A RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO “O DILEMA DAS REDES”

RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO
“O DILEMA DAS REDES”

“Se você não paga pelo produto, você é o produto.” Esta frase é dita no documentário O Dilema das Redes e traz a reflexão sobre quantas vezes as pessoas consomem produtos pelos quais não é cobrado nada, sem perceber que na verdade, o produto são elas. Trabalhando questões de importante reflexão diante do avanço exponencial da tecnologia e a quantidade de plataformas online que vem ocupando espaço não somente nos dispositivos eletrônicos, mas também na vida das pessoas.

Através do relato e análise de ex-funcionários de big techs e a ilustração de uma família com problemas relacionados ao uso de redes sociais, o tema é trabalho de forma didática e coesa, facilitando a compreensão e o acompanhamento dos temas.

A tecnologia persuasiva é uma das estratégias que, de acordo com os entrevistados, tem investido cada vez mais em inovar. Formas de manter a atenção, fazer com que os usuários fiquem cada vez mais tempo online, consumindo conteúdos e propagandas. Enquanto permanece online, os usuários ficam suscetíveis a ser sugestionados a mudanças de comportamento, ao fornecimento de informações que servirão para criar previsões cada vez mais precisas de como serão as ações.

Em paralelo a isso, as big techs, diferente do que já foi bastante questionado, não vendem os dados dos usuários, mas sim, utilizam essas informações e previsões das ações dos usuários, de forma que conseguem vender para as empresas interessadas em fazer propagandas nessas plataformas públicos específicos, de acordo com qualquer parâmetro, o chamado Capitalismo de vigilância. Essas plataformas conseguem obter informações muito precisas sobre as pessoas, seus hábitos, seus medos, seus anseios, tudo através de elementos que são disponibilizados de forma voluntária, mas talvez não conscientes.  

Além de assuntos como o vício nessas aplicações, existe uma grande preocupação com o uso dessas plataformas para a divulgação de fake news no contexto geral, porém, principalmente no uso delas com intenções políticas, como nos casos das eleições do Brasil (ainda sendo investigado), interferência Russa nas eleições dos EUA e o caso de Myanmar, onde o Facebook é usado como meio de comunicação com ampla difusão de notícias falsas.

Pelo que é mostrado, não há uma real preocupação das empresas com essas questões. É um sistema tendencioso que propaga informações falsas, porque é mais lucrativo para as empresas, que lucram com a desinformação. Isso se deve ao modelo de negócio focado na lucratividade, com metas de engajamento, crescimento e propagandas. Aliado a isso, há também a falta de regulamentações focadas nos usuários, uma vez que as que existem beneficiam as empresas.

O Dilema das Redes é um documentário necessário, principalmente neste momento de pandemia em que a tecnologia surge como ponte, unindo as pessoas, conectando, mantendo as relações, sejam elas pessoais, acadêmicas ou de trabalho. Ao mesmo passo em que ela mostra também a face que revela quão perigoso pode ser o uso quando utilizada com más intenções. Cabe agora avaliar as mudanças possíveis e formas de fazer com que os responsáveis pelas big techs, que possam alinhar os objetivos das empresas, com o que os usuários estão realmente dispostos a oferecer e que isso seja conscientemente acordado.