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O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

Por:   •  27/4/2025  •  Trabalho acadêmico  •  1.588 Palavras (7 Páginas)  •  9 Visualizações

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“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” - Título original: ‘Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain’

Este filme francês tem roteiro e direção de Jean Pierre Jeunet e foi lançado em 2001. Tem como elenco principal Audrey Tautou e Mathieu Kassovitz. O sucesso mundial de bilheteria de ‘O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain’ simboliza, segundo a crítica, uma reação do cinema francês (Le jeune cinema français) à hegemonia norte-americana.

Sua estética pode ser resumida na expressão ‘filme de diretor de arte’. A preocupação com o uso de cores complementares (verde e vermelho), a excelência do figurino e dos cenários, a criação de um mundo diegético a beira do surreal, tudo isso forma um conjunto visual rico e expressivo.
         Amèlie foi uma criança que não teve muito contato com outras crianças, perdeu a mãe logo cedo e viveu com o pai que sempre a privou do contato com outras crianças, assim construiu para si todo um mundo alheio e cheio de fantasias. Tornou-se adulta e trabalha como garçonete em um café situado no bairro parisiense de Montmartre

Ela cultiva grandes prazeres através de coisas totalmente banais, como enfiar a mão dentro de um saco de grãos ou atirar pedras na água. Mas no fundo, sua vida é solitária e vazia, porém certo dia, por obra do acaso ou do destino, Amèlie encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, julgando tratar-se de um tesouro que pertencera a uma criança - antigo morador - decide procurar o dono da caixa e depois de muito trabalho consegue encontrar Dominique. Ao perceber que o dono da caixinha se emociona ao reaver o objeto contendo brinquedos da sua infância, Amèlie adquire uma nova visão do mundo. Então, passa a interferir, a partir de pequenos gestos, na vida das pessoas que a rodeiam, com o intuito de deixá-las mais felizes, vendo nisto um novo sentido para sua existência. 

A partir daí, Amélie vai se envolvendo, totalmente por acaso, em situações aparentemente banais, que vão nos levando a personagens intrigantes, como os vizinhos do prédio em que mora (a zeladora que fora desprezada pelo marido já falecido, o dono da banca, Sr.Collignon, que considera seu funcionário Lucien como debilóide, o vizinho pintor,  Dufayel, também chamado de “homem de vidro”) e os colegas de trabalho do café em que trabalha (principalmente o neurótico Joseph e a hipocondríaca Georgette).

Amèlie fica tentando melhorar a vida desses conhecidos, sem se preocupar muito com a sua, até que algo muito importante lhe acontece. Por acaso, ela se depara com um jovem na estação de metrô por quem se simpatiza bastante. O rapaz que chama a atenção de Amèlie não foge a excentricidade dos demais personagens, ele é Nino, um jovem que recolhe fotos rasgadas do chão da estação de metrô e as monta cuidadosamente em um álbum. Amèlie se vê apaixonada por Nino e não tem coragem de chamar diretamente sua atenção. Mas, certo dia, durante uma perseguição de Nino a um suspeito que pudesse esclarecer sobre as fotos rasgadas que ele recolhe, Amèlie o segue a distância e acaba por ficar com o álbum que o rapaz deixa cair durante a perseguição. A partir daí, Amèlie envolve Nino num fabuloso jogo para a devolução do álbum, uma vez que seu objetivo maior é a aproximação com o rapaz. O pintor, vizinho de Amélie, a incentiva para se assumir para Nino, mas ela se esquiva sempre e sofre, até o dia em que Nino bate a sua porta e muda realmente seu destino. O filme termina com os dois andando de bicicleta pelas ruas de Paris.

A maneira como o filme se inicia nos prende por meio de uma série de acontecimentos anunciados rapidamente por um narrador onisciente que nos apresenta os principais fatos da vida de Amèlie Poulain. Assim, logo de início, podemos nos encontrar ou colocar como sendo sujeito privilegiado a quem o narrador se dirige. Este tipo de narração direta ao espectador repete-se ao longo filme: tanto a protagonista quanto o narrador estão sempre se reportando a quem os assiste de maneira a quebrar a distância entre o filme e seu voyeur. Tal recurso poderia ser considerado como outro tipo de subcódigo de identificação, pois o personagem chama seu espectador a ver e viver sua história com ele. Um subcódigo que quebra a regra do cinema clássico de que o ator não deve olhar para a câmera e realiza o encontro exibicionista-voyeur.  Talvez isso mostre uma superação da relação clássica entre filme e espectador onde o filme deixou de ser aquele que me mostra o proibido, o pecaminoso. O voyeur se vê sem culpa na cumplicidade do olhar da personagem Amélie.

O recorrente uso do primeiro plano no rosto de Amèlie indica durante todo o filme situações em que ocorre uma identificação do espectador com este personagem através do recorte do espelho. A câmera fecha no rosto da personagem nos momentos mais importantes para o desfecho da narrativa através de aproximações bastante rápidas de Amèlie por meio de travellings. O mais curioso é que é nestes momentos que Amèlie se dirige ao espectador.

Numa cena sobre os hábitos de Amélie, em que ela se encontra numa sala de cinema, a personagem se dirige a câmera, a nós espectadores, nos diz e mostra que gosta de virar para trás e observar o rosto das pessoas enquanto elas assistem ao filme. Parece buscar nosso olhar para observar o que ela observa – apelo também para nossa identificação com ela. Outra cena que estabelece essa comunicação com o espectador,é quando Amèlie resolve falsificar uma carta afim de ajudar a consolar a zeladora do prédio, que vive deprimida porque foi desprezada pelo marido já falecido. Amèlie nos apresenta, passo a passo, os objetos empregados em cada etapa do ato de falsificação da carta. É como se estivesse buscando nosso testemunho, ajuda e aprovação para sua traquinagem que, afinal de contas, objetiva a felicidade da zeladora. Em tais cenas, o espectador não é um simples voyeur, ignorado pelo que é visto, ou seja, para Amèlie o espectador não é invisível, ele está ali para que ela possa contar com sua ajuda e cumplicidade. A narrativa, nesses momentos, não se exibe simplesmente, mas parece que ocorre com nossa participação. Em desfechos chaves ou difíceis para a personagem da narrativa ela fala conosco.  O espectador embarca assim no mundo fantástico de Amélie, que de tão fantástico permite inclusive esse grau de aproximação.

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