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O uso da língua portuguesa após a independência de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

Por:   •  26/9/2018  •  Artigo  •  2.123 Palavras (9 Páginas)  •  255 Visualizações

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LUSOFONIA

O uso da língua portuguesa após a independência de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

2018


INTRODUÇÃO

Este artigo tem por finalidade analisar o pós-colonialismo lusófono, e os aspectos que levaram Cabo Verde e São Tomé e Príncipe a definir como oficial a língua portuguesa. O artigo analisa desde a colonização até a independência desses países, bem como o processo de evolução e escolha da língua oficial.

A partir de estudos e análise de autores como Frantz Fannon, Amílcar Cabral e Baltasar Lopes,será possível chegar a uma resposta de como se deuesse processo de escolha da língua no ato da independência e as marcas deixadas pela colonização.

A lusofonia é definida como um conjunto de países que falam o português, mas durante anos de estudo osentido da palavra torna-se mais amplo passa a abordar um conjunto de significados, apontam a ideologia política, as relações, interesses e as identidades culturais de cada povo.

Através do contexto histórico uma pergunta que ecoa há anos é: Porque os países como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, ao adquirirem sua independência optaram por usar o português como língua oficial, mas ainda assim usam localmente o Crioulo que é a sua língua materna? Para entender o porquê de o português ser a língua oficial de Cabo Verde e São Tomé Príncipe. O artigo explicará o conceito da lusofonia, como foram feitas as mudanças com o passar dos anos, e ajudará a compreender que apesar da sua língua nativa ser o crioulo, Cabo Verde e São Tomé Príncipe usam o português como sua língua oficial, além dos motivos que os levaram a tomar essa decisão. Esta análise é feita a partir de conteúdos bibliográficos baseado nos principais estudos publicados em livros como O Pensamento Africano no século XX e artigos científicos referentesao colonialismo lusófono nos países Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

  1. Lusofonia

No entender de Cristóvão (2005), doutor em filologia românica, o conceito de lusofonia resulta da conjugação de duas palavras:

Uma que se reporta a Luso sinónimo de lusitano/Lusitânia, ou seja, português/Portugal; e fonia que provém do grego e se refere à língua oral.
A lusofonia é um termo que abrange vários significados, segundo Faraco (2012), doutor em linguística, o termo é relacionado ao conjunto de países falantes de português. Mas é também o nome de diferentes projetos políticos, de diferentes planos estratégicos de geopolítica que englobaminteresses diferentes. Ainda afirma que otermo é muito forte em Portugal e pouco no Brasil e é visto, em geral, com desconfiança nos demais países em que o português é língua oficial.  Nesse sentido, afirma Inocência Mata (2004), doutoraem estudos pós-coloniais, quando diz: “De cunho e causa portugueses, os africanos oscilam entre sua aceitação e a sua recusa, enquanto entre os brasileiros o termo [lusofonia] não tem história”.

A lusofonia se relaciona, segundo Freixo (2009), ao momento em que Portugal busca se inserir novamente no cenário internacional pós-guerra Fria, não só pelo seu ingresso na então Comunidade Europeia, mas também pela reaproximação com as ex-colônias africanas, após as guerras de independência. Portanto, já que originado dos interesses políticos de Portugal, o alicerce simbólico da lusofonia é, segundo Freixo, desprovido de sentido para os demais participantes da Comunidade.

Para Galiato (2012), doutor em ciências políticas e relações internacionais, na lusofonia pode haver espaço para explorar as potencialidades do português enquanto língua de trabalho, por este render e ser bom para o negócio, por ser útil no emprego, no comércio, na indústria, na comunicação entre fornecedores, distribuidores e clientes, conclui:

Neste sentido, a cultura tenta impulsionar a economia, para que a economia possa patrocinar a cultura; para que esta não dependa exclusivamente do mecenato e do voluntariado; e a lusofonia passa a ser uma forma de poder capaz de gerar riqueza para os seus 200 milhões de falantes. (Galiato, 2012)

  1. Marcas do Colonialismo

A construção histórica de países colonizados na maioria das vezes não é estruturada por seus nativos,o que fica de conhecido deriva dos colonizadores. O colonialismo contado pelo ponto de vista do colonizador, não mostra o impacto causado naquele território tomado. Para o colonizado o período em que ocorre a colonização é um período de perda de identidade e expressão, ficam alienados com a imposição colonial. A força do colonizador anula toda a liberdade desse povo, eles não esquecem quem são, mas ficam escondidos atrás da imposição de uma cultura.( Albert Memmi, 1977; Fannon, 1980) Uma reflexão de Fannon mostra como fica a questão cultural desse povo:

Essa cultura, outrora viva e aberta ao futuro, fecha-se, aprisionada no estatuto colonial, estrangulada pela canga da opressão. Presente e simultaneamente mumificada, depõe contra seus membros. Com efeito, define-os sem apelo. A mumificação cultural leva a uma mumificação do pensamento individual (Fannon, 1980).

Mas para entender todo esse processo de conquista de identidade, as escolhas feitas por esses países, como funcionou o ponto de partida rumo à independência, é necessário entender o processo de colonização. É importante quebrar essa imagem do colonizador como o salvador de um povo visto como subdesenvolvido. Como diz Memmi “Desfeita a imagem convencional do colonialista pioneiro generoso, humanista e filantropo, evangelizador dos incrédulos, etc.” (Albert Memmi, 1977) Temos um país com sua própria cultura e sua própria forma de viver em sociedade, aos olhos do conquistador do território não é uma forma correta, e por conta de seus interesses maiores, acaba invadindo e tomando o poder. Roland Corbisier quando escreve o prefácio do livro de Albert Memmi ilustra bem como isso de fato ocorre:

“Embora representem insignificante minoria em relação à população do país conquistado os colonizadores trazem com eles a superioridade cientifica e tecnológica, econômica e cultural, que lhes proporciona as condições de domínio e controle do país submetido”.  (Roland Corbisier,1967)

A tomada de um território é cercada de violência, muitas vezes exterminam o povo e quando a população é maior que a do colonizador usam do poder militar para o domínio completo dessa terra. O interesse pela exploração dos territórios ricos em recursos naturais é um dos maiores motivadores. Passando então o povo nativo a ser escravizado para a produção de seus produtos na sua terra então roubada.

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