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Tráfico Humano

Por:   •  2/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  6.155 Palavras (25 Páginas)  •  248 Visualizações

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TRÁFICO HUMANO

JOSÉ ALESSANDRO PEREIRA*

ROSIVONE MENDES PEREIRA*

RESUMO:  

O tráfico de pessoas constitui uma das mais graves violações dos direitos humanos. É uma forma moderna de escravidão em que organizações criminosas compram e vendem pessoas todos os dias, inúmeras vezes ao dia, obtendo um lucro imensurável. Este problema tem raízes históricas. No Brasil colônia, os senhores de engenho compravam escravas da África e as exploravam de todas as formas, inclusive sexualmente. No mundo atual, a desigualdade econômica, o desemprego e a pobreza são os principais fatores determinantes do tráfico de pessoas. Mulheres, crianças e adolescentes saem de seu país com a falsa promessa de encontrar bons empregos com altos salários no exterior ou são iludidas por falsas agências de modelo, falsas propostas de casamento e acabam se tornando escravas sexuais. Pessoas que já exercem a prostituição em seu lugar de origem também são aliciadas e se tornam vítimas do tráfico de pessoas, pois não têm consciência de que serão humilhadas, agredidas e comercializadas como se fossem mercadorias utilizáveis por algumas horas, terão sua liberdade restrita, perderão seus pais, amigos, família e a própria vida. Com esse enfoque, o trabalho tem como objetivo dar visibilidade ao fenômeno, mostrando a dimensão do tráfico de pessoas e sua relação com o crime organizado, o tratamento oferecido às vítimas, como a lei pune a conduta, os tratados internacionais relacionados ao tema, as dificuldades enfrentadas pelas autoridades em combater o delito e a questão dos direitos humanos.

Palavras-chave: Tráfico, Pessoas, Exploração, Direitos Humanos.

                         _______________________

*PEREIRA, José Alessandro – Acadêmico de Direito (4º Termo) - sandrorosepereira@hotmail.com *PEREIRA, Rosivone Mendes Pereira – Acadêmico de Direito (2º Termo)

Sumário: 1. Introdução 2. Antecedentes históricos 3. Fatores originários do tráfico de pessoas 4. Legislação 5. Ordenamento jurídico penal brasileiro 6. Considerações finais 7. Conclusão

  1.  INTRODUÇÃO

                         “Ninguém sensato acredita que escravidão ainda exista nos dias atuais, mas estamos todos enganados. Traficantes de sexo descobriram como é lucrativo comprar e vender pessoas”. A Organização das Nações Unidas (ONU) divulga que uma única pessoa aliciada pode gerar um lucro de até 30 mil dólares para as redes criminosas, fazendo com que o tráfico de pessoas seja a terceira atividade comercial ilícita mais lucrativa do mundo, podendo o lucro anual chegar a 32 bilhões de dólares, perdendo apenas para o tráfico de drogas e para o contrabando de armas.

                          Segundo Pires e Gonçalves (2007), a exploração comercial sexual de pessoas remonta à Grécia Antiga, onde meninas de até cinco anos de idade eram comercializadas como escravas e forçadas a prestar “favores sexuais” aos seus “donos”. Porém, é inaceitável que práticas tão antigas se encontrem em expansão em pleno século XXI.

                          A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que, a cada ano, mais de 2,4 milhões de pessoas são traficadas no mundo, das quais 43% são submetidas à exploração sexual, tema objeto desta pesquisa, 32% à exploração econômica e 25% são traficadas por razões diversas, como transplante de órgãos, adoção ilegal e servidão doméstica.

                          Para defender e garantir os direitos das pessoas violadas sexualmente, foi elaborada no Brasil a Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial – PESTRAF, coordenada pelo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes – CECRIA, principal fonte utilizada para a concretização do presente estudo.

  1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS

2.1 As Raízes da Prostituição e da Exploração Sexual

                          O lenocínio e a prostituição nasceram com a própria sociedade (PIERANGELI, 2007). Fragoso (1965) defende que o lenocínio é atividade acessória ou parasitária da prostituição e seu aparecimento está a ela historicamente ligado. A prostituição é antiqüíssima, todavia, não tinha ela “o sentido promíscuo dado pelos tempos modernos, quando é impulsionada pelo fim de lucro”.

                          Nas sociedades pré-históricas, “a cultura, a religião e a sexualidade eram interligadas, oriundas da mesma fonte na deusa. O sexo era sagrado por definição” (SJÖÖ e MOR apud ROBERTS, 1998). A prostituição religiosa, praticada por comunidades sacerdotais femininas, a chamada prostituição do templo, era largamente difundida na Babilônia, na Armênia, na Caldéia, na Fenícia e no Egito, sendo a renda destinada a fins religiosos (FRAGOSO, 1965).

                          Como as prostitutas exerciam grande poder na sociedade nessa época, os governantes e sacerdotes criaram um código moralista de repressão ao sexo, colocando-o como algo negativo para destituir o poder que elas possuíam. No entanto, a prostituição continuou sendo sagrada, pois “não havia moralidade puritana para estigmatizar as mulheres que decidiam se sustentar vendendo sexo”.

                           A prostituição era uma atividade lucrativa à sociedade, uma vez que o Estado exigia imposto sobre as prostitutas. As escravas dos acampamentos militares, além de serem exploradas sexualmente pelos soldados romanos, também eram obrigadas a trabalhar como cozinheiras, faxineiras e enfermeiras. “Sua única esperança de escapar desta existência miserável era ser comprada por algum oficial que fosse rico o bastante para possuir uma mulher para seus prazeres pessoais”.

                           “A repressão permanente do comércio do sexo era, na prática, uma ficção legal [...] a prostituição continuou a se mostrar impossível de ser detida” Segundo Andrade (2003), o próprio rei francês Luis XV, no século XVIII, aliciava crianças e adolescentes para a exploração sexual, mantendo meninas sob sua tutela em troca de proteção e sustento, aproveitando-se da situação de miserabilidade, exclusão e pobreza de suas famílias.

                           No século XVIII, a prostituição, inclusive a infantil, era comum nas ruas de Londres. A pobreza tornava as crianças da classe trabalhadora vulneráveis a todos os tipos de abusos. “Alguns pais, desesperadamente pobres, mandavam suas próprias filhas para as ruas para se oferecerem”. Em razão da crescente demanda e do preço atribuído às virgens, “era inevitável que as meninas fossem vendidas a cafetões ou a bordéis por seus pais, ou atraídas, seduzidas ou coagidas pelos proxenetas a serem estupradas por homens ricos”.

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