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RESENHA CRÍTICA O POVO BRASILEIRO - DARCY RIBEIRO

Por:   •  4/11/2018  •  Resenha  •  4.476 Palavras (18 Páginas)  •  1.416 Visualizações

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  1. Introdução

        O livro “O povo brasileiro”, de Darcy Ribeiro, consiste na transmissão rica de mais de trinta anos de estudo sobre o povo brasileiro, conhecendo as suas verdadeiras origens e fatores, os quais influenciaram a formação de uma nação com características próprias e distintas.

        Na obra, o autor inicia por apresentar as diferentes matrizes étnicas, destacando-as e descrevendo-as segundo a formação do povo brasileiro, com maior enfoque na questão indígena. É, também, enfatizado o seu nascimento como tal, tratando da miscigenação como fruto primordial desse povo, citando os diferentes povos que o deram origem, e mostra também todo o processo histórico pelo qual passaram e sofreram. Da mesma forma, Darcy faz também uma observação ampla e mais aprofundada na questão de cada região brasileira, em seus diferentes aspectos e fecha, trazendo sua própria conclusão em relação a tudo o que foi dito.

        


2. Resenha

2.1 O NOVO MUNDO

Ao longo de toda a costa atlântica, situado em sua maior parte no hemisfério sul da América, encontra-se o Brasil, país configurado pelo seu vasto e magnífico território, habitado, antes, por índios, seus verdadeiros nativos e denominando, naquela época, a ilha Brasil. Porém, apesar de sua maioria conter costumes e falas semelhantes, seus nativos não eram unidos, logo, não podiam ser considerados uma nação.

Os conflitos pelo território brasileiro tiveram início após o surgimento de um protagonista novo, vindo do hemisfério norte em busca de descobertas no mundo novo: os europeus. Ao contrário dos índios, os quais desconheciam de sua quantidade e capacidade dominadora, os europeus tomaram poder radicalmente e começaram a constituir uma nação, trazendo um destino agressivo aos nativos, e capaz de atuar destrutivamente de múltiplas formas. De acordo com o livro, esse foi o princípio de um processo pelo qual, os indígenas, os europeus, e, futuramente citado, os negros, tornaram-se um só povo, formando o povo brasileiro.

O autor do livro discursa sobre as relações entre os indígenas e os lusitanos, constituindo o início da história brasileira. Em primeiro lugar, e sabiamente dizendo, Darcy toma partido da matriz Tupi, caracterizados como os mais famosos entre os indígenas, e citados como os principais encontrados, pelo português, no litoral, como ele mesmo diz “Somavam, talvez, 1 milhão de índios, divididos em dezenas de grupos tribais, cada um deles compreendendo um conglomerado de várias aldeias de trezentos a 2 mil habitantes”. Caracterizavam-se como povos muito diversificados, conhecendo todos os tipos de plantas e animais (sendo considerados até pioneiros em revolução agrícola), classificados como macroetnia por conta da unidade linguística e cultural, e conhecidos pelo caráter cultural da antropofagia. Contudo, pode-se dizer que foi o povo que mais teve contato com os europeus.

Em segundo e último lugar, Ribeiro caracteriza os lusitanos como algo contrário ao povo anteriormente citado, colocando-os como uma vasta e vetusta civilização urbana e classista, cuja vida era uma tarefa, uma sofrida obrigação, que a todos condenava ao trabalho e tudo subordinava ao lucro. São eles descobridores curiosos e agressivos, também ousados, por terem sucesso diante de um enorme e árduo objetivo (em sua suas visões), e, consequentemente, orgulhosos pelo mesmo. A economia de Portugal se deu por conta da pesca e pelo conhecimento de navegações, o qual propiciou as primeiras expedições portuguesas, nas costas africanas (trazendo a presença da escravidão dos negros), e que mais tarde resultaram, com a presença de Pedro Álvares Cabral, na descoberta do novo mundo denominado Brasil. A partir desse feito, o autor cita “os índios defenderam até o limite possível seu modo de ser e de viver”. Vale ressaltar que, como anteriormente citado o povo europeu como capaz de atuar destrutivamente de múltiplas formas, além do fato, não menos importante, deles escravizarem os nativos, trouxeram consigo, “da cárie dental à bexiga, à coqueluche, à tuberculose e ao sarampo”.

No final no capítulo, o autor trata sobre o processo civilizatório, o qual consiste na economia mercantil propiciada pelos impérios mercantis salvacionistas, ou por assim dizer, os ibéricos. Estes conquistaram riquezas, glórias e, principalmente, o interesse de outras nações européias para as conquistas de novos mundos, o que levou a Inglaterra e a Holanda a também se desenvolverem como nação, e focar os estudos em tecnologias para navegar e buscar novas terras. Assim, todos se abrigaram e constituíram colônias, por meio de dois modos de processo civilizatório: o barroco e o gótico. O modo barroco foi utilizado pelos ibéricos, os quais se mesclavam com os índios, e não lhe reconheciam os seus direitos, sendo o único o de se multiplicar em mais braços, postos a seu serviço. Já o gótico, foi utilizado pelos nórdicos, adotando uma política cujo índio era um detalhe, que sujava a paisagem, e para se europeizar, devia ser expulso, para qualquer lugar longe de lá. O autor diz, um é a tolerância soberba e orgulhosa dos que se sabem diferentes e assim querem permanecer, sendo esse o modo gótico, o outro é a tolerância opressiva, de quem quer conviver reinando sobre os corpos e as almas dos cativos, caracterizando o barroco.

2.2 GESTAÇÃO ÉTNICA

Darcy, neste capítulo, considerado um dos mais importantes, apresenta a formação étnica de cada povo que formou o Brasil, ou, em outras palavras, a mistura étnica de índios, europeus e africanos, mostrando seus costumes, origens e fatos históricos mais importantes.

Inicia-se argumentando com o costume dos nativos, que foi a instituição social que possibilitou a formação do povo brasileiro, o chamado “cunhadismo”. Este era um velho uso indígena de incorporar estranhos à sua comunidade, ocorrendo no ato de dar uma moça índia como esposa, correspondendo no estabelecimento automático de mil laços com os membros do grupo, pois eles relacionavam-se um com os outros. A partir desse processo, o estranho passava ter sua “temericó”, assim como todos os membros familiares, constituindo em uma enorme família.

Apesar de tudo isso, não havia contestação por parte dos nativos, pois ficavam encantados com a magnitude de bens dos europeus em seus navios. Logo, pode-se dizer que esse costume indígena foi de suma importância para o processo de civilização do Brasil, pois foi por sua causa que ocorreu o surgimento da numerosa camada de gente mestiça que efetivamente ocupou o território brasileiro. Com isso, enfatiza o autor, “... Sem a prática do cunhadismo, era impraticável a criação do Brasil.”

Esse ato de mestiçagem não ocorreu somente por parte dos portugueses, pois tiveram também outras nações que invadiram o Brasil naquela época.

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