranças, emoções, sentimentos, volições, ideias, juízos, inferências etc.
  • A consciência só existe por aquilo que a transcende. A consciência é sempre intencional.
  • Aristóteles dizia: “não a pedra que está na alma, mas a sua forma”.

Pensamento, como forma de consciência e a linguagem que o expressa

  • Se bem que o pensamento não se confunda com a linguagem, ele não existirá se não puder ser expresso mediante alguma forma linguística, quer seja externa, oral ou escrita, quer interna, na forma de uma surda linguagem interior. Trata-se de relação dialética: um não é o outro, mas um é pelo outro. O homem, no mundo simbólico que lhe é peculiar, fala porque pensa e pensa porque fala. Não pode haver separação entre pensamento (consciência) e linguagem.

  • Conhecer é representar-se um objeto. É a operação imanente pela qual um sujeito pensante se representa um objeto. É o ato de sentir, perceber, imaginar ou pensar um objeto.
  • As sensações apontam para o que acontece diretamente em nosso interior. São afecções psíquicas intuídas de modo direto e imediato, provocadas por estímulos internos ou externos sobre nossos órgãos sensoriais): sensação de cor, forma, som, dor, cócegas etc.).
  • As sensações são fortemente vinculadas às emoções. Uma sensação aguda (de picada, por exemplo), quente, luminosa, sonora, doce, amarga etc., vem sempre ligada a processos de prazer, de dor ou de indiferença em variados graus.

 

  • Como já foi dito, as sensações são afecções subjetivas imediatas, que sempre aparecem relacionadas entre si, segundo modalidades diversas, para formar as percepções.

  • Quando percebemos, vemos o objeto como algo externo, físico, como algo que se impõe aos nossos sentidos. Estou vendo uma pessoa que passa à minha frente.

  • A percepção é uma forma de representação dotada de relevância significativa (há um sentido perceptivo) a respeito do que acontece no mundo. A percepção pode compreender uma multiplicidade de sensações modalmente diferentes, mas combinadas com referência a um só objeto. De modo diverso das sensações que são caracteristicamente específicas de determinadas modalidades, a percepção é indiferente quanto à modalidade. Tenho, por exemplo, as sensações múltiplas de modalidades diversas, articuladas ou isoladas de preto, amargo, líquido, aromático e quente, formando, juntamente com a experiência passada, pertinente à percepção do café que estou agora tomando. Ela já envolve formas relacionais, lembranças, experiências organizadas, reconhecimentos etc., o que certamente a endereça para o lado do pensamento intelectivo, das referências conceptuais e de julgamentos (relações). No entanto, ela guarda forte relação com as sensações. Normalmente, está vinculada a alguma forma de sensação, embora já implique algum julgamento a respeito da situação percebida.
  • Uma forte característica da percepção é a referência objetiva dela, pois a percepção, apesar de sua índole interpretativa, não é absolutamente privada, existindo a seu respeito possibilidades de conferência intersubjetiva e faz parte do mundo público das pessoas. Isso já não ocorre com as sensações, que são absolutamente privadas.
  • As percepções, formadas pela conjunção de sensações de modalidades diversas, já apresentam um caráter sintético de articulação de diferentes elementos (sensações).
  • Imaginar é ver, ouvir, sentir algo em meu interior, como imagem (como representação), sem o concurso de minha aparelhagem sensorial do corpo.
  • É o ato que produz lembranças de minha experiência passada (imaginação reprodutiva), ou, ainda, a composição criativa de imagens visuais, auditivas, gustativas etc. (imaginação criativa).
  • A imaginação, em seu sentido puro, implica sempre uma ausência, a ausência da percepção correspondente.
  • Pensar é um ato que produz uma forma representativa bastante diferente da imaginação e da percepção. O pensar permite o acesso ao sentido, isto é, à significação das coisas e dos processos do mundo.
  • O produto do ato de pensar é o pensamento, ou seja, um sentido normalmente considerado como idéia ou conceito, proposição e raciocínio. Não se pode perceber ou imaginar uma idéia, um conceito. O conceito é apenas inteligível, só se podendo compreendê-lo.
  • Assim, o conceito revela-se, dialeticamente, como uma unidade de sentido, na diversidade de situações; uma permanência (identidade) de sentido em face de um fluxo empírico de coisas e processos desdobráveis no tempo e no espaço. (Recordar exemplo da idéia de justiça que permanece sempre a mesma diante das várias situações da vida).
  • Atos de consciência: perceber, imaginar, sentir, querer, pensar.
  • Formas de consciência: a percepção, a imagem, o sentimento, a vontade, o amor, o pensamento.
  • Conteúdos de consciência: são os objetos percebidos, imaginados, sentidos, queridos, pensados.
  • A Psicologia estuda os atos da consciência; a Lógica, as formas, particularmente as formas do pensamento. A Gnosiologia e, em termos científicos, a Epistemologia estudam os conteúdos da consciência.

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