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RESUMO CRÍTICO DO DOCUMENTÁRIO "SOU SURDA E NÃO SABIA"

Por:   •  5/5/2015  •  Resenha  •  1.473 Palavras (6 Páginas)  •  4.722 Visualizações

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União Metropolitana de Ensino e Cultura

Faculdade de Ciências Agrárias e da Saúde

Curso de Psicologia

DALILA SOUSA DE CASTRO

RESUMO CRÍTICO DO DOCUMENTÁRIO "SOU SURDA E NÃO SABIA"

Lauro de Freitas

2015

Dalila Sousa de Castro

RESUMO CRÍTICO DO DOCUMENTÁRIO "SOU SURDA E NÃO SABIA"

 Trabalho apresentado à disciplina LIBRAS, referente à avaliação oficial do primeiro bimestre, do curso de Psicologia, 10º semestre, noturno.

Docente: Alessandra Costa Calixto.

Lauro de Freitas

2015

Estudos apontam que a população em geral apresenta dificuldade em aceitar e acolher as pessoas que possuem alguma diferença. Conforme Berthier (1984) apud NASCIMENTO (2006, p. 257), desde a antiguidade que os surdos eram vistos como um estorvo para a humanidade, onde os sendo levados a sofrer atrocidades pelos espartanos, pois acreditavam que não podiam esperar nada dos surdos e por isto mantê-los vivos seria uma traição.

Ainda conforme o mesmo autor, os surdos na Roma Antiga tinham os seus direitos velados, e para os egípcios e persas eles eram dignos de piedade, pois receberam um castigo dos deuses. Já na religião cristã, foi trazida a dignidade e tentativa de inserção dos surdos na sociedade. A partir da Idade Moderna que houve investimento na educação para os surdos.

No filme Sou Surda e Não Sabia constata-se a dificuldade enfrentada pelos surdos ao buscarem demarcar o seu espaço na sociedade. E a vida social inicia-se no meio familiar. A protagonista do filme, chamada Sandrine, conta toda a sua trajetória, desde quando era bebê até a idade adulta, sendo membro de uma família de ouvintes.

Sandrine mostra como a relação entre ela e os seus pais era próxima, cheia de toques e estímulos. Os pais ao desconfiarem que ela era surda iniciaram uma jornada de consultas com médicos especialistas para diagnosticar se havia algo errado com a menina.

Mesmo assim, a protagonista relatou que ainda havia uma ligação entre ela e os pais. Após ter sido diagnosticada com surdez, percebeu uma drástica mudança na interação entre ela e seus pais, percebendo grande tristeza nos seus genitores. Referiu sentir falta do toque dos pais e da ligação mais próxima com eles, pois antes percebia mais afeto e após o diagnóstico ficou visível o afastamento da sua família por não aceitá-la com a sua diferença, crendo que seria necessário "curá-la".

O comportamento dos pais é afetado indubitavelmente pela visão da classe médica de que a surdez é uma deficiência, uma doença a ser tratada e curada. De acordo com GESSER (2009, p.67), "a surdez é construída na perspectiva do déficit, da falta, da anormalidade. O "normal" é ouvir, o que diverge desse padrão deve ser corrigido, "normalizado"". Logo, há uma busca desesperada por fazer a criança ouvir, olhando pelo prisma da patologização e do preconceito.

É o processo de normalização e homogeneização que gera sofrimento para os surdos, devido ao preconceito e consequentemente o isolamento destes com a família e sociedade. Ao invés disso, os médicos poderiam procurar integrá-los à sociedade, entendendo que existem diferenças a serem superadas na relação do sujeito com a família e sociedade. Quem deveria escolher se deseja ou não fazer implante coclear, utilizar aparelhos auditivos para serem inseridos numa educação oralista é o próprio indivíduo, não o médico ou a família, induzida pelos profissionais da saúde.

Em diversos momentos do filme Sandrine toca neste assunto como sendo o principal. O professor da Sandrine e outros personagens falam de que a surdez não é uma doença, mas sim uma diferença. Skliar (2006) apud GESSER (2009, p. 68) constata que "quando as grandes narrativas recaem em oposições binárias (homem/mulher, branco/negro, jovem/idoso, ouvinte/surdo), o "diferencialismo" passa a existir. Há, portanto, um "multiculturalismo conservador e coorporativo", presentes para não outorgar ou aceitar que os surdos sejam diferentes.

Como foi visto no filme, as crianças surdas comumente vão para escolas oralistas, e lá não têm as suas necessidades de integração e aprendizado atendidas. Além disso, são tratadas como se fossem invisíveis, justamente pela escola não ter preparo para compreender e aceitar a cultura própria dos surdos, que conforme QUADROS (2002) apud GESSER (2009, p. 54), "é um povo visual", traduzindo a sua forma de se relacionar com o mundo de maneira visual.

Assim sendo, o surdo não precisa se oralizar para se integrar à sociedade ouvinte, pois "oralizar é sinônimo de negação da língua dos surdos" (GESSER, 2009, p.50). Oralizar é retroceder ao que foi imposto no Congresso de Milão em 1880, onde ocorreu um movimento eugênico que proibia os surdos de utilizarem a língua de sinais para "salvar" a raça humana.

Em decorrência disso, há o respeito aos surdos, pois lhes é imposto falar mecanicamente com a ajuda de um fonoaudiólogo, e a escutar através do aparelho auditivo que apenas lhes dão acesso a barulhos, que por sinal os incomodam muito (GESSER, 2009, p. 74). A protagonista do filme narrou o mal estar vivenciado por ela ao utilizar o aparelho auditivo, sendo esta reação muito frequente nos surdos quando se submetem ao uso da prótese. Assim sendo, os mesmos são limitados apenas à leitura labial e à reprodução dos sons das palavras, acessando um vocabulário limitado, o que por sua vez limita as suas relações e aprendizado.

Já a língua de sinais lhes permite acessar o mundo através de uma  comunicação mais abrangente, e a interagir de forma natural com as pessoas, uma vez que possui regras gramaticais para expressar ideias abstratas, assim como facilidade para expor situações práticas (GESSER, 2009, P.27). Conforme visto no filme, a língua de sinais é viva, instigante e dá vontade de explorar mais o mundo e o conhecimento, pois torna-se possível por esta via.  

Para Sandrine, os deficientes seriam os ouvintes, pois estes não se esforçavam para compreender e respeitar os surdos. As barreiras sociais que lhes são formadas entre surdos e ouvintes vem da própria maioria ouvinte que busca normatizar ao invés de aceitar as diferenças entre eles. No filme foi mostrada uma escola bilíngue, onde os alunos ouvintes também tinham acesso ao aprendizado da língua de sinais, possibilitando a plena interação entre as crianças ouvintes e as surdas.

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