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Resumo do capítulo 7 do livro Extrativismo, desapropriação e crise climática

Por:   •  11/12/2018  •  Resenha  •  1.206 Palavras (5 Páginas)  •  270 Visualizações

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Livro: Extrativismo, desapropriação e crise climática

Capítulo 7: O agronegócio: da república de soja aos desertos verdes

Poucos anos depois da Segunda Guerra Mundial, Josué de Castro publica (em 1951) sua obra “Geopolítica da fome. Ensaio sobre os problemas da alimentação e da população”, onde ele analisa as causas naturais, as razões sociais e as relações de poder subjacentes ao sofrimento e fome de milhões de pessoas no mundo. Para isso, o autor analisa as relações histórico-estruturais entre este fenômeno e as duas primeiras revoluções agrícolas que aconteceram durante a expansão capitalista industrial europeia. Outro fenômeno analisado foi a ida de pessoas à chamada “periferia”, o que, de acordo com Josué Castro, teria acontecido devido ao colonialismo e à forma com que se deu. Assim, os argumentos defendidos pelo autor simbolizariam uma pioneira perspectiva ecológica no debate acerca do período histórico de pós-guerra.

Essa perspectiva mais “ambientalista” começou a ganhar cada vez mais importância no âmbito internacional, ainda mais com o aumento da hegemonia dos EUA devido ao pós-guerra, que saíam vitoriosos da guerra devido a um excedente agrícola e alimentício.

A resposta inicial ao problema da fome foi a exportação de excedente de alimento nos EUA durante as duas primeiras décadas depois do fim da guerra. E assim, pouco a pouco, as duas maiores preocupações internacionais passaram a ser a questão da fome no pós-guerra e a luta anticomunista. Desta maneira, para resolver o problema da fome generalizada pós Segunda GM, foi formulada uma nova racionalidade técnico-científica.

E foi assim que começou a ser difundida a chamada “Revolução Verde”, que consistiu em uma transformação técnico-produtiva cujo objetivo foi incrementar a produção agrícola através de mecanismos e manipulações técnico-científicas (como a criação de sementes feitas em laboratório, melhores técnicas de irrigação, fertilizantes e pesticidas). Assim, a Revolução Verde buscou despolitizar o debate sobre a fome enfatizando o caráter técnico do problema.

Em meados dos anos 70 e início dos anos 80, deu-se início à segunda fase da Revolução Verde, caracterizada pelo desenvolvimento e pela difusão da biotecnologia, o que deu continuidade às transformações das políticas agrícolas e alimentícias. E isso também se reflete no estreito vínculo que existe entre a expansão de fronteiras agrícolas e concentração de terras em escala global, como também no barateamento e flexibilização do custo da mão de trabalhar nos mercados de trabalho agrícola.

A Segunda Revolução Verde representa um desafio. A generalização de um modo de produção de conhecimento desenvolvido em laboratórios sofisticados prospera na mão da apropriação privada transnacional do conhecimento). Isso aumenta a dependência de pequenos agricultores e agricultura familiar, expropriando e comercializando conhecimentos agrícolas e forçando-os a adotar um padrão produtivo voltado à mercantilização e à venda do produto (semente) e não à comida daqueles que produzem.

Entretanto, a utilização da biotecnologia como solução única para o problema alimentício reduz a questão a um problema de racionalidade e expertise técnica, ocultando assim algumas relações de dominação políticas, sociais, econômicas e culturais subjacentes a estes processos.

Assim, favorecidos pela expansão da fronteira agrícola associada aos cultivos de transgênicos e pelas reformas neoliberais, e estimulados pela recuperação dos preços de diversos commodities produzidos na região, os setores agrícola e agroindustrial incrementaram suas exportações e desempenharam um papel importante no ciclo de recuperação econômica que marcou os países latino-americanos a partir de 2003. E a evolução de muitos dos indicadores da época (como o próprio PIB dos países da América do Sul, foi influenciada pelo processo de “modernização” tecnológica agrícola liderado pelos setores do agronegócio, que permitiram um notável incremento dos volumes produzidos. Fizeram parte desse processo:

  • Transnacionalização do mercado de insumos
  • A difusão do parque tecnológico transgênico
  • Concentração de mercado, estimulada por acordos com os produtores que continham cláusulas de exclusividade para os produtos das diferentes firmas transgênicas

Outro fator que contribuiu para a consolidação desse parque biotecnológico foi a venda das sementes em circuitos informais não fiscalizados. Esta prática facilitou o acesso dos produtores (em particular na Argentina) à soja geneticamente modificada ao mesmo preço que a soja convencional.

Essas dinâmicas acentuaram a dependência dos agricultores com as firmas provedoras de insumos e diminuiu a margem de autonomia dos mesmos agricultores sobre suas exportações.

Além disso, foi importante:

  • Incorporação de uma nova maquinaria agrícola e de mecanismos computacionais de controle das zonas produtivas, permitindo incrementar os níveis de produtividade.
  • Aumento dos preços das commodities na última década e o aumento da demanda no mercado internacional, o que estimulou a ampliação da produção, contribuindo com a retração da agricultura familiar em pequena escala e com a difusão da agricultura comercial em larga escala.

Argentina e Brasil destacam-se no contexto sul-americano como duas experiências paradigmáticas de promoção de políticas públicas estatais orientadas ao desenvolvimento do agronegócio e da agricultura transgênica.

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