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Resenha crítica do vídeo: Sou surda e não sabia

Por:   •  16/9/2015  •  Dissertação  •  1.555 Palavras (7 Páginas)  •  556 Visualizações

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Diretoria Acadêmica das Ciências – DIAC
Disciplina: Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS
Professora: Laralis Nunes de Sousa Oliveira






Resenha crítica do vídeo
“Sou surda e não sabia” de Patricia Oliveira





Fátima Izabela Dantas Tavares
Mat.: 20121016010130




Natal, 30 de setembro de 2013.
Sou surda e não sabia. Vídeo de Patricia Oliveira. 1’02:39. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Fl0lXx0WXgs&hd=1 
SKLIAR, Carlos. Uma perspectiva sócio- histórica sobre a psicologia e a educação dos surdos. Porto Alegre, Ed. Mediação, 1997. Pág. 105-153

O vídeo/filme Sou surda e não sabia ,traz o relato verídico de uma surda chamada Sandrine que nos relata desde a sua primeira infância todos os tormentos referentes aos diversos tipos de aprendizagem pelos quais passou no mundo dos ouvintes. Já o texto de SKLIAR (1997) nos traz a tona conceitos de como foi era o processo de educação para os surdos durante os tempos, desde a colonização até os nossos dias, assimilando-se ao relato de Sandrine no filme.
Filha de pais ouvintes, Sandrine, recebeu o diagnóstico médico de surdez um pouco tarde o que facilitou para que ela e os pais estabelecessem uma relação mútua de carinho e afeição. Quando nasceu ainda não existia toda essa aparelhagem moderna para detectar nos recém- nascidopequenos ou grandes desvios auditivos. Ainda bebê, Sandrine, foi levada pelos pais ao médico e após inúmeros testes e exames clínicos recebeu o diagnóstico médico de surdez. Nesta hora, Sandrine nos faz pensar o porquê de querermos diagnosticar tão cedo a surdez nos nossos filhos? Será que a medicina irá nos ensinar a estabelecer a comunicação natural entre pais e filhos? Ou essa proposta em medicalizar a surdez irá reverter a natureza da criança surda? Isso era o que os pais da menina esperavam ouvir e foi a partir daí que o hospital passou a ser como um segundo lar para Sandrine.
A menina Sandrine cresceu sem saber que era surda. Sandrine sentia a festa dos pingos de chuva, o calor da chama que a aquecia, mas não sentia mais aquela relação de afeto que tinha com os pais quando ainda era um bebezinho. Foi se isolando aos poucos pois ela via os pais se comunicarem e achava que falavam mentalmente e começou a tentar enviar mensagens mentais mas percebeu que não eram recebidas. Seus pais insistiam na comunicação oral na comunicação com ela.
Sandrine começou a frequentar a escola integrada. Lá só existia alunos ouvintes e ela foi a única criança surda. Não havia um tratamento diferenciado para ela que não aprendia nada e cada vez mais se sentia isolada do mundo dos ouvintes. Depois da aula ela visitava seus “amigos

adultos”: a fonoaudióloga e a psicóloga. A última ela gostava muito porque brincavam bastante. Ela lembra com bastante sofrimento o uso do primeiro aparelho auditivo, numa tentativa da chamada reabilitação social infantil da surdez. Sandrine percebeu que apesar do aparelho lhe permitir ouvir certos barulhos ela continuava não entendendo as pessoas a sua volta e assim sendo o aparelho passou a ser algo que ela poderia ou não usar. Sentia como se as pessoas a olhasse e só conseguissem ver uma enorme boca tentando falar. E sendo assim durante toda a sua infância ela se viu obrigada a aprender a falar.
Seus pais a colocam em uma nova escola, lá a língua de sinais é proibida e há punições para os que insistirem em usá-la, assim como fala SKLIAR (1997) o objetivo era orientar toda a educação das crianças surdas à aprendizagem da língua oral, como se a capacidade em falar estivesse associada a capacidade cognitiva. Reprimindo os alunos em usar gestos faziam com que a língua de sinais se transforma em um símbolo de repressão física e psicológica. Mas os surdos se comunicam através dela escondidos. Nessa escola, Sandrine descobre seus iguais: outros alunos surdos e consegue se comunicar e percebe que não é mais sozinha. Faz amizades e através delas conhece adultos surdos e percebe que os pais de sua amiga também são surdos e

que a relação entre eles ainda é aquela de amor e carinho mútuos. Sandrine então percebe que um dia também crescerá e que será autônoma assim como eles. Ainda segundo SKLIAR (1997) era assim que a identidade cultural surda surgia, separada por dois termos: deficitária (quando afirmavam que eles não são ouvintes) e a surda ( quando compartilhavam atividades com outros surdos). A identidade surda se construiria através desses dois patamares e se estenderia além da escola mas também pelo lar da criança surda.
Sandrine foi obrigada a falar, mas relata que cresceu em dois mundos diferentes: o da escola dos pais e o da língua de sinais dos seus amigos. Durante a adolescência ela percebeu que precisa da língua de sinais para mostrar e dizer quem é de verdade, uma vez que a linguagem oral a tornava uma pessoa limitada em poucas palavras. Os anos passam e Sandrine cresce e indagada sobre o rumo profissional que pretendia seguir ela diz que quer ser atriz, mas uma pessoa ouvinte a tenta desestimular dizendo que para ser atriz precisa falar que isso para os surdos seria impossível. Mas ela é persistente, e tenta mudar o rótulo de “deficientes” e “incapazes” que a sociedade impõe aos surdos. Um dia ela foi ao teatro e viu surdos e ouvintes usando as duas formas de comunicação, oral e de sinais, e se perguntou por que na

sociedade também não era assim? E isso foi o que a motivou a fazer o que queria. A lutar pela sua identidade social. Ela queria mostrar ao mundo a sua língua pois tinha orgulho dela. Pois o mundo não é dividido em duas esferas, ouvintes e surdos. Ela relata que para poder realizar seus sonhos teve que usar do ativismo para atingir seus objetivos. No final, Sandrine nos questiona se surdos não somos nós que os isolamos e acabamos impondo eles a lutar pela inserção no nosso meio.
Antes de ver esse vídeo e de ter acesso aos textos de Skliar e de tantos outros nunca havia parado para pensar na comunidade surda. Como tantos outros ouvintes eu via os surdos como deficientes e incapazes de realizar atividades corriqueiras que normalmente desempenhamos com facilidade, como ir a uma loja ou conversar normalmente. Tratava os surdos como um individuo estrangeiro que não fala a mesma língua que eu. Mas ao ver o vídeo, descobri o quanto eu estava enganada. E o quanto é difícil para os surdos serem aceitos do jeito que são: impomos a eles se adaptarem a sociedade quando na verdade somos nós que devemos nos adaptar a comunidade surda. Geralmente quando nascemos nossos pais idealizam um futuro para nós. No caso de Sandrine, esse futuro era imposto a ela. Não perguntaram em nenhum momento como ela se sentia em relação a tudo pelo que ela

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