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A História das Relações Internacionais - Estudo Dirigido

Por:   •  21/5/2019  •  Relatório de pesquisa  •  2.627 Palavras (11 Páginas)  •  178 Visualizações

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Julio Werle Berwaldt                 201511004                 04/07/2016

Estudo dirigido II – História das Relações Internacionais II

1 – Segundo Kennedy (1989, p. 209), a Alemanha surgiu no centro do velho sistema de estados europeu, exercendo influência direta sobre os estados vizinhos, Áustria-Hungria e França, e modificando a posição relativa na balança de poder de todas as potências europeias da época. Essa expansão foi fruto da grandeza da administração de Bismarck, que pavimentou o caminho para a ascensão do poderio germânico, mas empreendeu um esforço gigantesco a fim de convencer as demais potências, sobretudo Rússia e Grã-Bretanha, de que a Alemanha não tinha maiores ambições territoriais. Após a morte de Bismarck, seu sucessor, o Kaiser Guilherme II, tomado por um sentimento de demonstração de poder e busca de status quo, adotou uma política expansionista, buscando o aumento da influência alemã na Europa e além-mar, com o discurso semelhante ao imperialismo das velhas potências. No entanto, a administração alemã escondia graves falhas institucionais, com a falta de um órgão que ordenasse as prioridades do estado, potencializada pela mediocridade de Guilherme II. A Weltpolitik era uma tentativa de afastar o foco da instabilidade da política interna alemã. Frente à postura imperialista alemã, a França, rica em capital móvel, capaz de servir aos interesses da diplomacia estatal, e sempre temente à existência de um estado forte em suas fronteiras, aliou-se à Rússia czarista, buscando implementar um sistema ferroviário nas províncias polonesas, a fim de acelerar uma eventual mobilização do exército russo em caso de guerra com a Alemanha. Em represália à aliança franco-russa, que cerceava as fronteiras do estado alemão, foi elaborado o Plano Schlieffen, que, segundo Clark (2014, parte II, seção 6), era uma estratégia de contenção do Exército Russo à leste até a resolução do combate contra os franceses na frente ocidental.

2 – Nye (2002, p.90) distingue três tipos de causalidade a fim de embasar sua afirmação de que a Primeira Guerra Mundial era inevitável. As causas profundas do conflito podem ser observadas nas mudanças do equilíbrio de poder decorrentes da política e do crescimento do poder alemão, do desenvolvimento de um sistema de alianças bipolar, da emergência de sentimentos nacionalistas na Europa e da resultante destruição de dois impérios em declínio, o Império Austro-Húngaro e o Império Otomano. As causas intermediárias são observáveis na diplomacia alemã e nos temperamentos e comportamentos dos líderes das grandes potências. Já a causa precipitante, o estopim da guerra, foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo. A partir da causa precipitante é que o conflito se tornou inevitável, portanto, Nye enfatiza que a Primeira Guerra Mundial era provável, mas não inevitável, tendo sua existência diretamente ligada às escolhas humanas.

3 – Como em muitos fenômenos históricos, na Primeira Guerra Mundial é impossível isolar uma causa que explique a razão do conflito, mas pode-se dividir a questão em níveis de análise. Segundo Nye (2002, p.83), no nível do sistema, analisando a estrutura, podem-se identificar dos elementos fundamentais: o crescimento do poder alemão e a diminuição da flexibilidade no sistema de alianças. A mudança para um equilíbrio bilateral de poder alterou o processo pelo qual o sistema havia funcionado no século XIX, o grande período de paz gerou a frustração dos líderes frente aos acertos diplomáticos e a diplomacia desastrada do Kaiser Guilherme II gerou hostilidade nas demais potências. No nível interno, avaliam-se a política e a sociedade dentro dos estados, destacando a decadência dos impérios Austro-Húngaro e Turco Otomano, que fomentou disputas territoriais. Ainda no nível social e político, a governança alemã apresentava uma fraca integração interna, sem instituições regulatórias e priorização de objetivos internos. Quanto ao nível dos indivíduos, Nye classifica-os como medíocres, de personalidades fracas, fortemente influenciados por terceiros e desprovidos de habilidades políticas.

4 – Woodrow Wilson foi o primeiro expoente do pensamento liberal dentro das Relações Internacionais. Kissinger (1999, p. 237), faz uma comparação dos ideais de Wilson com os diplomatas europeus, onde o maior contraste de doutrinas estava na autodeterminação dos povos, visto que, na história europeia, as fronteiras sempre eram ajustadas a fim de obter equilíbrio de poder e preservar a ordem internacional. Wilson afirmava que a inexistência de autodeterminação era a causa das guerras, juntamente com a tentativa de obter um equilíbrio de poder. Para ele, a segurança do mundo não exigia a defesa dos interesses nacionais, mas sim a paz como um conceito legal. Os 14 pontos que Wilson elencou em 8 de janeiro de 1918 buscavam, sobretudo, a diplomacia aberta, a liberdade dos mares, o desarmamento geral, a remoção de barreiras comerciais, o acerto imparcial de reivindicações coloniais, a restauração da Bélgica, a evacuação do território Russo e a Liga das Nações, a fim de colocar o poder a serviço da paz.

No entanto, grande parte da tragédia de Wilson se manifesta no desespero dos aliados para que os EUA se juntassem aos aliados ao fim da guerra, visto que a saída russa aumentara ainda mais o medo de uma vitória alemã. Após o armistício, os aliados expressaram suas ressalvas: A França, que lutara por sua existência, agora lutava por sua identidade, enfrentando a indiferença britânica, minando as possibilidades de diálogo franco-americanas. Além disso, a não ratificação do Tratado de Versalhes e a recusa dos EUA em entrar na Liga das nações impossibilitaram a existência desta como um organismo capaz de fiscalizar e zelar pela paz.

5 – Segundo Kissinger (1999, p. 231), a política de bom cumprimento correspondia a uma inversão da antiga política alemã e ao abandono da guerrilha diplomática contra o Tratado de Versalhes. Stresemann, percebendo que precisava da ajuda britânica para se libertar das mais onerosas sanções pós-guerra, tirou proveito do desconforto entre Grã-Bretanha e França a fim de conseguir empréstimos para recuperar a força econômica alemã e, em seu discurso oficial, poder pagar as indenizações de Guerra. Stresemann explorou as vantagens geopolíticas que o Tratado de Versalhes conferia à Alemanha e o medo britânico de um colapso alemão ante a França e o bolchevismo soviético.

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