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Resenha Crítica do Texto: Raça Pura: uma história da eugenia no Brasil e no mundo.

Por:   •  17/2/2022  •  Resenha  •  1.182 Palavras (5 Páginas)  •  290 Visualizações

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Ana Clara Alves Pedrosa -12021RIT041

Resenha crítica do texto: Raça Pura: uma história da eugenia no Brasil e no mundo.

O texto a ser analisado nesta resenha foi escrito por Pietra Diwan , mestre em História  pela PUC-SP, fez curso de especialização em Ciência, Tecnologia e Sociedade na Universidade de Granada. Foi editora assistente da Revista História Viva, tendo publicado, na edição n. 29 desta revista, o artigo ``Eugenia, a biologia como farsa``. A autora é uma historiadora e pesquisadora sobre o tema da eugenia e atualmente desenvolve pesquisa sobre  as concepções de beleza e saúde na eugenia norte-americana e sua influência no Brasil. Tomando como ponto de partida um passado colonial brasileiro em que os europeus se consideravam superiores aos povos nativos, sendo classificados como raça impura, impondo a eles uma prática voltada à catequização com intuito de adequá-los à religião cristã e estruturando uma sociedade em que são completamente subordinados. Essa prática foi pautada pela segregação que resultou no processo de colonização brasileiro do ponto de vista racial no século XV. Diante desse cenário de hierarquização das raças a autora desenvolve em sua obra “Raça Pura: uma história da eugenia no Brasil e no mundo” a questão da Eugenia e de que forma ela é retratada numa sociedade pautada pela segregação racial.

Nesse sentido, a autora salienta ao decorrer do livro  a definição de Eugenia como sendo uma forma de purificação da raça, por meio da exemplificação de um ser  mais adaptado que supera o menos apto no meio em que está inserido, por meio de um suposto aprimoramento genético. Para melhor exemplificar esse conceito, a historiadora aponta a situação da Inglaterra do século XIX, que esteve ligada aos proletários das fábricas, os quais serviam por longas jornadas de trabalho para, em troca, receber um salário injusto e insuficiente. Por meio desse exemplo, a autora esclarece que essa segregação da sociedade proletária está diretamente ligada à Eugenia, já que essa parcela não era considerada “população inglesa’’, ao passo que a classe burguesa era, por sua vez, a classe mais adaptada ao meio social vigente à época.

Partindo desta perspetiva sobre a Eugenia, há um viés de segregação entre classe e raça, salientando que o antagonismo entre o mais forte e o mais fraco está presente no pensamento do contratualista Thomas Hobbes. Diante disso, o pensador definiria esse embate, como um conflito dos indivíduos no estado de natureza, de “guerra de todos contra todos”. Dessa forma, após uma análise dessa sociedade que está em eterno conflito, Hobbes chega a propor uma organização da sociedade civil. Tal qual passaria a existir por meio da elaboração de um contrato social, irreversível e inalienável, cujo poder estava concentrado nas mãos de um soberano. A partir dessa análise, a concentração de poder estaria relacionada à uma prática de Eugenia, onde uma população submissa ao seu soberano, segregaria àqueles que não o seguiam.

No intuito de conquistar um suporte social foram criadas  práticas assistencialistas, ações duramente criticadas como sendo medidas de boicote à seleção natural visto que quem necessitava delas seriam considerados um fardo social, contrariando assim as políticas eugenistas do antropólogo inglês, como escrito no texto da autora: “No Congresso de Demografia, realizado em Londres em 1891, Galton reiterou a necessidade de melhorar a raça, principalmente nas colónias africanas e nos países tropicais, tendo em vista a observação e a fertilidade das classes e raças mais bem dotadas.”(DIWAN; 2007; p.44).

Segundo a autora,perceber a complexidade da teoria eugênica, que se autodenominava científica, exige que se leve em consideração as conquistas da filosofia e da ciência, que ocorreram a partir do Renascimento e que tornara a natureza um campo de conhecimento do homem e seu funcionamento um conjunto de regras e teorias. A sua origem, entretanto, só pode ser localizada no século XIX, com a afirmação da sociedade burguesa, com o advento do conhecimento biológico e o controle deste saber na vida social. O avanço da fisiologia, a descoberta da microbiologia e o surgimento do evolucionismo foram novidades importantes que ocorreram no campo da biologia e que explicariam o surgimento da teoria eugênica.

São indiscutíveis o autoritarismo das práticas eugênicas que foram levadas à risca, assim como as palavras afetadas de muitos médicos brasileiros que se auto-representavam como os detentores do saber essencial para a “cura” da nação. Mas há situações em que admiradores de determinadas idéias científicas não se encaixam no perfil que algumas pesquisas historiográficas definiram. Pietra Diwan retratou os eugenistas brasileiros – médicos ou intelectuais que demonstraram alguma simpatia por tais idéias – como aqueles que visavam à limpeza do país, através do “branqueamento pelo cruzamento, o controle de imigração, a regulação dos casamentos, o segregacionismo e a esterilização”.(DIWAN; 2007; p.92).

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