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Macroeconomia

Por:   •  14/11/2015  •  Relatório de pesquisa  •  4.675 Palavras (19 Páginas)  •  202 Visualizações

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Capítulo I – Sobre o Valor

Seção I – O valor de um bem, ou seja, a quantidade de outro bem com o qual se possa trocar, depende da quantidade relativa de trabalho necessário para produzi-lo e não da maior ou menor remuneração auferida por este trabalho.

Ricardo, tomando por referência a obra de Adam Smith, evidencia o valor de uso e o valor de troca das mercadorias. A água e o ar são muito úteis; na verdade, são indispensáveis à existência, contudo geralmente nada se pode obter em troca deles. Pelo contrário, o ouro, embora pouco útil comparado com o ar ou a água, pode ser trocado por uma grande quantidade de outros bens.

Portanto a utilidade não serve de medida de valor de troca, embora lhe seja absolutamente essencial. Se um bem fosse destituído de utilidade – não possuiria valor de troca independentemente da sua escassez ou da quantidade de trabalho necessária para produzi-lo.

Os bens que possuem utilidade vão buscar o valor de troca a duas fontes: à sua escassez e à quantidade de trabalho necessária para a sua obtenção.

Há alguns bens cujo valor é determinado unicamente por sua escassez (obras de arte, livros raros, estátuas). A quantidade de tais bens não pode ser aumentada pelo trabalho, portanto não se pode reduzir o seu valor aumentando a oferta. O seu valor é independentemente da quantidade de trabalho necessário para produzi-los, em contrapartida, varia com as alterações na situação econômica e nos gostos dos que os desejam possuir.

A maior parte dos bens procurados é obtida por meio de trabalho e pode ser multiplicados quase ilimitadamente não só num país, mas em muitos, se estivermos dispostos a utilizar o trabalho necessário para obtê-los.

Nas primeiras fases da sociedade, o valor de troca destes bens, ou seja, a regra que determina a quantidade de um bem a trocar por uma unidade do outro, dependia quase exclusivamente da relação entre as quantidades  de trabalho empregadas em cada um.

Se a quantidade de trabalho emprega da produção de bens determina o seu valor de troca, qualquer aumento dessa quantidade deverá aumentar o valor do bem em que é aplicada, do mesmo modo que qualquer diminuição dessa quantidade deverá diminuir o seu valor.

Como padrão de medida, Adam Smith por vezes fala do trigo, outras do trabalho, não da quantidade de trabalho necessária à produção de um bem, mas antes da quantidade de trabalho que com esse bem se pode obter no mercado. Se isso fosse verdade, se a remuneração do trabalho fosse sempre proporcional ao que ele produz, e a quantidade de trabalho utilizada na produção de um bem e a quantidade de trabalho que esse pode adquirir fossem iguais em ambas poderiam medir com exatidão as variações na outras mercadorias. Mas não são iguais: a primeira é, frequentemente, um padrão invariável que indica corretamente as alterações nas outras coisas; a segunda está sujeita a tantas flutuações como os bens que sem comparam a ela.

Adam Smith, depois de tão habilmente ter mostrado a insuficiência de um medida instável, tal como o ouro e a prata, para determinar as variações no valor das outras coisas, escolheu uma medida não menos instável ao decidir-se pelo trigo ou pelo trabalho.

Sem dúvida que o ouro e a prata estão sujeito a flutuações devido a descoberta de minas novas e mais ricas, mas tais descobertas são raras e os seus efeitos, embora violentos, estão limitados a períodos de relativamente curta duração. Também estão sujeitos a flutuações devidas a aperfeiçoamentos da mão de obra e do equipamento nelas empregado (em consequência dessas melhorias, podem extrair-se maiores quantidades com o mesmo trabalho). Além disso, estão sujeitos a flutuações devido às produções decrescentes das minas depois de, durante séculos, terem sido exploradas para o abastecimento mundial. Mas de qual dessas causas de flutuação o trio está isento?

O seu valor pode variar, por um lado com os melhoramentos nos processos de cultura, com os aperfeiçoamentos nas máquinas assim como descobertas de novas extensões de terra fértil que podem ser cultivadas em outros países. O valor trabalho será igualmente variável ao ser afetado, como todas as outras coisas, não só pela relação entre oferta e demanda, como também com as alterações nos produtos alimentares e outros bens de primeira necessidade nos quais consomem os salários.

Não é correto afirmar que, como Adam Smith observou, o valor do trabalho não varia e que este é o único padrão real e exato por meio do qual se pode calcular o valor de todos os bens em qualquer momento de local. Mas é correto afirmar, assim como Adam Smith havia anteriormente afirmado, que a relação entre as quantidades de trabalho necessárias para a obtenção de diferentes bens parece ser a única circunstância que pode oferecer um critério para a sua troca, ou em outras palavras, que é a proporção entre as quantidades de bens produzidos pelo trabalho que determina o seu valor relativo presente ou passado.

Seção II – Embora o trabalho seja remunerado segundo a sua qualidade, esse fato não pode causar alterações no valor relativo dos bens.

Ao falar do trabalho como fundamento de todo o valor e da sua quantidade relativa como determinante quase exclusivo do valor relativo dos bens, não se deve supor que não considero as diferentes categorias de trabalho e a dificuldade em comparar o trabalho de uma hora ou de um dia empregados numa tarefa com o mesmo lapso de aplicado em outra. O valor conferido às diferentes categorias de trabalho é rapidamente acertado no mercado e depende da relativa destreza do trabalhador e quantidade de trabalho executado. Ao comparar o valor de um bem em diferentes períodos de tempo, é quase desnecessário tomar em consideração a relativa habilidade e intensidade de trabalho requerida por esse bem, porque elas estão igualmente presente em ambos os períodos.

Podemos razoavelmente concluir que qualquer que tenha sido a desigualdade original entre elas, independentemente da maior ou menor habilidade, perícia ou tempo necessário para a aquisição de uma particular categoria de especialização manual, estas permanecem quase invariáveis ou, pelo menos, a variação é insignificante de ano para ano e, portanto, tem pouca influência no valor relativo dos bens, em períodos curtos.

Seção III – O valor dos bens não tem somente origem no trabalho diretamente neles aplicado, mas também no trabalho que foi empregado nos utensílios, ferramentas e edifícios que com ele colaboram.

Mesmo no estado primitivo da sociedade (como Adam Smith se refere) seria necessário algum capital para o caçador matar os animais embora seja possível que esse capital fosse feito e acumulado por ele, portando o valor desses animais seria calculado não só em consideração ao tempo e trabalho necessários à sua captura, mas também ao tempo e trabalho necessários para obter o capital do caçador, a arma, por meio do qual se efetua sua captura. Suponhamos que a arma necessária para matar o castor seja fabricada com muito mais trabalho do que a necessária para matar o veado, em razão da maior dificuldade em chegar perto do primeiro animal e da consequente necessidade dela ser mais aperfeiçoada: um castor teria naturalmente mais valor do que dois veados, precisamente por esta razão, isto é, no total era necessário mais trabalho para caçá-lo.

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