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FICHAMENTO SÓFOCLES - ANTÍGONA

Por:   •  22/2/2018  •  Bibliografia  •  1.673 Palavras (7 Páginas)  •  1.076 Visualizações

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AGES

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

CURSO DE DIREITO

PAULO ROBERTO DALTRO DE CARVALHO

SÓFOCLES - ANTÍGONA

Fichamento apresentado na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito (IED), solicitado pelo professor Edson Pires da Fonseca para obtenção de nota parcial.

Paripiranga - BA

2013

Obra: Antígona

Autor: Sófocles

Referência:  SÓFOCLES. Antígona.  In: ________, A trilogia tebana: tradução do grego, introdução e notas, Mario da Gama Kury. – 8.ed. – Rio de janeiro: Jorge Zahar ED., 1998.  p. 195-254.

Resumo da obra:

Este livro conta a história de Antígona, filha de Édipo e Jocasta, que deseja enterrar seu irmão Polinices, morto em combate, que tinha atentado contra a cidade de Tebas, dominada pelo seu tio, o Rei Creonte. Creonte outorgou uma lei impedindo que o morto Polinices que atentou contra as leis da cidade, não seria sepultado, deixando exposto a cães e aves para devorarem. Mas a sua irmã Antígona, que acabara de perder seus dois irmãos em combate, Etéocles, defendendo o regime de Creonte, que foi sepultado com todas as honrarias, enquanto Polinices não teria esta mesma honraria, ela enfurecida contra a lei de sua cidade, decide enterrar seu irmão. Ela é então capturada e levada até Creonte que sentencia a sua morte, e nem mesmo os apelos de seu noivo Hémon, que é filho de Creonte, e clamou a seu pai pelo bom senso e pela vida de sua noiva, já que ela só queria dá a seu irmão um enterro justo, adiantou para livra-la da morte. Hémon então briga com seu pai e Creonte acaba sentenciando Antígona à morte e mandam levá-la a uma caverna onde ela ficará até morrer. Neste período, aparece um adivinho, Tirésias, que avisa a Creonte que sua sorte está acabando, pois esta decisão de não permitir o sepultamento de Polinices destruirá seu governo. Antes mesmo de poder fazer algo, Creonte descobre que seu filho Hémon, está na tumba de sua Antígona, desgostoso com a morte de sua noiva. Ao chegar ao local, Crente ordena que seu filho se retire do local e ele furioso acaba puxando a espada que tenta acerta o pai, mas acaba errando, então com raiva, acabou atravessando a espada em si mesmo e abraçou Antígona, morrendo juntos. Eurídice, mãe de Hémon e esposa de Crente, desiludida pela morte de seu filho, também se mata para desespero de Creonte que ao vê toda a sua família destruída se lamenta pelos seus atos, mas principalmente por não ter atendido os desígnios dos deuses, que lhe custou a vida de todos aqueles que lhe eram queridos.

Citações:

“E, com esse mesmo espírito ordenei fosse tornado público o meu decreto concernente aos filhos de Édipo: Etéocles, que, lutando em prol da cidade, morreu com inigualável bravura, seja, por minha ordem expressa, devidamente sepultado; e que se lhe consagrem todas as oferendas que se depositam sob a terra, para os mortos mais ilustres! Quanto a seu irmão, — quero dizer: Polinice, — que só retornou do exílio com o propósito de destruir totalmente, pelo fogo, o país natal, e os deuses de sua família, ansioso por derramar o sangue dos seus, e reduzi-los à escravidão, declaro que fica terminantemente proibido honrá-lo com um túmulo, ou de lamentar sua morte; que seu corpo fique insepulto, para que seja devorado por aves e cães, e se transforme em objeto de horror.” (p. 204)

Os dois filhos homem de Édipo e Jocasta, morrem em batalha no mesmo dia, um lutando contra o outro. Etéocles a favor e Polinices contra a cidade de Tebas que é governada por seu tio, Creonte. Então Creonte manda enterrar honrosamente Etéocles, mas lança uma lei para que Polinices não seja sepultado por ser um traidor da pátria, quem o fizesse seria igualmente considerado como traidor.

Antígona, filha de Édipo e irmã dos falecidos, se encontra com sua outra irmã Ismene, secretamente a fim de tentar enterrar o corpo de Polinices, apesar do edito de Creonte. Ismene recusa-se a ajuda-la temendo sofrer a pena de morte. Antígona então descumpre a lei e processe com seu plano para prestar honraria fúnebre a Polinices. Logo em seguida, um soldado comunica a Creonte que o corpo foi sepultado. Ele furioso, ordena que trouxessem o culpado ou então soldado será executado. Pouco depois, retorna o soldado acompanhado de Antígona. Creonte a interroga e ela afirma seu ato e argumenta sobre a moralidade do ato dele:

Sim, porque não foi Júpiter que a promulgou; e a Justiça, a deusa que habita com as divindades subterrâneas jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos; nem eu creio que teu édito tenha força bastante para conferir a um mortal o poder de infringir as leis divinas, que nunca foram escritas, mas são irrevogáveis; [...] Tais decretos, eu, que não temo o poder de homem algum, posso violar sem que por isso me venham a punir os deuses! Que vou morrer, eu bem sei; e morreria mesmo sem a tua proclamação. E, se morrer antes do meu tempo, isso será, para mim, uma vantagem, devo dizê-lo! [...] Se te parece que cometi um ato de demência, talvez mais louco seja quem me acusa de loucura! (p. 214)

Hémon, noivo de Antígona e filho de Creonte, entra para prestar fidelidade a seu pai. Ele tenta convencer seu pai a poupar a vida de sua noiva, mas não consegue e acabam se insultando. Então ele se retira, jurando nunca mais ver seu pai. Creonte não voltou atrás, considerou que não poderia abrir mão da lei somente pela súplica de seus próximos, afirmando que perderia autoridade e que a lei era maior que o poder do rei:

Se eu tolero a rebeldia daqueles que pertencem à minha estirpe, com mais forte razão transigirei com a de estranhos! [...] Quem, por orgulho e arrogância, queira violar a lei, e sobrepor-se aos que governam, nunca merecerá meus encômios. O homem que a cidade escolheu para chefe deve ser obedecido em tudo, quer seus atos pareçam justos, quer não. [...] Não há calamidade pior do que a rebeldia; ela é que arruína os povos, perturba as famílias e causa a derrota dos aliados em campanha. (p. 224)

Em seguida, o profeta cego, Tirésias, adverte a Creonte que os deuses estão do lado de Antígona. Creonte ensandecido acusa o profeta de corrupção que responde afirmando que seus erros irão custar à vida de seu filho pelo fato de deixar um morto desenterrado e colocar Antígona embaixo da terra. Todos ficam abalados com a mensagem do profeta e pedem que Creonte reconsidere a sua decisão. Abalado, Creonte aceita e decide sepultar Polinices e libertar Antígona. Ele então vai com um grupo de homens que irão lhe ajudar nesta missão.

        Neste momento, chega um mensageiro contando que Hémon estava morto e sua mãe Eurídice ouve a história e pede que o mensageiro detalhe pra ela os acontecido. Então ele informa que Antígona se enforcou e Hémon enfurecido tentou matar Creonte, não conseguindo acabou traspassando a sua espada em si. Então Eurídice desaparece dentro do palácio. Creonte ao chegar carregando o corpo de seu filho, é informado que sua esposa também matou por saber da tragédia com seu filho. Ela como última palavra amaldiçoa a sua vida. Creonte então se responsabiliza com todos os acontecimentos. A ordem que ele deu tinha sido respeitada por todos, mas ele tinha desagradado aos deuses e por isso perdeu seu filho e sua esposa:

Ai de mim! De tanta infelicidade, eu bem sei que sou o autor, nem poderiam elas nunca ser atribuídas a outro. Fui eu, eu somente, eu, este miserável, que os matei... Servos... levai-me depressa... levai-me para longe... eu não vivo mais!... eu estou esmagado! [...] Que venha!... que venha! que apareça já a mais bela... a última das mortes que eu causei... a que me há de levar... no meu derradeiro dia... que ela venha! Que venha já! Eu não quero... eu não quero ver clarear outro dia. (p. 250)

        A tragédia é encerrada com a afirmação de que os deuses punem os orgulhosos, mas que a punição nos trás sabedoria.

Oh! Mas isto já é o futuro!... Pensemos no presente, ó rei! Que cuidem do futuro os que no futuro viverem. [...] Não formules desejos... Não é lícito aos mortais evitar as desgraças que o destino lhes reserva! (p. 250-251)

 

Parecer critico:

 Nesta tragédia grega, protagonizado por Antígona, percebemos que o Direito Natural se contrapõe ao Direito Positivo, uma vez que ela despreza e contraria as leis que lhe foram impostas pelo seu tio Creonte, o Rei de Tebas. Ela opta por enterrar seu irmão Polinices, alegando lealdade às normas divinas, ainda que isto lhe custasse sua vida, ela age de acordo com a razão que lhe é inerente. Observamos, portanto, que se não fosse às sanções impostas pelo Rei Creonte em caso de desobediência, os demais cidadãos honrariam o sepultamento de Polinices, assim como Antígona o fez. Destacamos que as normas morais e religiosas perante a sociedade, não estavam de acordo com as leis que positivaram o ordenamento de Creonte, mas que da mesma forma, não foram capaz de invalidá-lo. Observamos também, que o ponto fundamental desta tragédia grega é que consiste na crença de que esses Direitos Naturais não dependem do reconhecimento do Rei, ou seja, do Direito Positivo. Assim, se o Estado, criar uma lei (norma jurídica) que desrespeite a propriedade privada do cidadão, essa forma será desobedecida e questionada pela sociedade, pois estaria violando alguns preceitos fundamentais do Direito Natural. Portanto, encontramos nesta peça um sentimento de indignação que surgiu quando o ordenamento jurídico (Direito Positivo) se contrapõe aos anseios de justiça presente na sociedade. Também encontramos nesta tragédia grega, elementos do direito democrático, na qual o Hémon em diálogo travado com seu pai Creonte, que de forma petulante, questiona a ordem dele, onde mostra que o povo não apenas tem o direito de se expressar assegurado na Constituição Federal, no artigo 5º, inciso IV: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;”, como também o direito de ser ouvido ou consultado, exercendo sua soberania popular conforme artigo 14, assegurado na CF.

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