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Resenha Reivindicação dos direitos da mulher

Por:   •  10/11/2017  •  Resenha  •  5.475 Palavras (22 Páginas)  •  1.173 Visualizações

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RESENHA DO LIVRO "REIVINDICAÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER", DE MARY WOLLSTONECRAFT

                                                                Cristiane Cardoso Brandão¹

                                                                Elza Rodes Pinto Alves dos Santos²

        O livro analisado nesta resenha é uma obra pioneira do feminismo escrita no fim do século XVIII. Mary Wollstonecraft (1759-1797) foi uma intelectual ativista das causas abolicionistas inglesas.

        Reinvindicação dos direitos da mulher foi publicada em resposta à Constituição Francesa de 1791, que não incluía as mulheres na condição de cidadãs, a obra aborda os desdobramentos em toda uma sociedade devido ao   enclausuramento da mulher na vida doméstica e o não acesso à educação formal, tornando-as dependentes do sexo masculino.

        Mary sofreu diversas adversidades durante sua vida, sua infância problemática com o pai violento e em sua vida adulta sofreu preconceitos de moralistas sobre sua vida sexual e afetiva.

        Reivindicação foi revolucionária para sua época, traduzida para vários idiomas, tornou – se um referencial para seguidoras do feminismo contemporâneo e apesar das diferenças de contexto histórico entre as mulheres e o pensamento acerca da igualdade de cada época a luta continua atual.

        Mary em sua obra faz critica explícitas a grandes pensadores como Rousseau que tinha o pensamento que as mulheres deveriam ser educadas para ser companheira dos homens. Mary atribui muito a culpa deste pensamento excludente aos direitos das mulheres, a forma de criação a que elas são submetidas. Logo no início de seu livro, ela critica a forma sensual e extravagante que as mulheres na França, nesse momento especificamente, se comportam.

        Devido ao contexto histórico, em diversos momentos Mary expõe de discursos que para sua época eram revolucionários, mas que analisando o contexto atual em alguns momentos se tornam retrógrados um exemplo disso é quando ela afirma que a educação ás mulheres poderia ser uma ferramenta para a estabilização de uma amizade entre homem e mulher o que poderia ser “algo a mais “ que a penas o desejo que se desgastaria pelo decorrer dos anos. Para as feministas atuais tal argumento poderia ser considerado ofensivo para o discurso feminista atual que prioriza a independência totalitária da mulher, mas retomando o ponto, o contexto deste discurso é levado completamente em consideração.

        Mary afirma precisamente a importância da distribuição igualitária da educação entre os sexos uma frase de seu discurso chama a atenção a este ponto. “Quem fez do homem o juiz exclusivo, se a mulher compartilha com ele o dom da razão?” O comportamento tirano dos pais e esposos que usurpão das mulheres o direito de pensar e debater, até na perspectiva de seu papel doméstico, a mulher entenderia e o realizaria com maior êxito, caso entendesse os motivos e a sua importância ali.

        Na criação dos filhos por exemplo, a maneira fútil a qual as mulheres são submetidas durante sua criação reproduzem em mães irresponsáveis, responsáveis pela formação de outras eternas crianças que no caso de um menino ainda terá a instrução para que possa dominar outro ser mais “frágil” que ele.

        Dentro desta mesma temática da futilidade feminina e nos desdobramentos que tal postura provoca, para Mary a sociedade não leva a mulher a sério por enxerga -lá como uma figura infantil, afinal de contas seu objetivo de vida está concentrado em conseguir um bom casamento e o egoísmo para atingir este objetivo ultrapassa vários limites.

Em um dos trechos do livro Mary aborda uma situação hipotética em que uma mulher depara-se na condição de órfã e seu irmão “age de forma bondosa” a acolhendo, mesmo a mesma tendo os mesmos direitos de patrimônio que ele. Eis que este irmão se casa e a sua recente esposa se ver ameaçada com a presença da cunhada e utiliza- se de suas artimanhas sensuais, a qual foi uma vida inteira “ensinada”, para afastar o “peso” de sua cunhada. Considerando que a criação da mulher tivesse sido embasada no estímulo ao raciocínio e não na vaidade a convivência entre as duas mulheres poderia ser amigável, pois a esposa poderia se compadecer da situação de sua cunhada e ademais a cunhada não seria totalmente dependente do irmão pois poderia utilizar-se de seu raciocínio para se sustentar.

Argumentos refutados constantemente por Mary, durante esta obra, deixam claro o impugno pela objetificação da mulher, uma pauta extremamente presente na atualidade. Muitas propagandas que anteriormente eram costumeiras nos meios de comunicação, vem sofrendo diversas críticas que cada vez mais vão tomando forças e aos poucos o discurso tem sido implantado na sociedade, mesmo sendo tão antigo como visto na obra.

Quando critica Rousseau e seu discurso de que a mulher não deveria nem por um momento, sentir-se independente e que ela deveria ser governada pelo temor de exercitar sua astúcia natural e que deveria se dedicar a ser um objeto sedutor e doce, para que o homem relaxe. Mary diz que se as mulheres são realmente inferiores aos homens a comprovação de tal argumento só se explicitaria caso ambos os sexos fossem criados dentro dos mesmos princípios e os mesmos objetivos.

        A autora nega a existência de virtudes próprias em determinado sexo e foca no discurso em que a figura masculina para se sobrepor, abafa e o modela o pensamento feminino, fazendo com que pareça inferior e diversas vezes inexistente.

        Como dito anteriormente, o discurso, claro, se grande importância de Mary sofre grande influência do cenário e época em que foi criado no trecho a seguir ela destaca que caso houvesse um argumento fundamentado na razão, a submissão feminina seria justificada. “Para tornar- se respeitável, é necessário o exercício do entendimento, pois não há outro fundamento para obter um carácter independente; quero dizer explicitamente que elas devem curvar- se apenas a autoridade da razão, em vez de serem modestas escravas da opinião. “

        A paixão e a vaidade são principais motivos da falta de pensamento crítico e de formação de pensadores sejam eles homens, que se deixam possuir pela luxuria, tanto pelas mulheres que se dedicam a vaidade para atrair esses homens. Essa relação de desejo tem prazo de validade determinado e com este prazo o déficit de um conteúdo empírico que fortaleça a relação, fica evidente.

        Um argumento dos arcaicos machistas é que enfatizar a fragilidade física da mulher como justificativa para sua subjugação, porém Mary em seu discurso crítico a esse argumento indica que para o fruto dos pensamentos isto não é uma característica desfavorável tendo em vista que os grandes pensadores e intelectuais, não ostentavam grandes forças físicas e neste ponto em que a autora mais foca, na questão intelectual da mulher e como isto seria capaz de transformar toda uma sociedade.

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