O Coronelismo como fator de corrupção

No que tange a economia do cacau em relação ao coronelismo, nota-se que é uma relação que desde seu nascimento está ligada à corrupção. Para compreender isso, basta voltar no tempo. Ao falar de Coronelismo, cometemos o erro de liga-lo somente ao século XIX, de fato, o auge de sua atuação e onde sua força não era questionada. O coronelismo foi um dos fatores de base fundamental de sustentação do domínio oligárquico na República Velha e foi um fenômeno comum em todo o país.

Os Coronéis sendo os grandes proprietários rurais de grande autoridade da região, político mais influente, a quem todos deviam favores e obediência, aquele que não hesitava em usar a força para conseguir seus objetivos. O coronelismo tinha força no contexto denominado “política dos governadores”, onde aquele garantia as eleições municipais, em seguida apoiava as candidaturas estaduais e federais, era uma corrente oligárquica onde “uma mão lavava a outra”, sendo assim um verdadeiro jogo de cartas marcadas.

A área de influência e controle político dos coronéis era conhecida como Curral Eleitoral e ali todos acompanhavam as determinações políticas do coronel, sendo obrigados a votar nele ou no seu candidato. O Voto de Cabresto, que foi favorecido pela própria Constituição de 1891 que estabeleceu o voto aberto, ou seja, era possível ver em quem o eleitor ia votar, e os jagunços dos coronéis acompanham esses eleitores e viam em quem os mesmos votavam, se contrariassem os interesses dos patrões esses eleitores sofriam sanções, agressões físicas, perdiam seus empregos, eram despejados de suas casas, suas famílias eram castigadas. As manipulações nas eleições eram perceptíveis: a soma de poder, mandonismo e voto aberto daria um resultado certo: eleições sempre favoráveis aos poderosos.

Com o tempo, o coronelismo em sua atividade principal foi perdendo força, mas essas ações transvaloram para a contemporaneidade. A corrupção eleitoral evidencia isso quando a troca de favores ou objetos -como cestas básicas-  por votos é tão forte na atualidade, dando a entender que pessoas com forte poder aquisitivo podem facilmente comprar a população carente em troca de poder político e trazendo à tona aquele sentimento de intangibilidade de alguns indivíduos que estão “acima” dos demais. E essa cultura infecta todos os setores, como no “coronelismo eletrônico” e Funcionalismo Público, onde respectivamente um utiliza de mídias sociais para difundir seu poder através da visibilidade e o outro utiliza do poder adquirido no setor público para tornar seus empregados verdadeiros “reféns” de suas decisões, visto que deixar de acatar suas ordens poderá resultar em demissão, e pior, dificuldade de reestruturação, pois o “Coronel do setor público” Possui muita influência sobre os demais empregadores da região, e toda essa relação de poder afeta drasticamente a economia.

As relações de poder exercidas por estes “Coroneis contemporânaneos” faz com que o funcionamento do mercado seja prejudicado, já que muitas vezes haverá concorrência desleal entre comerciantes comuns e aqueles privilegiados pela influência. Nota-se que o corporativismo acaba por usar o Estado como oposto ao estabelecido em seus princípios de bem-estar social, quando age em prol de poucos e atrapalha aqueles que não possuem maneiras de barganhar estas vantagens.

Na época da republica velha, com grande influência do coronelismo, o cacau foi um dos cultivos agrários que teve uma grande importância para a geração de riquezas no país (produção de chocolate), mesmo com menos destaque quanto o café. O cultivo do cacau começou no Brasil em 1679, através da Carta Régia que autorizava os colonizadores a plantá-lo em suas terras.