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Estação Carandiru

Por:   •  30/8/2016  •  Resenha  •  1.130 Palavras (5 Páginas)  •  276 Visualizações

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VARELLA, Dráuzio, 1943, Estação Carandiru/Dráuzio Varella. – São Paulo: Companhia Das Letras, 1999.

O médico cancerologista e escritor Dráuzio Varella, formado pela USP, nasceu em São Paulo, em 1943, no ano de 1989 iniciou um trabalho de pesquisa sobre a predominância do vírus HIV na população carcerária da Casa de Detenção do Estado de São Paulo, o Carandiru. De 1989, até a desativação do presídio, que ocorreu em  setembro de 2002, trabalhou como médico voluntário. Atualmente, faz o mesmo trabalho na Penitenciária Feminina do Estado de São Paulo.

O livro “Estação Carandiru” escrito pelo médico cancerologista Dráuzio Varella, como se através de um projetor de imagens cerebrais, recria as diversas histórias ouvidas, vividas ou testemunhadas pelo autor, que envolveram várias personagens enclausuradas em cumprimento de penas na Casa de Detenção do Estado de São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru. Histórias às vezes engraçadas, às vezes trágicas ou sinistras com requintes extremos de crueldades e perversidades incompreensíveis, pois, tais atos não são praticados normalmente por seres que são classificados como seres racionais, seres dotados com leis morais, portanto aptos a analisar comportamentos  com bom senso e equilíbrio social.

 A Casa de Detenção do Estado de São Paulo, maior presídio do Brasil e da América Latina, palco de todos os atos, no ano de 1989, após vinte anos de formado na área médica, foi o local escolhido pelo cancerologista Dr. Dráuzio Varella para realizar um trabalho de prevenção ao terrível e destruidor vírus do HIV (AIDS). Após duas semanas de extenuante trabalho, condoído pela deplorável situação em que se encontravam os internos, resolveu oferecer-se, para ali ampliar a campanha de prevenção desenvolvida e apoio médico aos internos durante o período de três anos, porém, em virtude do envolvimento e laços desenvolvidos de maneira geral, permaneceu até o ano de 2002, ano que o complexo penitenciário foi definitivamente desativado e mais tarde implodido, sendo que, além da gravação de vídeos, ministração de inúmeras palestras e incontáveis atendimentos médicos, também idealizou a revista “O Vira Lata”, importante revista em quadrinhos, que era escrita por Paulo Garfunkel e desenhada por Libero Malavoglia, protagonizando o personagem Vira-Lata, criado por eles. Seu lançamento ocorreu no início da década de 1990 e contou com sete edições em mais de dez (10) anos.

Em virtude da clareza e característica literária de Estação Carandiru, a obra rapidamente ganhou status de best-seller, fato que culminou no recebimento do Prêmio Jabuti da literatura brasileira, concorrendo na categoria não ficção, sendo que, para coroação completa do trabalho, no ano de 2003, através do diretor cinematográfico Hector Babenco, ganhou as telas do cinema mundial com o mesmo título.

O autor através de histórias narradas, por personagens reais, de acontecimentos reais, nos leva a visualizar o ambiente prisional e na maioria dos momentos fatídicos, nos sentiu transportados para aqueles terríveis e sinistros espaços físicos, quando descreve e caracteriza cada cela, ou pavilhão oferece ao leitor uma viagem literária muito próxima da realidade vivida á época, pelos detentos, funcionários e até mesmo familiares dos internos, de maneira extremamente real. Inicialmente Estação Carandiru descreve cada espaço físico, sejam pavilhões, celas, espaços funcionais ou institucionais peculiarmente, ilustrando além de suas estruturas físicas, suas características organizacionais, sendo enfatizadas com clareza extrema as características dos detentos que neles são confinados, locais que abrigam os mais diversos tipos de criminosos, sejam estupradores, justiceiros, travestis, reincidentes no crime ou não, universitários, doentes físicos ou até mesmo doentes mentais.

Depois de descrever minuciosamente o espaço físico do complexo, o autor nos apresenta o Carandiru, através dos inúmeros depoimentos de alguns dos milhares de presos, expondo de maneira extremamente clara e didática a dinâmica de funcionamento de um complexo penitenciário, cuja capacidade nominal, apesar de ser somente de três mil e trezentos (3300) detentos, inexoravelmente abrigava mais de sete mil (7000) internos. Nesses termos, na tentativa de se auto preservar, os apenados por falta de opções plausíveis, aliado a inépcia dos poderes legalmente constituídos, morosidade do Poder Judiciário, leis arcaicas e desatualizadas e principalmente aliadas a um sistema carcerário completamente falido, portanto ineficiente ao extremo, criaram suas próprias leis, regras jurisprudenciais de comportamento e até mesmo a organização funcional dentro do presídio, absurdamente determinada e executada pelos próprios detentos.

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